Fadiga de Decisão: Como Grandes Líderes Evitam o Esgotamento Mental e outros artigos da semana – 28.10.2025

Share on facebook
Share on linkedin
Share on whatsapp

Você vai ler na coluna de hoje: Fadiga de Decisão: Como Grandes Líderes Evitam o Esgotamento Mental, Como se vestir de brasileiro virou moda no exterior: ‘Brazil core’, Excelência operacional começa com gente boa e termina com gente melhor, O que Keith Jarrett pode ensinar sobre criatividade sob pressão, Grupo RBS lança nova fase do movimento “Pra cima, Rio Grande”, Prêmio Caboré 2025 abre votação e movimenta mercado publicitário brasileiro e  A inteligência artificial está acelerando, mas o conteúdo é o que impulsiona o marketing B2B.

Quer receber diariamente a Coluna do Nenê no seu WhatsApp?
Salve o número (51) 9440-7275 na sua agenda, nos dê um “OI” e receba, todos os dias, os artigos selecionados direto no seu celular.

 

 

ERRATA

Na nota publicada no dia de ontem sobre os Prêmios ARP, informamos incorretamente que já haviam sido indicados os primeiros candidatos às categorias Dirigente do Ano, Professor do Ano e Young do Ano. Na verdade, deveríamos ter informado que já haviam INSCRITOS às três categorias mencionadas.

Essas categorias contam com cases elaborados pelos próprios profissionais, que são avaliados por um colegiado e júri técnico, responsável por definir os finalistas.

Pedimos desculpas pelo equívoco e fazemos este esclarecimento para restabelecer a informação correta e aproveitamos para divulgar a nota oficial da ARP.

 

Nota oficial – Salão ARP

A Associação Riograndense de Propaganda (ARP) informa que as inscrições para o Salão ARP seguem abertas até o dia 29/10, e não há candidatos(as) “já conhecidos”. A ARP não divulga indicados antes do encerramento das inscrições e das etapas previstas em regulamento. Qualquer lista mencionada até lá é especulativa e não oficial.

Neste ano, mais de 100 jurados participam do processo de avaliação, que é idôneo, auditável e transparente, conforme regras públicas. O regulamento completo pode ser consultado no site da ARP.

Ressaltamos, ainda, que duas das categorias citadas passam por júri técnico e outra por colegiado, etapas que ocorrerão posteriormente.

A ARP reforça seu compromisso com a transparência e a integridade do processo de avaliação do Salão ARP – princípios que norteiam a atuação de toda a diretoria.

 

 

Fadiga de Decisão: Como Grandes Líderes Evitam o Esgotamento Mental

Por GettyImages/Justin Sullivan

 

Um adulto toma, em média, entre 33 mil e 35 mil decisões por dia, segundo um estudo conduzido por pesquisadores de universidades americanas. Muitas dessas escolhas acontecem no modo automático, com base em informações já armazenadas sobre como agir. No entanto, chega um ponto em que esse processo deixa de ser eficiente: o cérebro, sobrecarregado e incapaz de lidar com tantas decisões individuais, entra em pane, interrompendo a tomada de decisão.

Após dias consecutivos de trabalho e centenas de milhares de decisões tomadas, o cérebro tende a fazer escolhas diferentes daquelas que faria se estivesse descansado. Esse fenômeno é chamado de “fadiga de decisão”: quando o cérebro está esgotado e privado de energia mental.

Para concentrá-la nas decisões mais relevantes, muitos líderes optam por usar praticamente a mesma roupa todos os dias. Mark Zuckerberg se inspirou em Steve Jobs, conhecido por sempre usar uma camiseta preta e jeans. Em diversas entrevistas, o fundador do Facebook explicou que prefere reservar sua capacidade mental para as decisões mais relevantes de sua empresa, em vez de gastá-la com escolhas triviais, como o que vestir.

 

O que é a fadiga de decisão?

O que vou almoçar? Devo aceitar aquela proposta de emprego? Está na hora de trocar o ar-condicionado, ou devo continuar consertando? No fim das contas, 35 mil decisões por dia significam uma decisão a cada 2,46 segundos. Não é à toa que estamos exaustos.

A fadiga decisória compromete a clareza mental e explica por que muitos profissionais têm pouca energia restante para atividades fora do escritório após um longo dia de trabalho. Depois de horas de trabalho ininterrupto, o cérebro pode sofrer sobrecarga cognitiva. Quanto mais tempo você trabalha e mais decisões toma nesse período prolongado, mais difícil se torna para sua mente sobrecarregada tomar decisões acertadas.

Escolhas simples, como decidir o prato que vai pedir no restaurante, não exigem tanto esforço cognitivo quanto decisões mais impactantes, como manter ou demitir um funcionário. Quanto mais escolhas fazem parte do seu dia, mais difícil fica decidir até mesmo sobre coisas simples, como o que vestir, onde comer, quanto gastar ou como priorizar projetos no trabalho. O cansaço mental pode levar a atalhos perigosos, como não revisar um e-mail importante, evitar participar de decisões em equipe, ser ríspido com colegas, optar por fast food em vez de refeições saudáveis ou abandonar a prática de exercícios físicos.

 

Sinais da fadiga de decisão

A fadiga decisória geralmente aparece de forma sutil e fácil de ignorar. Veja como reconhecê-la antes que afete seu desempenho e sua saúde mental:

Como identificar em você

Você adia decisões simples ou delega tudo, sem distinguir o que é importante do que não é;

Sente-se mentalmente exausto antes do meio-dia, mesmo sem esforço físico;

Evita conversas difíceis ou responde apenas “sim” ou “não” para se livrar rapidamente da decisão.

Como identificar na sua equipe

Membros do time pedem opinião sobre decisões que normalmente tomariam sozinhos;

Projetos travam, não pela complexidade, mas porque ninguém quer tomar a decisão final;

Aumento de erros, esquecimento de detalhes e maior resistência a mudanças.

Estratégias para evitar a fadiga de decisão

 

Decida apenas uma vez

Empresários como Steve Jobs, Mark Zuckerberg e Jeff Bezos usavam roupas iguais todos os dias para preservar energia mental. “Líderes frequentemente desperdiçam energia refazendo as mesmas decisões”, afirma Grinman. “Crie microestruturas para tarefas recorrentes, como o que vestir, quando checar e-mails ou como começar reuniões. Decidir uma vez e manter o padrão conserva energia mental para o que realmente precisa de atenção.”

 

Proteja os primeiros 90 minutos do dia

“Esse período concentra o maior potencial cognitivo”, explica. “Use-o para planejar e tomar decisões estratégicas. Evite tarefas reativas logo cedo para definir o tom do restante do dia.”

Delegue decisões

Quanto menos escolhas você precisar fazer, mais energia cognitiva conseguirá preservar ao longo do dia. Encontre alguém de confiança, reduza o controle e delegue parte das suas decisões a essa pessoa.

Tome as decisões mais difíceis primeiro

Se o dia promete decisões complexas, encare-as nas primeiras horas, quando estiver mais descansado. Classifique as decisões do dia da mais à menos importante e deixe as menos relevantes para o final.

Aproveite o fim de semana

Você não estará biologicamente preparado para manter o equilíbrio em seu processo de tomada de decisões sem descanso e estímulo adequados fora do seu ambiente de trabalho.

 

*As informações foram retiradas de textos dos colaboradores da Forbes USA Bryan Robinson e Cheryl Robinson.

 

 

Como se vestir de brasileiro virou moda no exterior: ‘Brazil core’

Por Giulia GranchiGiulia Granchi

 

Uma rápida busca por “Brazil Core” nas redes sociais — do TikTok ao Instagram, passando pelos moodboards do Pinterest — revela os elementos que compõem uma estética supostamente brasileira.

Entre cores vibrantes, vídeos de moda, fotos de paisagens e símbolos que transitam entre o popular e o estereotípico, surgem clichês que transformam o imaginário coletivo em imagens concretas e compartilháveis.

A tal estética brasileira não é exatamente nova. No verão europeu, que terminou em setembro, ela reapareceu com força, com desfiles, editoriais e hashtags bombando nas redes.

Como toda trend cíclica, volta e meia retorna — e tudo indica que deve ganhar novo fôlego com a Copa do Mundo no próximo ano. Desde 2017, a camisa verde e amarela da seleção de futebol já começava a aparecer em produções fashionistas nos Estados Unidos e em várias partes da Europa.

Mas há um detalhe importante: muitos dos elementos hoje celebrados pelos “gringos” têm origem no que se chama de moda de favela, como chinelos Havaianas, estampas tropicais e o uso de acessórios coloridos e vistosos.

“Sempre foi uma estética periférica, mas durante muito tempo foi vista como ‘cafona’, ‘coisa de pobre’. Quando a moda global se apropria, transforma em produto valorizado”, descreve Thais Farage, consultora de estilo e pesquisadora em moda e gênero.

Especialistas em moda ouvidos pela BBC News Brasil avaliam que a tendência batizada de Brazil Core tem duas faces: por um lado, valoriza elementos culturais e pode servir de convite para um olhar mais atento e curioso ao Brasil, reforçando seu soft power; por outro, corre o risco de se tornar uma exportação vazia, sustentada em estereótipos e com traços de apropriação cultural.

O soft power é a capacidade de países influenciarem relações internacionais e intensificarem trocas comerciais através da sedução de produtos como filmes, música, moda, mídia e turismo.

Mi Medrado, antropóloga baseada em Los Angeles, com doutorado e pesquisa sobre produção e circulação da moda no Sul Global, diz o seguinte: “A repetição desses elementos cria um diálogo histórico e reflexivo, levando em conta gênero, classe e raça. Mas, ao mesmo tempo, nem sempre gera uma crítica que realmente repense ou reorganize esse imaginário que muitas vezes é apropriado de forma inadequada”.

Farage complementa que as redes sociais muitas vezes promovem “uma exportação de uma estética, e não de uma cultura”. “Acho que é a parte que a gente se ressente um pouco aqui no Brasil. Então, é um verde e amarelo. Tenho certeza que, se criássemos uma pesquisa, teria gente que nem sabe direito onde é o Brasil. É muito mais pela estética.”

“A moda embala as coisas e as vende como produto qualquer coisa, assim como a estética punk, hippie, a estética indiana… Que são bastante identitárias e às vezes questionadas como apropriação cultural. A moda consegue transformar isso em uma tendência esvaziada de sentido.”

Por outro lado, diz a consultora, há uma faceta positiva: “O melhor é quando conseguimos associar essa estética a empresas e projetos que realmente valorizem nossa cultura e fortaleçam a nossa economia.”

Tênis coloridos, estampas de rua inspiradas em grafites, roupas com elementos artesanais das favelas e acessórios chamativos — junto a símbolos tropicais, corpos bronzeados e silhuetas diversas — ganham uma aura cool que, como toda tendência de moda, é reavivada em ondas pelo olhar estrangeiro.

Em 2022, ano da Copa do Mundo, e no ano seguinte, a trend continuou forte.

“Estourou essa estética de novo, depois de um hiato importante. Para os brasileiros, havia uma questão de retomada dos símbolos nacionais”, afirma Thais Farage.

Segundo ela, nesse período a bandeira do Brasil e a camisa da seleção haviam sido apropriadas por grupos de extrema-direita, perdendo parte do seu caráter de símbolo nacional e ganhando uma conotação política conservadora.

A Copa funcionou, então, como um momento de resgate desses ícones.

Farage relembra que, entre 2022 e 2023, vimos, por exemplo, a cantora espanhola Rosalía usando boné da marca brasileira Misci, e a grife Jacquemus gravando uma campanha nas praias cariocas.

Um post de Hailey Bieber, modelo e esposa do cantor Justin Bieber, que tem família brasileira, usando um croptop do Brasil com uma lata do refrigerante Guaraná ao fundo, se tornou um exemplo de como essa estética ganhou ainda mais fôlego na cultura pop internacional.

“Também teve a marca Corteiz, de streetwear, recriando a camisa da seleção usada na Copa de 2002, fazendo campanhas nas favelas e colocando Ronaldo como garoto-propaganda. O sucesso foi grande, mas as peças foram vendidas apenas nos Estados Unidos e na Europa, não no Brasil. O caso simboliza como a estética Brazilian Core — originária das favelas, periférica no Brasil — é apropriada para consumo internacional, transformando códigos e símbolos brasileiros em produtos de moda, sem necessariamente engajar com o público brasileiro”, diz Farage.

Desfiladas em versões combinadas com alfaiataria durante a Copenhagen Fashion Week, realizada em agosto passado na capital da Dinamarca, as sandálias brasileiras viraram objeto de desejo internacional — e só então passaram a ser reinterpretadas no Brasil fora do contexto praiano.

“Foi depois de Copenhague usar Havaianas com alfaiataria que se começou a considerar o chinelo em ambientes urbanos mais formais aqui”, observa a consultora Thais Farage.

“No Brasil, sempre foi comum nas praias do Nordeste ou do Rio, mas não era aceito em contextos de maior formalidade. Precisamos validar nossos símbolos por conta própria, sem esperar a chancela europeia ou americana.”

Segundo ela, essa busca constante por aprovação externa não é recente. “No século 19, por exemplo, a elite brasileira se vestia copiando os folhetins franceses. Essa dependência estética é histórica. O topo da pirâmide social ainda é eurocêntrico e copiona”, afirma.

A Havaianas é um dos maiores cases de sucesso da exportação da “imagem brasileira” para fora. Entre lojas físicas permanentes, pop-ups e e-commerces, a marca hoje está presente em mais de 100 países.

Para Farage, a chave está em reverter esse olhar: “A grande sacada é enxergar a inovação que já existe nas periferias, nas comunidades indígenas, nos quilombos. Esses espaços são fonte de códigos e símbolos nossos, que podem ser validados por nós mesmos.”

Para Gabriel Oliveira, diretor de branding da FARM Rio, “o Brasil viveu um certo isolamento — físico, linguístico e até cultural — que nos fez olhar muito para dentro”.

“Ao mesmo tempo, temos um desejo forte de reconhecimento externo, algo que esbarra na ideia do ‘complexo de vira-lata’. No fundo, não é apenas sobre buscar validação estrangeira. Queremos que o mundo perceba o quanto valorizamos o que temos aqui. A relação é de amor profundo com nossa cultura”, diz Oliveira.

A FARM Rio tem 23 lojas fora do Brasil: sete nos Estados Unidos, seis na França, seis no Reino Unido e uma em cada um dos seguintes países: Itália, Grécia, Emirados Árabes Unidos e México

A antropóloga Mi Medrado amplia o debate ao propor a ideia de dois “Brasis”: um com “S” e outro com “Z”.

“O Brasil com ‘Z’ é o que circula no imaginário internacional e muitas vezes desconhece o Brasil com ‘S’ — esse Brasil real, diverso, popular. O estrangeiro, às vezes, se interessa justamente por esse Brasil com ‘S’, mas de um jeito quase turístico, como quem faz um ‘safari’ pelas periferias”, explica.

Para ela, as redes sociais bagunçaram esse jogo, abrindo espaço para uma disputa de narrativas. “De um lado, o Brasil com ‘Z’, estilizado e distante; de outro, o Brasil com ‘S’, mais complexo e contraditório, que passa a ter chance de ser visto e reivindicar protagonismo.”

 

O papel do consumidor e das marcas brasileiras

Especialistas ouvidos pela reportagem afirmam que a atenção internacional ao Brazil Core pode abrir espaço para mudanças positivas no mercado interno e no olhar dos consumidores brasileiros.

O desafio, dizem, é valorizar símbolos e estéticas próprias sem depender exclusivamente da chancela estrangeira.

Thais Farage acredita que a virada está em olhar para as periferias, comunidades indígenas e quilombolas. “É nesses espaços que há inovação e símbolos genuinamente brasileiros que podemos valorizar”, afirma.

Ela cita marcas que conseguem se apropriar das cores e da diversidade do país de forma consciente: “Gosto de mencionar a Missy, que produz um luxo de fato brasileiro, com identidade visual própria e valorizando a mão de obra nacional. O Brasil é rico em marcas e designers originais que fazem moda brasileira, há muita gente legal, seja em acessórios ou vestuário”.

Mi Medrado, antropóloga baseada em Los Angeles, também menciona exemplos concretos de estilistas que materializam essa perspectiva.

“Isaac Silva traz elementos de religiosidade afrobrasileira e tradições culturais em seus desfiles, como Festa Junina, desafiando críticas que questionavam seu entendimento de moda. Outro exemplo é a D’Alessandro, que incorporou elementos como folha de banana em suas peças, ressignificando símbolos brasileiros a partir de uma perspectiva interna e autônoma, não pelo olhar estrangeiro.”

Farage ressalta ainda que o Brasil é grande demais para ser reduzido a uma estética só.

“A Dengo, por exemplo, faz chocolate de altíssima qualidade extraído da Bahia, com storytelling brasileiro que celebra um Brasil complexo e diverso. A FARM Rio também conseguiu criar estampas únicas e autorais, despertando identificação tanto dentro quanto fora do país. Precisamos de muitas traduções e criações com cara de Brasil.”

Gabriel Oliveira, diretor de branding da FARM Rio, diz: “O Brasil é riquíssimo em estética, música, espiritualidade e miscigenação. Antecipamos uma mistura que o mundo só agora começa a viver, e já colhemos frutos disso. Por isso acredito que o movimento de enaltecimento da cultura brasileira está muito longe de ser apenas uma moda”.

Ele considera que, dentro do recorte da marca, é possível despertar orgulho e identificação: “Claro que não é possível representar todos os brasileiros, mas o que mostramos já gera conexão — tanto em quem é brasileiro quanto em quem descobre o país de fora.”

 

Estética brasileira além da moda

A amplificação das redes sociais permitiu que o “Brazil core” não se limitasse ao aspecto visual. A estética se expande para outros campos da cultura, incorporando o funk, a musicalidade tropical e até mesmo os memes, que projetam o senso de humor brasileiro para o mundo digital.

Mi Medrado, antropóloga, destaca que moda e música caminham juntas na construção dessa narrativa.

“O visual e a música andam de mãos dadas, construindo histórias que ocupam espaço e desafiam o apagamento histórico”, afirma.

Para ela, o Brazilian core é também “um processo de resistência e de construção social de novas narrativas, resgatando debates sobre marginalização e silenciamento”.

Ela diz que esse movimento se reflete em vertentes como a moda de favela, a moda preta e o design preto, que carregam estética e história de comunidades tradicionalmente subjugadas.

Um exemplo, segundo Medrado, está na cantora Anitta: “Quando Anitta mostra, no clipe Girl from Rio, ‘o que é o Brasil’ usando uma batida de bossa nova, ela cria uma mistura desses Brasis, embora eles sejam extremamente distantes e desiguais. Minha impressão é que, de certa forma, Anitta responde a um anseio que Carmen Miranda já tinha na década de 1940.”

Para Thais Farage, pesquisadora de moda e gênero, essa intersecção não é novidade. “A moda é parte indissociável da cultura material. Não existe moda sem música. Esse casamento é muito antigo. Nos anos 1990, essa linha ficou ainda mais borrada, com grandes modelos participando de videoclipes.”

Farage acredita que a expansão do funk, especialmente via redes sociais, abre caminhos de resistência e também de mercado.

“Eu acredito que esse momento do Brazilian core pode ser usado para discutir a descriminalização do funk. Como pensar pautas de gênero dentro dele, o racismo. É positivo ver o funk circulando no mundo, porque é uma forma de sair da periferia. Ao mesmo tempo, as músicas tocadas nas redes sociais ajudam os músicos — o estouro da Anitta no funk é um exemplo claro. Então, existem dois lados nessa conversa.”

 

 

Excelência operacional começa com gente boa e termina com gente melhor

Por Roberto Teller

 

Excelência operacional não é um programa, é uma forma de pensar. Não começa no chão de fábrica, no cais ou no armazém, começa na cultura. E cultura é o que as pessoas fazem quando ninguém está olhando.

Não há tecnologia que resolva o que a cultura distorce. Empresas que buscam eficiência investindo apenas em máquinas e softwares esquecem que os maiores gargalos estão no comportamento, na comunicação e na liderança. Não existe operação estável sem confiança, não há eficiência sem alinhamento, não há produtividade sem propósito.

Vi empresas aplicarem metodologias e ferramentas e nada funcionar porque o método sem coerência é só teatro corporativo. A metodologia é o “como”, mas o “porquê” precisa estar vivo nas pessoas.

Excelência operacional é resultado de uma escada bem construída: padronização, estabilidade, eficiência, inovação e cultura. É isso que transforma boas operações em referências de mercado.

Na base dessa escada estão as metodologias de estabilidade e processo: 5S, Kaizen diário, gestão visual, análise de causa-raiz, checklists e indicadores simples. Elas garantem disciplina, constância e controle.

O segundo degrau é a eficiência — o Lean, o PDCA, o VSM, o OEE e o GPR. Aqui entramos no jogo da performance, da busca por desperdícios e da gestão por resultados.

Depois vem a inovação, com digitalização, RPA, IoT, analytics e digital twin. É onde a tecnologia amplia o olhar e cria inteligência operacional.

E no topo, o que sustenta tudo: a cultura. A excelência só se perpetua quando deixa de depender das pessoas e passa a habitar nelas. Quando a melhoria não é um projeto, é um instinto.

Na Movecta aprendi que excelência não é uma meta, é uma postura. Ela nasce no comportamento dos líderes e se espalha pelo exemplo. Está no gesto do supervisor que resolve um problema sem culpados, no analista que antecipa o erro antes que ele aconteça, no operador que sugere uma melhoria simples e evita um acidente.

Liderar a excelência é ser inquieto com o que está bom. É provocar desconforto positivo, quebrar a rotina, desafiar o “sempre foi assim”. É saber que o custo da acomodação é muito maior que o custo da mudança.

Quando a cultura da excelência se espalha, o impacto é sistêmico. As .O comercial entende a dor da operação. A manutenção passa a ser preventiva. A logística vira preditiva. O financeiro deixa de olhar só o custo e passa a medir o valor. E o RH finalmente entende que treinar é mais barato do que substituir.

Excelência não é um setor, é uma filosofia transversal.

Por isso, toda jornada de excelência começa com gente boa, mas só se sustenta com gente melhor. Gente que pensa antes de fazer, que faz antes de ser mandada, que aprende antes de errar, que ensina antes de ser cobrada.

A excelência não está no resultado, está na forma como ele é alcançado. E se você acha que já atingiu o topo, talvez tenha parado de subir.

 

 

O que Keith Jarrett pode ensinar sobre criatividade sob pressão

Por Gustavo Ermel

 

Em 24 de janeiro de 1975, o pianista Keith Jarrett chegou a Colônia, na Alemanha, para fazer um concerto. Mas, ao chegar ao teatro, descobriu que o piano que haviam preparado não era o Steinway que ele havia pedido — era um piano de ensaio, com teclas emperradas, agudos sem brilho e o pedal de sustain quebrado. Inaceitável para qualquer músico profissional.

Jarrett se recusou a tocar. Saiu furioso, decidido a ir embora. Mas a jovem produtora do evento, Vera Brandes — com apenas 17 anos — implorou para que ele reconsiderasse. Chamou um afinador às pressas, tentou consertar o impossível e, no fim, sensibilizou Jarrett com seu esforço.

Ele voltou. Tocou. E o que aconteceu naquela noite se tornaria The Köln Concert — o álbum de piano solo mais vendido da história.

Por causa do piano defeituoso, Jarrett precisou improvisar. Tocou mais nas regiões médias para evitar os agudos duros, criou repetições para compensar o som fraco e usou o corpo inteiro para gerar intensidade. O resultado? Um som único, emotivo e hipnótico.

O piano que era um obstáculo virou a razão da genialidade. Foi a restrição que o empurrou para um território inexplorado.

No marketing, na arte ou nos negócios, há um padrão que se repete: a verdadeira originalidade nasce do limite. Quando o orçamento é curto. Quando o prazo é impossível. Quando o cliente diz “não dá pra fazer assim”.

É nesse espaço apertado que surge o pensamento criativo de verdade — o que conecta, surpreende e fica na memória.

A criatividade não é liberdade total. É o ato de encontrar beleza dentro das restrições. E transformar o piano quebrado da vez — seja um orçamento, uma limitação técnica ou um desafio de marca — em algo que ninguém esperava ouvir.

Porque, no fim, é quando o mundo te limita, que a tua imaginação te liberta.

 

 

Prêmio Caboré 2025 abre votação e movimenta mercado publicitário brasileiro

 

Em sua 46ª edição, o prêmio mantém um atributo essencial: a reverência às histórias de profissionais e empresas que contribuíram para a evolução do setor.

Os vencedores serão revelados no dia 3 de dezembro no Vibra São Paulo

O Prêmio Caboré, principal premiação do setor de comunicação, marketing e mídia do Brasil, está com a votação online aberta para definir os profissionais e empresas vencedores da 46ª edição. A votação, auditada pela PwC, vai até 27 de novembro e é restrita a assinantes do Meio & Mensagem, idealizador do evento. Para votar, basta acessar https://votacao.cabore.com.br/ e fazer login com seu ID M&M, vinculado à sua assinatura, válido até a edição 2179.

Com o tema “Caboré 2025: O Grande Prêmio da Indústria Brasileira de Comunicação e Marketing”, a cerimônia de premiação abrange 14 categorias, reconhecendo os profissionais e empresas que mais se destacam no setor. Assim como nas principais corridas do automobilismo, vencer o Caboré é sinônimo de consistência, talento e dedicação ao longo da carreira.

Mantendo sua tradição de reconhecer artistas de destaque ao longo do ano, o prêmio refletiu e acompanhou os desenvolvimentos do mercado. E, mais importante, demonstrou a força, o dinamismo e a resiliência do setor. Dos 42 indicados este ano, 31 nunca competiram antes e 36 ainda não têm a cobiçada coruja (símbolo do prêmio) em sua estante.

Apenas seis indicados nesta edição já venceram. Outra característica que se manteve é ​​o maior número de mulheres. Nas oito áreas dedicadas a profissionais, as mulheres representam 15 de um total de 24. Assim, o prêmio consegue abraçar a diversidade, mantendo seu caráter seletivo.

“O Caboré, realizado ininterruptamente desde 1980, mantém um valor essencial: celebrar as histórias de profissionais e empresas que ajudaram a construir e transformar o setor de comunicação ao longo das décadas”, afirma Marcelo Gomes, presidente do Meio & Mensagem.

Os indicados são selecionados após uma revisão editorial que busca refletir a diversidade de profissionais do mercado e dos diversos setores em que as empresas atuam. Essa revisão leva em consideração as sugestões enviadas pelos membros do Círculo de Liderança, um benefício exclusivo do plano corporativo de assinatura do Meio & Mensagem.

Os vencedores serão anunciados na tradicional cerimônia de premiação, marcada para o dia 3 de dezembro, no Vibra São Paulo.

Confira abaixo os indicados ao Caboré 2025 nas 14 categorias:

Agência de Comunicação

AlmapBBDO

Plano de arte

Galeria

Profissional de Veículos

Daniela Galego (Uber Publicidade)

Giselle Ghinsberg (Disney)

Gustavo Silva (Neooh)

Serviço de Marketing

Altermark

Influência Negra

N.ideias

Profissional de Marketing

Beatriz Bottesi (Meta)

Cecília Bottai Mondino (Heineken)

Nathália Garcia (Bradesco)

Produção

30e

Conteúdo Anônimo Brasil

MyMama Entretenimento

Paltaforma de Comunicação

Eletromídia

Pinterest

Anúncios da Samsung

Profissional de Inovação

Alexandre Kavinski (Serviços de Mídia WPP)

Ana Paula Passarelli (Brunch e Diana)

Camila Novaes (Visa)

Anunciante

Betano

L’Oréal

Mercado Livre

Produtor de Conteúdo

Estadão

Prime Video

UOL

Estratégia Profissional

Ana Cortat (Droga5)

Ana Paula Kuroki (África)

Maria Cláudia Conde (DPZ)

Gerente da Indústria de Comunicações

Gabriela Onofre (Grupo Publicis)

Luiz Lara (Cenp)

Sérgio Lopes (LiveMode)

Atendimento ao Cliente e Profissional de Negócios

Alessandra Visintainer (Intestino)

Eduardo Megale (Talento)

Renato Fischer (VML)

Profissional Criativo

Mauro Ramalho (Publicis Brasil)

Rodrigo Jatene (Wieden+Kennedy)

Rynaldo Gondim (Criadores Suno Unidos)

Profissional de mídia

Aline Velha (Nubank)

Carlinha Gagliardi (Mediabrands)

Rafaela Alves (AlmapBBDO)

 

 

Grupo RBS lança nova fase do movimento “Pra cima, Rio Grande”

 

Lançado em 2024 pelo  Grupo RBS  , o movimento “Pra cima, Rio Grande” surgiu como resposta ao maior desafio coletivo da história recente do estado: a reconstrução após as enchentes de maio. Desde então, o movimento evoluiu de uma mobilização solidária para uma plataforma permanente de engajamento e diálogo sobre o futuro do Rio Grande do Sul.

A partir de 28 de outubro, “Pra cima, Rio Grande” inicia uma nova fase. Depois de incentivar a reconstrução e resgatar o orgulho e a confiança do povo gaúcho, o foco agora se volta para temas estruturais de desenvolvimento — com ênfase em cinco eixos de conteúdo: Cidades e Soluções; Educação; Consumo; Empreendedorismo; e Governança.

Nesta fase, o movimento é reforçado por três importantes parceiros: Marcopolo, Aegea e Be8, empresas que compartilham o compromisso com o avanço econômico e social do estado. Juntas, elas contribuem com suas visões e experiências para a RBS na cocriação de conteúdo multiplataforma que inspirará reflexão e proporá caminhos concretos para o crescimento do Rio Grande do Sul.

“Esta nova fase do “Pra cima, Rio Grande” reflete o significado mais profundo do que entendemos por responsabilidade coletiva. Não se trata apenas de contar boas histórias, mas de unir forças para transformar realidades. A reconstrução nos ensinou que o desenvolvimento sustentável nasce da cooperação. Ao lado de parceiros como Marcopolo, Aegea e Be8, reafirmamos nosso compromisso de olhar para o futuro com clareza, coragem e ação”, enfatiza Marta Gleich, Diretora Executiva de Jornalismo e Esporte do Grupo RBS.

Também inspirado nos aprendizados do projeto Retoma RS (2024–2025), o movimento amplia o conteúdo focado em práticas ESG, inovação e seu impacto na sociedade e no desenvolvimento sustentável, reconhecendo o papel estratégico de empresas e instituições na construção de um Rio Grande do Sul mais próspero e resiliente.

Com uma abordagem multiplataforma, o conteúdo “Pra cima, Rio Grande” será veiculado nos canais Zero Hora, GZH, Rádio Gaúcha e RBS TV, em diversos formatos — videocasts, painéis online, séries especiais e um suplemento trimestral dedicado às pautas de desenvolvimento. O jornalista Rodrigo Lopes será o embaixador desta nova fase do movimento.

Um dos pilares da iniciativa, o Painel de Reconstrução — ferramenta do GZH criada no início do movimento — continuará ativo, monitorando o uso de recursos públicos e o andamento dos projetos de recuperação do estado.

Mais do que um projeto de comunicação, “Pra cima, Rio Grande” continua sendo um chamado à responsabilidade compartilhada. Um movimento que une o poder da informação, da iniciativa privada e da sociedade em torno de um propósito comum: fazer do Rio Grande do Sul um exemplo de reconstrução, cooperação, desenvolvimento e futuro.

 

 

A inteligência artificial está acelerando, mas o conteúdo é o que impulsiona o marketing B2B

Por Mário Soma, CEO e Head of B2B da Pólvora Communications

 

A Inteligência Artificial (IA) é, sem dúvida, o principal player do marketing B2B em 2025. Ela redefine processos, automatiza tarefas e expande as oportunidades de atuação de profissionais e empresas.

Mas em meio à velocidade e eficiência proporcionadas pela tecnologia, uma pergunta permanece essencial: quem dá sentido a tudo isso? A resposta, mais do que nunca, está no conteúdo.

 

A jornada B2B continua exigindo substância

O processo de compra B2B continua complexo, racional e coletivo. Envolve várias camadas de tomada de decisão, múltiplos stakeholders e um longo ciclo de consideração. Antes de qualquer conversa de vendas, os compradores B2B se envolvem, em média, em mais de dez interações com conteúdo digital — e é durante esse processo que a confiança começa a ser construída.

Nesse contexto, o conteúdo atua como um consultor silencioso. Ele educa, orienta e posiciona a marca como uma líder legítima do setor. Mesmo com o avanço da IA, o que convence não é a velocidade da entrega, mas a profundidade da mensagem . Artigos técnicos, estudos de caso e análises aprofundadas continuam sendo a base da tomada de decisões.

Afinal, nenhuma postagem curta pode substituir o poder de um insight bem estruturado.

A IA está acelerando, mas somos nós que definimos o curso

É fácil se deixar levar pelas possibilidades da IA. Ela é eficiente, escalável e precisa. Mas a estratégia, o propósito e a direção permanecem humanos.

Sem uma narrativa clara, a IA corre o risco de se tornar apenas um mecanismo de execução — rápido, mas vazio. O verdadeiro diferencial está na capacidade de unir dados e propósito, velocidade e significado.

O ROI não vem da automação, mas sim do significado por trás dela.

O formato muda, mas a essência permanece

Novas siglas, metodologias e estruturas surgem a cada ano. Mas, em essência, todas giram em torno da mesma coisa: conteúdo.

O Marketing Baseado em Contas (ABM) impulsionado por IA ainda depende de personalização inteligente e relevância para cada parte interessada. O social selling não depende da quantidade de postagens, mas da qualidade das ideias que geram reflexão. E o marketing de vídeo, mesmo com novas plataformas e formatos, continua a servir ao mesmo propósito: transmitir conhecimento de forma envolvente e humana.

 

O humano continua sendo o que dá sentido

Embora a IA assuma o papel de aceleradora, cabe ao conteúdo sustentar o significado. E o significado surge da empatia, da observação e da experiência.

Em um mundo onde tudo pode ser automatizado, o que se torna escasso — e, portanto, valioso — é a interpretação humana das nuances. Transformar dados em histórias e histórias em confiança é onde a tecnologia e a humanidade realmente se encontram.

Afinal, empresas compram de empresas, mas as decisões são sempre tomadas por pessoas.

Talvez a grande questão de 2025 não seja “como usar a IA?”, mas “o que queremos dizer por meio dela?” Por mais poderosa que seja, a Inteligência Artificial precisa de algo essencial para fazer sentido: conteúdo com verdade, propósito e direção.

 

 

 

 

 

Share on facebook
Share on linkedin
Share on whatsapp
Rolar para cima

Utilizamos cookies para melhorar a sua experiência de acordo com a nossa
Política de Privacidade ao continuar navegando você concorda com estas condições.