Por João Satt, Estrategista da SUN b|b, CEO do G5
A queda da taxa Selic traz um componente emocional que faz diferença à maior parte da população e, de uma forma mais lenta, aos negócios. Soa como algo assim: “as coisas já começam a melhorar!”. Os “sinais fracos”, quando detectados pela sociedade, se transformam em potentes motivadores. Todos os setores e segmentos precisam de estímulos; não estou necessariamente falando de incentivos fiscais, e sim da sua vontade, seus sócios e executivos voltarem a perceber um Brasil que sinaliza oportunidades de empreendedorismo e desenvolvimento.
A classe média brasileira, motor da economia do país, tem um papel decisivo nesse imenso e complexo tabuleiro de xadrez. Ao longo da vida, dediquei boa parte do meu tempo para estudar, observar, assim como participar de várias pesquisas e desenvolvimento de projetos estratégicos focados na classe média. Sempre defendi que a expressão “maioria” representa e dignifica essa classe de sobreviventes, que sonha de olhos abertos com um futuro mais promissor do que o seu presente. Isso me oportunizou intimidade com o comportamento dessas pessoas, que vivem entre dois atos: a recorrente sedução das marcas e a necessidade de poupar.
Para boa parte da classe média a moeda não é o real, o dólar ou o euro, e sim o prazo. Logo, juros representam a diferença entre acelerar e travar.
Motivo raiz: a classe média não é autossustentável, depende da segurança da manutenção do salário. O que, por sua vez, está atrelada ao bom desempenho e humor da economia. Se o país produz desenvolvimento, cresce o PIB, consequentemente gera novos empregos, além de manter os atuais. A queda da taxa de juros, mesmo que ainda tímida, anima empresários e, em especial, a classe média.
Seremos uma sociedade mais segura, feliz e promissora se tivermos uma melhor distribuição de renda, possibilitando que a roda da economia gire com maior velocidade. Investidores internacionais voltam a acreditar no nosso Brasil. A saída para resgatar o “Brasil que tem futuro” será sintetizada na união das diferentes correntes políticas para construirmos o país que merecemos. A qualidade de vida que a sociedade brasileira vier a usufruir amanhã depende de todos nós. A exaustão dos modelos de negócios é uma realidade, presente na maior parte dos setores e segmentos de negócios; logo, é muita miopia querer acusar a classe política como única responsável pela sua queda de vendas. Se você olhar um pouco acima da multidão, constatará que tem empresas crescendo dois dígitos ao ano, navegando em mares azuis, enquanto você insiste em ter o sucesso de hoje com as armas de ontem.
A emoção é o que move o humor da maioria, tanto para cima quanto para baixo. Os brasileiros são amadurecidos pela dor, e motivados pela esperança. O varejo, em breve, começará a ter mais fluxo de pessoas e conversão de vendas. As indústrias resgatarão seus históricos padrões de produção e vendas. Os mais céticos dirão: “qual é a mágica, afinal, a redução da Selic foi mínima!”. Vem comigo e pensa: o consumo vem travado há um bom tempo, em boa parte as dívidas foram pagas, já existe poupança disponível na conta. O próximo passo é a volta às compras. Bons ventos resgatarão a confiança; a esperança é a base do novo tempo.