Hoje em dia, especialmente no mercado de trabalho, questões que envolvem idade estão sendo cada vez mais discutidas e colocadas em pauta, seja para algo positivo ou negativo. O etarismo ainda é um problema a ser lidado, principalmente na área de Marketing, onde muita mão de obra vem sendo substituída pelos mais jovens, não apenas por baixos salários, mas por terem mais afinidade com novas ferramentas. A senioridade, no entanto, segue como um trunfo, principalmente em quem atua no Marketing Digital.
Colaboradores de idades distintas trabalhando juntos podem ser um fator predominante para o sucesso de uma companhia, que passará a enxergar oportunidades onde ninguém mais vê. A afirmação, de Bruno Cunha Lima, COO da Kipiai, é justificada. “A maturidade entrega algo que só quem entende de ferramentas não consegue, que é pensar como aquela tecnologia em si impacta na estratégia da marca que estamos trabalhando. Isso é algo que leva tempo, que requer uma mente mais analítica”, contou o executivo.
Bruno afirma que uma agência que se propõe a ter um quadro diverso tende a ter melhores resultados. “A internet é composta por pessoas de diferentes gerações. Para criar uma campanha é preciso saber falar com cada uma delas, entender suas dores. Um time que reflete a sociedade tem muito mais chances de dialogar corretamente e entregar com precisão aquilo que a marca deseja”, pontuou.
Skills necessárias
O Marketing Moderno hoje olha bastante para profissionais com competências técnicas, que entende das ferramentas e de como funciona a dinâmica delas. Por exemplo, mídia paga, Analytics 4, banco de dados. Bruno afirma que conhecer bem uma delas é melhor do que conhecer superficialmente todas elas. Por outro lado, ter uma mente analítica que sabe do que cada inovação oferece é fundamental: estar atualizado é uma necessidade básica.
As competências pessoais, no entanto, fazem mais diferença nesse momento. “Ter uma compreensão do negócio, uma boa relação com os times, oferecer um atendimento de excelência e saber fazer uma boa apresentação e condução também são muito importantes. Na hora de apresentar um resultado ou uma concorrência, é preciso se aprofundar e argumentar de maneira inteligente”, contou o COO da Kipiai.
Por fim, a parte de disciplina e execução vem sendo um diferencial que os mais seniores acabam por saírem na frente. “O trabalho remoto pede uma organização melhor e gerenciamento de tempo. Quem sabe mapear prioridades, negociar prazos e cumpri-los tem uma skill poderosa. O mercado anda carente de pessoas que entreguem no tempo certo e sem refações”, contou.
Processo de mentoria da Geração Z
Conhecida por seu espírito empreendedor e visão ousada, a Geração Z valoriza a autonomia e tende a adotar métodos de trabalho próprios. Constantemente em movimento, esses trabalhadores se destacam pela participação ativa em equipes, trazendo ideias novas e contribuindo com uma energia única. Entretanto, essa abordagem traz desafios para a gestão de pessoas.
A preocupação com o bem-estar mental e a busca por espaços que valorizem sua individualidade fazem com que muitos jovens dessa geração não aceitem facilmente condições de trabalho que não respeitem essas demandas. Uma das críticas recorrentes de lideranças é a chamada “insubordinação”, mas especialistas sugerem que essa característica pode ser transformada em um ponto positivo: quando ouvidos e reconhecidos, os profissionais da Geração Z tendem a responder com criatividade e engajamento, sentindo-se parte essencial da equipe.
Os profissionais seniores acabam por também se tornarem mentores desses jovens, para levar a experiência que eles precisam para ajustarem às necessidades próprias com as do mercado. “Os jovens entendem e buscam sobre propósito, além de serem mais imediatistas. Então cabe à empresa já oferecer treinamentos para aprimorar competências pessoais, criar uma relação com esse funcionário mais jovem e ajustar linguagem, postura e expectativas”, afirmou Bruno Cunha Lima.
O especialista também recomenda mesclar o colaborador sênior com o jovem para criar um laço profissional que só traz benefícios. “Nesse dia a dia mais próximo, o mais novo começa a valorizar o sênior, entende as necessidades. Enquanto o lado da senioridade tende a ganhar ao compreender as visões de mundo que a geração Z tem a oferecer – como a quebra de padrões abusivos por parte de empregadores ou o legado daquela marca”, explicou.
Realidade das empresas
Um conhecido provérbio afirma que “o cabelo grisalho é uma coroa de experiência e esplendor”. Embora o valor da frase quase sempre se confirme em campos sociais, familiares e acadêmicos, a experiência dos idosos ainda encontra barreiras no mundo corporativo.
Em 2023, o Mundo do Marketing fez uma enquete no LinkedIn com a seguinte pergunta: “Qual a média de idade dos profissionais de Marketing que você trabalha no dia a dia?” – 64% dos 2.737 usuários respondentes indicam que a média varia entre os 26 e os 35 anos – e apenas 3% atuam em empresas nas quais a média ultrapassa os 45.
Nos comentários da publicação, alguns dos respondentes chamam a atenção para o fato de que o mercado de Marketing e comunicação considera desatualizados os profissionais que já ultrapassaram os 35 anos – idade que delimita a média de anos mais comum para o setor – deixando claro que o etarismo é um problema real e está impactando a carreira de pessoas que ainda têm muito a oferecer.
“O profissional de Marketing mais sênior será cada vez mais valorizado quando os times começarem a ver que os resultados deles em termos estratégicos é tão bom quanto aquele que entende de uma ferramenta”, concluiu Bruno Cunha Lima.
Fonte: (Mundo do Marketing)