Nos artigos que publicamos hoje, você vai ler sobre, o quarto episódio de nossa série ESTRELADOS, como os creatos usarão a IA em 2025, o futuro do varejo, qual IA está mais preparada, SBT expende o seu streaming, a importância de Aristóteles, Millennials e Geração Z estão redefinindo a forma de se apresentar no mercado de trabalho, Como fortalecer a autoestima depois dos 50, o começo do fim dos professores e o futuro do consumo.
Lembramos que a Coluna do Nenê, com seus comentários, notas e opiniões voltará em março ou em alguma edição extraordinária. Até lá fique com os artigos que acreditamos serem os mais pertinentes ao mercado.
Tá no ar o quarto episódio da Série ESTRELADOS
Por Redação Clonuna do Nenê
Nossa série ESTRELADOS recebe,no seu quarto episódio, o time da Eletromídia para contar a emoção de ser bicampeão do Salão ARP.Um bate papo leve e descontraído com quem fez história mais uma vez, Guilherme Valim, Viviane Cunha, Daison Santolin e Bruna Dalbem. Direção Geral da Cuentos y Circo – Agência Especializada em YouTube. Clica AQUI e vem conosco.
Como os creators usarão a IA em 2025, segundo a BrandLovers
Por Meio&Mensagem
De acordo com levantamento da Brand Lovers, 63% dos influenciadores já utilizam IA em suas produções de conteúdo, número que sobe para 90% para os próximos meses. O estudo ouviu mil creators de todos os portes, entre nano, micro, médios, macro e celebridades, com mais de 1 milhão de seguidores, em dezembro do último ano.
Entre os usos da IA, destacam-se a geração de ideias (62%), a criação de texto como legendas ou roteiros (61%) e planejamento de calendários e cronogramas (51%). Aparecem também análises de desempenho e insights de campanhas e edição de imagens ou vídeos, com 40% e 34% das respostas, respectivamente.
O estudo identificou, ainda, que os criadores deverão buscar a diversificação de plataformas, bem como novos formatos de monetização, como os vídeos curtos de até 60 segundos, tidos como uma tendência de 2025 para 94% dos respondentes.
No geral, 87% dos criadores de conteúdo esperam diversificar fontes de renda neste ano, dos quais 75% priorizarão parcerias com marcas e publicidade. Além disso, ainda que o Instagram e o TikTok liderem no marketing de influência, com 96% e 72% de adesão, mais da metade (57%) quer explorar novas redes sociais.
Em relação às parcerias, 80% esperam construir relações de longo prazo. Há uma expectativa também de que as partes envolvidas tenham mais agilidade nos pagamentos (56%) e flexibilidade criativa (54%).
No que diz respeito à profissionalização, a BrandLovers identificou que 74% da amostra deverá investir em equipamentos que melhorem suas produções, enquanto 54% pretendem fazer cursos de criação de conteúdo ou marketing digital.
O futuro do varejo está em colocar as pessoas no centro da transformação
Por Roberta Andrade
A NRF 2025 trouxe reflexões profundas sobre os rumos do varejo e do consumo. Entre tecnologias emergentes, novas dinâmicas de mercado e modelos inovadores, um fator se destacou: a importância das pessoas. O varejo do futuro já chegou e está acontecendo agora. Ele precisa ser construído sobre pilares de conexão, experiência e valor humano. E esses pilares precisam vir de dentro para fora, estando presentes no propósito da empresa e de seus colaboradores, para que sejam transmitidos com veracidade aos clientes.
O cenário atual: incerteza e necessidade de reinvenção
O varejo global enfrenta desafios significativos e cresce a passos lentos. Enquanto isso, gigantes como Walmart e Amazon seguem em uma disputa acirrada. Pela primeira vez na história, Walmart está prestes a perder seu posto como o maior varejista do mundo em faturamento para a Amazon. Como o cenário global e local está mudando em uma velocidade nunca antes vista, a previsibilidade de longo prazo se tornou complexa para todas as empresas do mercado, exigindo planejamentos mais ágeis e adaptáveis que consigam acompanhar a velocidade dessa transformação.
A transformação não se resume apenas à tecnologia, mas à forma como os negócios estão estruturando seus serviços. Cases como o Walmart GoLocal (mercado de compra sem fricção) e a Amazon Health (serviços de saúde) demonstram que o futuro do varejo está em oferecer soluções e experiências diferenciadas, e não apenas produtos. Mais do que nunca, o varejo precisa ter um olhar no futuro, melhorar serviços logísticos e a eficiência operacional. Mas, para além da estruturação da solução, é preciso ter as pessoas certas e capacitadas para operar o negócio e entregar a melhor experiência ao cliente.
A chave para o sucesso: desenvolver pessoas
Em um mundo em que a tecnologia é um meio, e não um fim, as empresas que melhor capacitarem seus colaboradores sairão na frente. Os aprendizados extraídos da NRF e do Retail Executive Summit apontam para a necessidade de formação contínua, desde a liderança até os colaboradores que estão na linha de frente desse atendimento.
Ter profissionais com perfis de fácil adaptação às mudanças nunca foi tão importante. Esse, por exemplo, tem sido um pilar fundamental no processo de transformação da Best Buy, conforme destacou a CEO, Corie Barry, durante a NRF 2025. A empresa atualmente não está com excelentes resultados financeiros e entrou em uma jornada de transformação e capacitação das pessoas como um dos pilares de transformação da Best Buy.
Nesse processo, alguns aspectos relacionados à liderança, capacitação das pessoas, capacidade de adaptação e experiência por meio da hospitalidade se destacaram:
Liderança inspiradora: O papel do líder não é apenas garantir processos, mas engajar e motivar. Conforme destacado por Marcos Gouvêa de Souza, ao final do Pós-NRF – Retail Trends 2025, “ninguém segue um líder pessimista”. O líder do futuro precisa equilibrar tecnologia, estratégia e humanização.
Capacitação rápida e contínua: O tempo de formação dos colaboradores precisa ser reduzido, sem comprometer a qualidade. Casos como o da Granado, que viu a necessidade de ter brasileiros à frente do negócio para ressaltar o propósito e a experiência da marca em solo internacional, mostram que um dos principais fatores para viabilizar a internacionalização das marcas só é possível quando há uma força de trabalho bem treinada.
Adaptação constante: “Mudança vai acontecer o tempo todo, então só quero os adaptáveis”, disse Jennifer Hyman, CEO da Rent The Runway, durante a NRF deste ano. Empresas devem priorizar talentos que saibam navegar por cenários voláteis e construir novas soluções.
Hospitalidade como diferencial: O conceito de omotenashi, aplicado no Japão e que significa “cuidar de todo o coração”, reforça a antecipação das necessidades do cliente. A cultura da hospitalidade e do encantamento deve fazer parte de uma rotina presente em todas as áreas de empresas varejistas e chegar até o time de vendas, possibilitando que essa experiência alcance o cliente. Esse foi um dos pontos ressaltados por Cristina Souza, CEO da Gouvêa Foodservice, durante o Retail Executive Summit.
Tendências que moldam o futuro do varejo
Para além das iniciativas que vão viabilizar que a cultura da empresa chegue à última milha, o varejista precisa estar atento a como irá estabelecer seu posicionamento de negócio para entregar a melhor experiência ao seu público. Tendo isso em vista, ressalto quatro grandes tendências apresentadas durante a NRF 2025, que acredito terem maior aderência e receptividade no mercado brasileiro e que vão impactar decisões estratégicas e, consequentemente, o desenvolvimento das pessoas nas empresas.
Experiências imersivas: O consumidor busca maior interação com produtos e serviços e quer se sentir parte do processo, imerso na experiência de compra em um nível nunca antes experenciado anteriormente. Não tem diversão, entretenimento ou algum prazer nesse processo de compra, não há motivo para sair de casa e a compra tende a ser realizada via plataformas digitais. Cases como o do Aston Martin (marca de carro de James Bond, dos filmes da franquia 007, que tem uma boutique destinada à personalização dos carros nos mínimos detalhes) e da FAO Schwarz (loja de brinquedos com espaços temáticos, imersivos e interativos, que convidam para o brincar e para a experimentação, incentivando a compra) mostram que a personalização e o entretenimento elevam o valor percebido da marca.
Hiperconveniência e baixa fricção: De acordo com uma pesquisa global realizada pela Accenture, 73% dos consumidores se sentem sobrecarregados com inúmeras opções de compra. Com o excesso de informação e a necessidade de tomada de decisão em todas as áreas de nossas vidas, empresas de varejo precisam pensar em como facilitar fluxos de compra, simplificando o processo e tornando a experiência mais intuitiva. IA e automação precisam ser utilizadas como meios para facilitar, e não complicar, a jornada do cliente.
Sustentabilidade como imperativo: Em tempos de opiniões polarizadas e julgamentos enviesados e extremistas, muitas marcas decidem reforçar seu compromisso com a sustentabilidade e o consumo consciente. Mudanças climáticas bruscas estão afetando condições básicas de saúde de comunidades em âmbito global, e empresas privadas já entenderam que esse precisa ser um compromisso de todos, e não somente do poder público. O mercado global, de forma geral, caminha para regulações ambientais mais rígidas. Modelos circulares, como o da Rent the Runway (que incentiva a economia circular e a visão da roupa como um investimento; “compro agora para alugar depois”), tornam-se estratégicos tanto para empresas quanto para consumidores. Cecília Rapassi, CEO da Gouvêa Fashion Business, explica que “existem oportunidades de novas receitas a serem exploradas com o modelo da economia circular, mas é preciso investir e ter foco genuíno para desenvolver essas frentes. Os prejuízos causados pelo desequilíbrio climático virão a curto prazo, e as soluções para diminuir o impacto são urgentes.” Esse foi um dos temas ressaltados por Rapassi durante a Retail Trends 2025.
Wellness e propósito: Marcas como Lululemon reforçam que bem-estar e saúde mental estão no centro das decisões de consumo. Empresas que promovem ambientes de trabalho saudáveis também colhem melhores resultados, afinal, saúde mental será um dos principais problemas de saúde enfrentados pela população global, e as pessoas vão priorizar ambientes mais saudáveis para trabalhar, especialmente em empresas que possuem seu posicionamento atrelado a esse propósito. Isso eventualmente irá atrair também consumidores que buscam se relacionar de forma mais profunda e significativa com as marcas. Mais do que um local para atender a suas necessidades, as pessoas buscam comprar em marcas nas quais se sintam pertencentes e representadas.
O caminho para 2025 e além
O varejo de sucesso será aquele que equilibra tecnologia e humanização, automação e conexão. Lojas serão mais do que pontos de venda, tornando-se hubs logísticos, espaços de comunidade e centros de experiência e relacionamento.
Investir no desenvolvimento de pessoas não é apenas uma necessidade, mas uma estratégia de longo prazo. Em tempos de incerteza, é a força humana que garantirá resiliência e inovação para o futuro.
“Não existe outro caminho. É preciso aprender e trabalhar muito sempre”, ressaltou Vagner Correia, diretor do Iguatemi, ao destacar um de seus aprendizados, ao final do Retail Trends 2025, durante um bate-papo com Marcos Gouvêa de Souza, diretor-geral da Gouvêa Ecosystem, e Wellington Silva, diretor de Tecnologia da Riachuelo.
Para apoiar e promover o desenvolvimento contínuo, preparei um checklist de capacitação para o varejo, com o objetivo de viabilizar a formação de equipes de alta performance no seu negócio.
Qual IA está mais preparada? As diferenças entre DeepSeek, ChatGPT e Gemini
Por Redação C.B.Radar
Nos últimos anos, a inteligência artificial (IA) se transformou no cotidiano, sendo uma aliada em tarefas cotidianas como responder perguntas, realizar cálculos complexos e até em auxílios educacionais. Entre os assistentes mais conhecidos estão o DeepSeek, ChatGPT e Gemini, que possuem características específicas que impactam o desempenho de cada um em diversos contextos. O teste entre as IA’s foi feito pelo portal G1.
Qual IA está mais preparada? As diferenças entre DeepSeek, ChatGPT e Gemini
Um dos principais papéis de um assistente de IA é fornecer respostas precisas sobre fatos. No entanto, a precisão das respostas pode variar conforme a plataforma. O DeepSeek , por exemplo, com dados atualizados até julho de 2024, cometeu um erro ao afirmar que Joe Biden ainda era presidente, quando na realidade Donald Trump assumiu em janeiro de 2025. Já o ChatGPT , desenvolvido pela OpenAI, ofereceu a informação correta. Por outro lado, o Gemini prefere não comentar sobre questões políticas.
Quando se trata de eventos históricos, como a invasão ao Capitólio dos EUA em 2021, todos os assistentes identificaram corretamente o acontecimento. No entanto, suas interpretações sobre o significado desses eventos variaram, destacando as diferentes abordagens de cada IA na análise política .
Qual IA é mais eficiente para estudos e tarefas acadêmicas?
Quando o assunto é auxílio em estudos e tarefas , as diferenças entre os IAs se tornam ainda mais evidentes. Embora todas as plataformas possam realizar cálculos matemáticos e explicar conceitos complexos, suas abordagens e resultados são diferentes.
O DeepSeek tende a fornecer respostas completas, incluindo soluções apresentadas para exercícios, o que pode não ser o mais adequado para quem busca apenas desafios . O ChatGPT , por outro lado, oferece exercícios mais básicos e ajuda na compreensão de conceitos. O Gemini, criado pelo Google, se destaca ao criar atividades de diferentes níveis de dificuldade e ainda fornece dicas pedagógicas , o que é especialmente útil para educadores.
Quais são os recursos adicionais e limitações de cada IA?
Além das funções principais, cada assistente de IA tem capacidades extras e limitações específicas. O ChatGPT e o Gemini oferecem modos de voz que permitem interações mais naturais e intuitivas. Em contraste, o DeepSeek pode ser mais lento , especialmente ao usar o modo DeepThink, que detalha seu raciocínio.
Não que diz respeito à geração de imagens, tanto o ChatGPT quanto o Gemini possuem essa capacidade, embora o ChatGPT tenha restrições na versão gratuita. Todos os três assistentes oferecem suporte a anexos, podendo descrever imagens e textos de arquivos PDF. Contudo, o DeepSeek e o ChatGPT têm a vantagem de poder retomar conteúdo de outros sites, enquanto o Gemini exige que o texto completo para essa tarefa.
Por que o DeepSeek pode representar uma ameaça ao domínio dos EUA?
A ascensão do DeepSeek e sua popularidade crescente na China acenderam um debate sobre o impacto dos assistentes de IA não ocidentais no mercado global. A habilidade do DeepSeek de mostrar o raciocínio por trás das respostas é uma característica inovadora que pode desafiar o domínio das empresas americanas no setor de inteligência artificial.
Essa tecnologia de capacidade única do DeepSeek, aliada ao rápido avanço da chinesa, coloca a IA em uma posição de potencial ameaça ao protagonismo dos EUA nesse campo. Essa competição, no entanto, deve acelerar ainda mais o desenvolvimento de soluções avançadas, oferecendo vantagens para os usuários globais com soluções cada vez mais personalizadas.
Ao escolher entre DeepSeek, ChatGPT e Gemini, é importante compreender as diferenças-chave entre esses IAs, seja para respostas rápidas, auxílio em estudos, ou interações naturais. Cada um deles tem pontos fortes que podem ser explorados de acordo com as necessidades individuais, e o futuro da inteligência artificial promete trazer ainda mais inovações.
SBT expande seu streaming e chega à Roku com acesso gratuito
Por AcontecendoAqui
O +SBT chega a todos os produtos Roku, entre dispositivos de streaming e Roku TVs, antigos e novos, com mais de sete mil horas de entretenimento, que incluem uma combinação da programação em tempo real do SBT, canais FAST ao vivo, conteúdo sob demanda e produções originais.
A experiência de streaming vai permitir que se encontrem rapidamente “Fantasia”, “Curtindo Uma Viagem”, e os programas “Em Nome do Amor” com Silvio Santos e “A Praça É Nossa”, além de variado conteúdo disponível tanto no catálogo quanto nos cinco canais ao vivo.
No dia 21/2, no canal ao vivo +Saudade, os fãs de Chaves terão a oportunidade de comemorar o aniversário de Roberto Gomes Bolaños, criador deste personagem tão querido da TV mundial. Entrevistas com o elenco da série, uma encenação especial com os talentos do SBT e episódios icônicos estarão disponíveis para maratonar.
A partir da interface intuitiva dos dispositivos Roku, como o Roku Express e o Roku Express 4K, e das Roku TVs, fabricadas em parceria com as marcas AOC, Britânia, Multi, Philco e Semp, será ainda mais fácil e simples buscar as novelas, séries e documentários originais que compõem o catálogo do +SBT.
“O SBT sempre foi parte essencial da vida dos brasileiros e, agora, atendendo também aos pedidos dos nossos fãs, damos mais um passo importante: o +SBT chega à Roku! Estamos muito felizes e empolgados em expandir nosso streaming para uma plataforma tão relevante, garantindo que milhões de pessoas possam reviver momentos inesquecíveis da nossa programação e que novas gerações descubram a magia do nosso conteúdo de forma simples, intuitiva e totalmente gratuita. Essa parceria reforça nosso compromisso em levar entretenimento de qualidade para onde o público estiver, do jeito que ele quiser consumir e de forma democrática”, destaca o Gerente de Produtos Digitais do SBT, Leonardo de Pontes.
“Gerações inteiras que cresceram assistindo ao SBT vão adorar encontrar toda essa programação reunida no +SBT”, afirma a head de distribuição de conteúdo da Roku, Adriana Naves. “Através da plataforma Roku, conhecida globalmente por ser descomplicada e acessível, esse conteúdo chegará a um público ainda maior, especialmente aos mais jovens e aqueles que optaram pelo streaming e já não veem TV aberta ou por assinatura”.
‘Aristóteles não é simplesmente o filósofo mais importante, mas o ser humano mais importante que já viveu’
Por Dalia Ventura
“Aristóteles não é simplesmente o filósofo antigo mais importante, nem simplesmente o filósofo mais importante de todos os tempos; Aristóteles é o ser humano mais importante que já viveu”.
Essa afirmação foi feita pelo filósofo britânico John Sellars antes da publicação de seu livro, Aristóteles: Entendendo o Maior Filósofo do Mundo.
O título reflete o que motivou Sellars a escrever o livro: sua experiência como estudante de filosofia.
“Quando comecei, sabia muito bem que Aristóteles era uma figura importante, mas achei isso muito intimidador. Toda vez que eu tentava mergulhar em suas obras, quase imediatamente me perdia.”
No entanto, ele perseverou e aprendeu que “você precisa saber lê-lo”.
Como? “Lentamente”, diz.
Seu livro é uma amostra, que ele espera que nos encoraje a explorar os escritos do filósofo dos séculos IV e III AC, sirva como um guia ao longo do caminho e nos ajude a descobrir o quão brilhante ele é.
E ele é, mas “o maior do mundo”, “o maior de todos os tempos”, “o ser humano mais importante”?…
“Esse é o meu ponto de vista, e sei que existem outros acadêmicos que o compartilhariam, nem todos, é claro, mas eu não sou o único que pensa assim”, disse ele à BBC Mundo.
Certamente, mas as opiniões clamam por justificativa, especialmente se forem de um respeitado especialista em conhecimento como Sellars, professor de filosofia na Universidade Royal Holloway e autor das aclamadas “Palestras sobre estoicismo” e “palestras sobre epicurismo”.
Então, pedimos que ele nos convencesse.
Mas primeiro…
Relembrando brevemente
Aristóteles faz parte da tríade dourada da filosofia clássica completada por Sócrates e Platão.
Ele era originário do norte da Grécia e, aos 18 anos, foi estudar na Academia de Platão em Atenas, onde, por duas décadas, foi aluno e depois colega do grande pensador.
Com o tempo, embora sempre tenha reconhecido o quanto devia ao professor, ele se distanciou de suas ideias e desenvolveu suas próprias opiniões.
Após a morte de Platão, Aristóteles deixou Atenas e, depois de um tempo na Ásia Menor, mudou-se para a ilha grega de Lesbos, onde se dedicou ao estudo do mundo natural.
Anos depois, o rei Filipe da Macedônia o convidou de volta ao norte da Grécia para ensinar seu filho Alexandre, que mais tarde se tornaria conhecido como Alexandre, o Grande.
Quando Filipe foi assassinado enquanto Alexandre estava em sua grande campanha no Oriente Médio e na Índia, Aristóteles temeu por sua segurança e retornou a Atenas, onde fundou sua própria escola, o Liceu.
Ele tinha 50 anos. Ele morreu aos 62 anos, deixando para trás uma vasta biblioteca, incluindo seus próprios numerosos escritos.
De acordo com a Enciclopédia Britânica, as obras sobreviventes de Aristóteles, embora representem provavelmente apenas um quinto de sua produção total, somam cerca de um milhão de palavras.
Embora Sellars aceite que dizer que ele é a pessoa mais importante de todas seja uma afirmação aparentemente “selvagem, tão grandiloquente que parece uma hipérbole ultrajante”, a escala está do seu lado.
“Acho que ele é o maior em termos da escala de sua influência e do impacto que teve.”
“Ele contribuiu tanto para tantas coisas que ainda são relevantes hoje em dia que nem percebemos que elas estão conectadas a ele.”
Com água até os joelhos
Aristóteles não era apenas o protótipo de um filósofo sentado em uma academia ou palácio na Grécia Antiga, meditando com o olhar perdido à distância.
Como seu objeto de estudo era o mundo ao seu redor, ele também costumava fazer trabalho de campo, diz Sellars.
Quando ele partia para explorar a vida natural, ele “ia às praias e, com as águas até os joelhos, observava os animais, pegava insetos, peixes, caranguejos e polvos e depois os examinava”.
“Até então, ninguém havia tentado estudar sistematicamente os seres vivos.”
Assim, ele criou a disciplina de biologia.
Mas cuidado, isso não significa que suas conclusões estavam corretas. Na verdade, a maior parte do conhecimento que ele derivou de suas observações nesse campo está obsoleto.
No entanto, o fato de o que ele acreditava ser entendido ter sido provado falso não desvaloriza seu trabalho, porque no cerne de seu pensamento está que a evidência triunfa sobre a teoria.
“Toda teoria está aberta à refutação por meio de observações subsequentes, disse Aristóteles mais de uma vez”, enfatiza Sellars.
O que também é excepcional é a maneira pela qual ele buscou o conhecimento, que “lançou as bases da ciência empírica”.
“Refletindo sobre a natureza da ciência, ele criou um método para o pensamento científico, que foi outro avanço muito importante.”
E enquanto “ele estava tentando entender como os seres vivos funcionavam, ele desenvolveu uma abordagem que depois aplicou a outros campos.”
Outras águas
Por exemplo, Aristóteles adotou sua metodologia de conhecimento em seus estudos de política.
Para entender e escrever sobre isso, ele precisava de amostras, então “ele coletou cópias de todas as constituições das diferentes cidades do antigo mundo mediterrâneo”, diz Sellars.
Isso permitiu que ele comparasse e analisasse as diferentes cidades e comunidades.
Assim como os animais, os diferentes tipos de governos poderiam ser classificados – monarquias, oligarquias, democracias – e, com base em informações históricas, ter uma ideia de quais floresceram.
Foi uma abordagem muito científica que marcou o início das ciências sociais.
“A política pode ser um assunto acalorado e as pessoas têm opiniões fortes.”
“A ideia de tentar dar um passo atrás e adotar essa abordagem mais científica, coletando informações antes de fazer um julgamento, é uma forma muito madura de pensar sobre política que ainda não aprendemos totalmente”, diz o autor em entrevista à BBC Mundo.
Ele fez a mesma coisa quando explorou a literatura em sua obra poética.
“Para entender o drama grego, de uma forma muito científica, ele o desmontou e pensou em todos os diferentes elementos que contribuem para seu sucesso”, Sellars explica.
“Ele analisou o enredo, os personagens, a encenação — tudo o que é importante.”
“E, embora pareça muito óbvio agora, ele ressaltou que você precisa de um começo que dê ao público uma ideia de qual é a situação, depois a ação principal e, finalmente, uma resolução que não deixe pontas soltas, para que seja satisfatória para o público e eles possam sair com uma sensação de satisfação.”
Assim, ele estabeleceu os elementos básicos de uma boa história, com uma análise que ainda é usada hoje e que também deu origem à crítica literária.
Como se isso não bastasse
Assim, resume Sellars, Aristóteles foi “a primeira pessoa a estudar sistematicamente a política e a pensar a literatura e a ciência dessa maneira, e ele inventou a lógica formal, o que é uma grande conquista por si só”.
A lógica também?
“Ele foi o primeiro a estudar as estruturas do pensamento racional, inventando a lógica formal no processo e articulando claramente pela primeira vez os principais princípios lógicos, como a Lei do Meio Excluído: qualquer proposição só pode ser verdadeira ou falsa.”
“Essa divisão binária é a ideia fundamental subjacente ao mundo digital.”
Além disso, “Ética a Nicômaco foi provavelmente o livro de ética mais influente de todos os tempos”, diz Sellars.
Por quê?
O sistema filosófico e científico de Aristóteles se tornou a estrutura e o veículo tanto da escolástica cristã quanto da filosofia islâmica medieval. (Getty Images)
“Por causa da riqueza e complexidade da resposta que ele dá. Ele não simplifica. E ele reconhece todas as dificuldades reais de tentar viver uma vida humana.”
“Ele também traz seu espírito científico para o assunto.
“Temos que pensar primeiro sobre o que é um ser humano e quais são suas capacidades e habilidades, e depois sobre o que significaria ser um bom ser humano que usasse essas capacidades e habilidades da melhor maneira possível.”
Aristóteles acreditava que, além de crescer, se mover e se reproduzir, como outros seres vivos, nossa capacidade distinta é raciocinar: a grande maioria dos humanos adultos são seres pensantes… potencialmente.
“Para citar um exemplo que ele gostou, os olhos servem para ver; essa é a função deles. Se alguém tem olhos, mas nunca os abre, não se tornará olhos no sentido mais amplo”, ilustra Sellars.
Na mesma linha, “só somos seres verdadeiramente pensantes quando realmente pensamos”.
Ao fazer isso, exercitamos o fato de sermos humanos. E o que é ser um bom humano, então?
Social, curioso e racional
Um bom ser humano é aquele que, por um lado, usa sua razão, diz Sellars, acrescentando que existem várias maneiras de pensar sobre isso.
“Uma maneira de usarmos a razão é controlando os desejos e emoções irracionais que temos, impedindo que eles nos dominem.”
“Ou seja, se um ser humano adulto ainda é excessivamente emocional — fazendo birras quando não consegue o que quer e se comporta como uma criança — então você poderia dizer que ele nunca cresceu de verdade, nunca se tornou adulto de verdade, certo?”
“Aristóteles também insiste que somos seres sociais e é por isso que temos que nos dar bem com outras pessoas. Isso é absolutamente fundamental.”
“Outra coisa é que ele acha que, por natureza, somos curiosos, queremos conhecer e aprender, e que esse é um instinto humano natural.”
“Se quisermos florescer e viver uma vida boa, devemos ser sociais, curiosos e racionais”, diz Sellars em conversa com a BBC Mundo.
Os conceitos de Aristóteles continuam enraizados porque “ele moldou a maneira como pensamos.”
“Suas ideias e conceitos permearam nossa maneira natural de pensar a ponto de se tornarem imperceptíveis.”
O que você acha… o argumento de Sellars o convenceu?
*A entrevista com John Sellars foi reali8zada por ocasião do HAY Festival Cartagena, que este ano comemora 20 anos de existência na cidade do Caribe colombiano
Millennials e Geração Z estão redefinindo a forma de se apresentar no mercado de trabalho
Por Redação Mundo RH
Novas tecnologias, criatividade e personalização marcaram a evolução do currículo nas últimas décadas, porém, desafios como a automação excessiva e currículos genéricos testam a capacidade de recrutadores em identificar talentos.
As formas como os candidatos se apresentam no mercado de trabalho mudaram significativamente nas últimas décadas. O currículo, que antes seguia um padrão rígido e linear, hoje reflete inovação, tecnologia e personalização, especialmente entre Millennials e Geração Z. Segundo Cláudia Pereira, sócia-diretora de atração e seleção da Cia de Talentos – maior consultoria de educação para carreira da América Latina, esse movimento é resultado direto da adaptação às demandas de um mercado em constante transformação.
“Há 20 anos, os currículos eram impressos e focados em listar experiências e formações. Hoje, com a digitalização, eles evoluíram para um formato mais dinâmico que, muitas vezes, inclui links para portfólios, redes sociais e até vídeos de apresentação”, explica a executiva. “Essa transformação não é apenas tecnológica; é também cultural. As novas gerações trazem um olhar mais criativo e personalizado, mas é preciso equilibrar isso com clareza e relevância”, completa.
O aumento no uso de ferramentas de Inteligência Artificial para gerar currículos trouxe novos desafios para recrutadores. Segundo um estudo do Financial Times, até 50% dos currículos recebidos pelas empresas são criados por IA, resultando em documentos genéricos que não capturam a essência dos candidatos. “O volume crescente de currículos de baixa qualidade sobrecarrega os processos seletivos e dificulta a identificação de talentos realmente únicos. Apesar das inovações, há um resgate de métodos tradicionais – como entrevistas presenciais – para obter uma visão mais autêntica dos candidatos”, destaca Cláudia.
Neste cenário, a inovação encontra desafios também no excesso de automação: “O futuro do recrutamento dependerá de um equilíbrio entre o uso de tecnologias avançadas e abordagens humanizadas que valorizem a singularidade de cada profissional. As gerações mais jovens têm um papel fundamental nessa transformação, mas precisamos alinhar suas necessidades práticas às das empresas”.
Para atender às expectativas do mercado, Cláudia reforça a importância de uma estrutura bem definida, “independentemente do formato, um currículo deve priorizar informações essenciais, como resultados tangíveis, competências técnicas e alinhamento com a vaga. Personalização é bem-vinda, mas sempre com foco no profissionalismo”.
Personalização no currículo: diferencial ou exagero?
Currículos da Geração Z e dos Millennials têm se destacado pelos elementos personalizados e criativos, muitas vezes refletindo a identidade visual e os valores de seus criadores. Embora essa abordagem traga inovação, ela deve ser aplicada com cuidado para não comprometer a clareza e o impacto profissional.
“A personalização é importante por demonstrar atenção ao detalhe e alinhamento com a vaga, mas é essencial não perder de vista o objetivo principal do currículo: apresentar competências e resultados de forma clara e objetiva”, alerta Cláudia. Segundo a especialista, “um currículo bem estruturado começa com informações de contato, resumo profissional e as experiências mais relevantes, sempre em ordem cronológica inversa”.
Destacando o equilíbrio como chave para o sucesso, Cláudia também chama atenção para o impacto que a personalização pode ter em diferentes setores. “Em áreas criativas, como design e marketing, um currículo inovador pode ser um diferencial. No entanto, em setores mais tradicionais, como jurídicos ou financeiros, a criatividade precisa ser mais contida. A Geração Z é extremamente inovadora, mas precisa aprender a adaptar sua criatividade às expectativas do mercado de trabalho, mostrando flexibilidade e foco”, conclui.
Como fortalecer a autoestima depois dos 50, confira os 5 passos e comece hoje
Por Redação C.B. Radar
Conforme os anos passam, é comum que muitas pessoas enfrentem desafios relacionados à autoestima, especialmente após os 50 anos. A pressão social e os padrões de beleza impostos podem impactar significativamente a maneira como muitos se veem. Por isso, é essencial adotar práticas que ajudem a melhorar a autoestima e a promover o amor-próprio.
Psicólogos apontam que a padronização dos ideais estéticos é um dos principais fatores que contribuem para a baixa autoestima em mulheres com mais de 50 anos. Esses padrões criam expectativas irreais, levando a comparações prejudiciais. Reconhecer a beleza como algo subjetivo e pessoal é um passo fundamental para superar esses desafios.
Quais Práticas Podem Ajudar a Melhorar a Autoestima?
Para fortalecer a autoestima, é importante adotar certas práticas no dia a dia. A seguir, são apresentadas cinco práticas que podem ser incorporadas à rotina para estimular o amor-próprio e melhorar a autoimagem.
Evitar Comparações: Comparar-se com os outros pode ser um caminho perigoso. É vital lembrar que cada pessoa é única, com suas próprias qualidades e características.
Focar nos Pontos Positivos: Muitas vezes, a baixa autoestima está associada à tendência de se concentrar apenas nos aspectos negativos. Identificar e valorizar os pontos fortes pode ajudar a melhorar a percepção de si mesmo.
Cuidar da Saúde e Bem-Estar: Manter uma alimentação saudável, praticar exercícios físicos e garantir um sono de qualidade são fundamentais para o bem-estar físico e mental, contribuindo para uma autoestima mais elevada.
Reservar Tempo para Si: Momentos de autocuidado, como ler um livro, meditar ou viajar sozinho, são essenciais para aprender a apreciar a própria companhia.
Praticar Afirmações Positivas: Repetir frases motivadoras em voz alta pode ser eficaz para reforçar a autoconfiança e a autoestima. Frases como “eu sou capaz” e “eu sou único e especial” podem ser ditas diariamente.
Por Que as Afirmações Positivas São Importantes?
As afirmações positivas desempenham um papel crucial no fortalecimento da autoestima. Ao se concentrar nas qualidades admiradas em si mesmo, uma pessoa pode começar a mudar sua autopercepção. Esse exercício diário contribui para construir uma imagem mais positiva e realista de si.
Além disso, envolver-se em novas atividades e desafiar limites pessoais pode ser uma estratégia eficaz para aumentar a autoconfiança. .
Adicionalmente, a prática regular de exercícios físicos é de grande importância após os 50 anos. Com o avanço da idade, o condicionamento físico contribui não apenas para a saúde física, mas também para o bem-estar mental e emocional. Exercícios ajudam a liberar endorfinas, que são hormônios associados ao bem-estar e felicidade, além de melhorar a mobilidade e a força, fatores que influenciam diretamente na qualidade de vida e na percepção de si mesmo.
Por fim
Fortalecer a autoestima após os 50 anos requer dedicação e prática. Ao incorporar essas cinco práticas à rotina, é possível cultivar uma percepção mais positiva de si mesmo e promover o amor-próprio. A chave está em reconhecer a própria singularidade e valorizar as qualidades que fazem cada pessoa especial.
O começo do fim dos professores? Escola britânica já usa IA em salas de aula
Por John Monteiro
O David Game College, situado no coração de Londres, iniciou há cerca de seis meses um projeto inovador. O uso da inteligência artificial (IA) tem transformado a forma como os alunos se preparam para os exames de ensino médio.
Sob a supervisão de John Dalton, vice-diretor e professor de biologia, essa abordagem visa personalizar o aprendizado, substituindo parcialmente o papel tradicional do educador.
Neste projeto piloto, sete estudantes de ensino médio participam ativamente, com o uso de computadores em uma sala de aula dedicada. A IA avalia o desempenho deles com precisão, a fim de possibilitar um ensino mais adaptado às necessidades individuais.
Embora inovadora, a iniciativa é recebida com cautela por especialistas do setor. A pesquisadora Rose Luckin, docente do University College de Londres, destaca questionamentos quanto à capacidade da tecnologia de substituir totalmente professores em disciplinas variadas.
O projeto do David Game College surge em um momento em que o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, expressou seu compromisso de tornar o Reino Unido líder global em inteligência artificial.
Assim, o governo britânico vê na IA uma ferramenta potencial para auxiliar na organização de aulas e na correção de provas ao criar o assistente “Aila”, adaptado ao currículo escolar local.
Desafios e oportunidades com a IA
Embora a IA ofereça vantagens, como identificar lacunas no aprendizado e proporcionar um ensino mais personalizado, existem obstáculos a serem superados.
Rose Luckin considera o projeto do David Game College um “caso único”, mas destaca que é impossível prever imediatamente o impacto da IA no papel educacional. A pesquisadora sugere que testes contínuos são essenciais para compreender como a tecnologia vai se adaptar ao ensino.
A desigualdade no acesso à tecnologia é outro desafio significativo. O custo anual de 27.000 libras (aproximadamente R$ 200 mil*) do programa do David Game College ilustra esse ponto, pois é significativamente mais alto do que a média das escolas privadas no Reino Unido. Esse valor elevado enfatiza uma barreira elitista no acesso a tais inovações.
Primeiras impressões e expectativas futuras
Apesar das dúvidas iniciais, a aluna Massa Aldalate, de 15 anos, relata uma experiência positiva com o novo sistema. Ela reconhece que, embora inicialmente cética, a ferramenta provou ser eficaz em seu aprendizado. A adolescente, que tinha uma preferência por aulas de inglês com professor presencial, admite que a experiência com IA funcionou bem.
Enquanto o National Education Union, um dos principais sindicatos de professores, apoia a ênfase do governo em ferramentas digitais, seu secretário-geral, Daniel Kebede, ressalta a necessidade de investimentos substanciais como imprescindíveis para equipar as escolas com as tecnologias necessárias.
À medida que o projeto piloto avança, é crucial avaliar o impacto da IA na educação. A esperança é que tal inovação traga benefícios significativos, mas reconhece-se que ainda há um longo caminho a percorrer para entender completamente suas implicações.
Pós-NRF 2025: o futuro do consumo e as novas demandas do varejo
Por Cecília Rapassi
Estamos vivendo um momento único na história do consumo. De um lado, temos um mundo multigeracional, onde diferentes gerações não apenas coexistem, mas definem juntas as tendências do mercado. De outro, enfrentamos uma multipolarização, com consumidores cada vez mais divididos em suas prioridades, valores e comportamentos. Mas é justamente nesse cenário de contrastes que surge algo fascinante: a conexão entre opostos. Marcas que conseguem unir, por exemplo, tradição e inovação, luxo e acessibilidade, digital e físico têm mais condições de liderar o jogo. O varejo está passando por uma profunda transformação, impulsionada pelas mudanças nos comportamentos dos consumidores.
Com a evolução tecnológica e a busca constante por conveniência, as marcas precisam se reinventar para atender a um público cada vez mais exigente e diversificado. A NRF 2025 trouxe insights valiosos sobre esse cenário, destacando que as conexões humanas, a personalização e a experiência do cliente são os pilares fundamentais para o futuro do setor.
O consumo deixou de ser apenas transacional para se tornar emocional, um reflexo direto da busca por identificação, propósito e bem-estar. A “epidemia da solidão”, apontada pela Gallup, e a valorização do brincar como ferramenta de equilíbrio emocional, conforme estudos da WGSN, reforçam essa mudança de perspectiva. Emoções impulsionam decisões de compra e criam laços mais profundos entre consumidores e marcas.
As principais tendências para o varejo
Destacamos 5 importantes movimentos que devem ter maior força nos próximos anos:
Hiperconveniência
O tempo tornou-se um dos ativos mais valiosos dos dias atuais. Com rotinas cada vez mais aceleradas, os consumidores buscam agilidade e eficiência nas compras. Modelos como o Just Walk Out, da Amazon Go, que elimina fricções nas filas e nos pagamentos tradicionais, exemplificam como a tecnologia pode simplificar o processo de compra. No entanto, a hiperconveniência não se limita apenas à rapidez, mas também envolve acessibilidade, otimização de entregas e múltiplos canais de interação com a marca.
O fenômeno da fadiga de decisão, apontado pela WGSN, evidencia a necessidade de uma curadoria mais assertiva, reduzindo a sobrecarga de informações e opções disponíveis. O CEO da C&A Brasil, Paulo Correa, destacou na NRF as iniciativas bem-sucedidas da empresa nessa frente, impulsionadas pelo uso da Inteligência Artificial. Os consumidores não querem um excesso de escolhas, mas sim uma experiência personalizada que antecipe suas preferências.
Hiperpersonalização
A personalização de produtos, serviços e experiências se tornou essencial para a diferenciação competitiva. O paradoxo atual reside no equilíbrio entre automação e toque humano – enquanto a tecnologia proporciona escalabilidade, a intervenção humana garante autenticidade e refinamento dos algoritmos.
Marcas como a Aston Martin, que traz uma experiência de alfaiataria sob medida na criação de carros únicos, e a F.A.O Schwarz, que de forma lúdica e acessível permite que clientes criem brinquedos personalizados, demonstram como a customização pode levar o cliente para uma jornada única e de valor inestimável.
Experiências imersivas
Transformar o ambiente da marca, seja físico ou digital, em um espaço que desperte os sentidos é essencial para criar conexões emocionais e proporcionar entretenimento. Os consumidores modernos não buscam apenas produtos, mas experiências memoráveis que agreguem valor à jornada de compra.
A pesquisa “Consumidor do Amanhã”, divulgada pela Mosaiclab no Latam Retail Show, destaca a tendência taste the runway, que aponta a fusão entre moda e gastronomia como uma poderosa ferramenta de experiência de marca. Exemplos como The Blue Box Café, da Tiffany, Le Café Louis Vuitton e a Gucci Osteria demonstram como a integração de novos formatos pode fortalecer o relacionamento com o consumidor.
A Coach, por sua vez, apresentou na NRF suas apostas em experiências inovadoras, como cafés, beach clubs e pop-ups inusitadas, incluindo um avião desativado e um passeio de balão dentro de uma bolsa gigante. Essas estratégias reforçam o potencial do varejo experiencial na construção de uma identidade de marca forte e envolvente.
Sustentabilidade e economia circular
A emergência climática colocou a sustentabilidade no topo da agenda global, acima de qualquer governo ou opinião partidária. Cada vez mais, consumidores exigem transparência e compromisso real das marcas em relação ao impacto ambiental e social. Modelos de negócios baseados no reaproveitamento de materiais e no reúso estão conquistando maior adesão e credibilidade.
A economia circular, em especial, vem ganhando tração, e o case da marca Rent the Runway trouxe aspectos importantes sobre esse modelo de negócio. A CEO da empresa, Jennifer Hyman, defende o conceito de “roupas como um ativo financeiro”, no qual a decisão de compra pode ser influenciada pela revenda futura da peça – uma lógica similar à compra de automóveis. Além disso, a plataforma, que já funciona há 15 anos nos EUA, tem se consolidado como um importante canal de abertura de novos clientes para as marcas premium e de luxo.
Economia do bem-estar
O mercado de wellness está em ascensão, movimentando trilhões de dólares globalmente. No Brasil, essa tendência já representa um setor significativo, com consumidores buscando produtos e serviços que promovam saúde, equilíbrio e bem-estar.
Outros movimentos que refletem essa mudança de comportamento incluem a redução do número de casas noturnas no mundo e a menor adesão das novas gerações ao consumo de bebidas alcoólicas. A plataforma Strava, que reúne mais de 135 milhões de usuários em 190 países, publicou no seu report de dezembro de 2024 uma constatação de que os run clubs são os novos night clubs.
É no senso de comunidade, de estar próximo de pessoas com os mesmos valores, preferências e propósitos, que essa tendência se potencializa para o consumo.
Marcas que incorporam essa perspectiva em suas estratégias, seja por meio de produtos funcionais, iniciativas de autocuidado ou ambientes que favoreçam o bem-estar, conquistam uma vantagem competitiva significativa.
E agora, qual será o seu papel nessa transformação?
Em um mundo em que as distâncias entre gerações e entre marcas e consumidores estão cada vez menores, emergem movimentos que redefinem o papel do varejo na vida das pessoas. Para se destacar nesse cenário dinâmico, não basta apenas seguir tendências – é fundamental conhecer a essência do seu negócio, entender profundamente o seu público e criar estratégias sustentáveis de diferenciação.
A combinação entre tecnologia e conexões humanas será o elemento-chave para o sucesso dos negócios no futuro do varejo.
Usando o tema da NRF deste ano, convido à reflexão: Qual será o seu game changer?
Será uma nova experiência para o consumidor? Uma reconfiguração dos canais de venda? O desenvolvimento das pessoas que fazem seu negócio acontecer? O que você fará para não apenas se adaptar, mas para liderar a mudança?
2025 já começou, e o futuro do varejo depende das escolhas que fazemos hoje.