Como as enchentes afetaram as agências de publicidade do Rio Grande do Sul?
Pesquisa feita pelo Sinapro-RS com agências do estado aponta que 69% das agências já enfrentam prejuízos financeiros em decorrência da catástrofe climática
A maior catástrofe climática já registrada no Rio Grande do Sul, que deixou 175 mortos, mais de 600 mil desabrigados e afetou, de diferentes formas, mais de 90% dos municípios do estado, deixou, além de graves problemas sociais, consequências econômicas.
Para tentar dimensionar os primeiros efeitos da catástrofe para o mercado publicitário do Rio Grande do Sul, o Sistema Nacional das Agências de Propaganda do estado (Sinapro-RS) realizou uma edição especial da pesquisa VanPro.
O levantamento foi elaborado a partir de entrevistas com 26 agências de publicidade que atuam no Rio Grande do Sul, no período de 16 a 24 de maio, com a proposta de entender como as enchentes e seus desdobramentos afetaram os negócios e o ambiente empresarial.
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Os efeitos das enchentes para as agências do RS
Por meio da sondagem emergencial, feita pelo método VanPro, usado pelo Sinapro para avaliar o mercado de publicidade nacional, o Sinapro-RS apurou que 69% dessas agências já sentiram os prejuízos financeiros causados pela catástrofe climática.
Desse grupo, 21% perderam até 10% de receita; 31% perderam entre 10% e 20% de sua receita e 17% perderam mais de 20% de sua receita.
Além das questões financeiras, já de imediato as agências de publicidade do Rio Grande do Sul, como todos os demais segmentos econômicos, apontaram impactos pessoais em razão das enchentes: 42% das agências do estado tiveram parte de sua equipe afastada, seja por questões envolvendo diretamente questões de saúde física, enquanto 31% registraram afastamento de equipe por problemas de saúde mental.
De forma geral, 54% das agências de publicidade afirmaram ter tido parte de seu quadro de funcionários afetada, de alguma maneira, pela crise. E 73% dessas empresas tiveram parte da equipe diretamente afetada por perdas pessoais ou materiais.
O Sinapro-RS também questionou as agências a respeito dos impactos percebidos entre os clientes de suas operações. Nesse aspecto, 92% delas afirmaram que pelo menos um cliente foi impactado pelas enchentes.
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Esses problemas, logicamente, trazem consequências em termos de negócios. Cerca de 65% das agências consultadas disseram já ter recebido contatos de clientes para renegociar os contratos de trabalho e quase um terço das agências que compõem a pesquisa tiveram interrupções de contratos por parte dos clientes.
O futuro das agências de publicidade do Rio Grande do Sul
Em comunicado, Juliano Hennemann, presidente do Sinapro-RS, afirma que os dados colhidos mostram que o impacto da catástrofe foi generalizado na indústria criativa do estado, com uma pequena fração de empresas do setor ainda sem ter seus negócios impactados.
“As perdas de receita chamam bastante a atenção, sendo que parte dessa perda foi imediata e muitos sinalizam que terão redução ainda nos próximos seis meses”, diz o presidente da entidade.
A respeito de projeções para o futuro, o cenário não é otimista: 85% dos donos de agências de publicidade admitem que esperam perder receitas nos próximos meses. Desse total, 35% avaliam que perderão até 10% do faturamento; 19% esperam perder entre 10% e 20%; já 23% dos empresários estimam que perderão entre 20% e 30% enquanto 8% acreditam que irão perder entre 30% e 50% de sua receita total.
O otimista e o Rio Grande do Sul
Um breve relato que poderia ser apenas uma placa com: eu acredito.
O Rio Grande do Sul é o melhor lugar para se investir neste momento.
Sim, é isso mesmo. Discordando ou concordando, tenho certeza que ao começar um texto com uma afirmação dessas, muitos farão a pergunta: quando ele escreveu isso? Pois bem, estou em Porto Alegre, em uma sala na qual os olhos ficam ao alcance de uma janela por onde se vê o Guaíba, num desses dias entre maio e junho de 2024. E sim, repito, acredito que esta seja a hora de investir por aqui. Contrariar a tristeza e encarar de forma totalmente otimista pode parecer complacente, mas alguns fatos formam a base para a afirmação acima.
O primeiro deles é muito simples e manjado, mas também é algo que move o mercado de ações desde sempre: compre na baixa e venda na alta. Digamos que esta terra passa por uma fase difícil e está muito mais fácil negociar conosco. Experimente aproveitar essa baixa e não tenha receio de acionar empresas gaúchas de qualquer natureza. Indústrias, varejo, serviços especializados e demais negócios precisam gerar fluxo de caixa. OK, não seja um explorador, mas pense que mais do que nunca estamos dispostos a agilizar negócios.
Outro ponto importante está no potencial de consumo. Ao contrário do que pode parecer através dos noticiários, atualmente a imensa maioria do estado segue funcionando. Existem alguns gargalos de logística ou de ordem similar, mas os gaúchos estão consumindo e a sua empresa ou marca, se bem posicionada neste momento, pode conquistar um mercado forte por muito tempo. Ganhe o coração deste povo agora e a gratidão será eterna. Lembre-se: a emoção ainda é o grande motor das decisões.
Agora, sendo racional como uma planilha financeira, vamos a outros aspectos que estão na agenda da retomada com o olhar para frente. Começando pelo ponto situacional da limpeza e da reconstrução. Não há como reconstruir sem injeção de verba, portanto sim, haverá capital para girar por aqui e certamente fornecedores, prestadores de serviços e autônomos terão muito trabalho. E, por óbvio, quando profissionais são remunerados, o dinheiro troca de mãos e começamos a aquecer a economia. Mas não fique somente na limpeza e levante os olhos para um tempo seguinte: reparos. Muitas coisas precisarão de consertos antes mesmo de substituição, o que acarretará buscas por soluções em diversos setores. De bate-pronto lembro de mecânicas automotivas, equipamentos elétricos, materiais de construção, eletrodomésticos e, claro, todo o varejo de peças para a execução desses serviços. Tudo isso passa por pessoas/empresas com compram/contratam e pessoas/empresas que vendem/atendem.
Também vale a pena tirar um pouco foco apenas das oportunidades que os estragos já estão gerando. A publicidade tem muito a fazer neste momento. As marcas locais estão sendo observadas com muito mais atenção e podem aproveitar este momento para acelerar suas expansões. Agências de propaganda ganham desafios estratégicos importantes para as mesmas marcas locais, mas também para as nacionais, que normalmente já precisariam de apoio para regionalização de sua comunicação e que agora estão ainda mais cuidadosas no “o que, como e quando” comunicar.
Invista no Rio Grande do Sul, contrate uma agência de propaganda gaúcha para tornar esse investimento ainda mais rentável, aproveite as produtoras e fornecedores locais para facilitar ainda mais e, por fim, aproveite os veículos locais para potencializar a pleno. Pacote perfeito.
Diante de tudo isso, fica claro que quanto maior for a velocidade desse movimento econômico, maior serão as atividades, as empresas precisarão de profissionais, então empregos (re)surgirão, ativos valorizarão e pessoas consumirão ainda mais. Ou seja, investiu na baixa e faturará na alta.
Em resumo: a hora de estar no Rio Grande do Sul é agora. O momento de buscar oportunidades é este. Não tenha receio. Venha. Porque olhar para frente com o otimismo de quem acredita no potencial dos negócios é uma obrigação de quem conhece o histórico repleto de façanhas que por aqui acontecem.
Fernando Silveira, presidente da ARP e diretor na Fenapro e no Sinapro/RS
FONTE: (Meio e Mensagem e Coletiva.net