Nos artigos que publicamos hoje, lançamento do terceiro episódio da Série Estrelados, 50 Anos de uma gigante , planilha dos influenciadores, Prêmio iBest, falta de mão de obra, o desafio das redes sociais , o futuro do e-commerce, a inovação na eduacação, os valores do SuperBowl, Elon Musk X Sam Altman, o maior desafio da Geração Alfa, o Livro de Memórias de Bill Gates, o paradoxo da inovação e DeepSeek é uma inovação?
Lembramos que a Coluna do Nenê, com seus comentários, notas e opiniões voltará em março ou em alguma edição extraordinária. Até lá fique com os artigos que acreditamos serem os mais pertinentes ao mercado.
Lançamento do terceiro episódio da Série Estrelados
Por Redação Coluna do Nenê
No terceiro episódio da série ESTRELADOS, Nenê Zimermann recebe quem fez o maior Salão da Propaganda da história, a Diretoria da ARP. Um bate papo com bastidores, discussões sobre o futuro da propaganda e claro, muitos cometários sobre os premiados e as agências que tanta orgulham o mercado. Direção Geral da Cuentos y Circo, agência especializada em YouTube. Clica AQUI e vem conosco.
50 Anos da Olympikus
Por Márcio Callage via LinkedIn
Os 50 anos da Olympikus começaram da mesma forma que viemos construindo a marca nos últimos anos.
Nos conectando com a comunidade da corrida e dividindo nossas ideias.
Dessa vez foi a vez de apresentarmos a maior PESQUISA já realizado sobre CORRIDA no Brasil, numa parceria com a Box1824 .
Um estudo robusto, completo, em todo país, para trazer mais informações e conhecimento para todo ecossistema da corrida no Brasil, que qualquer um pode baixar gratuitamente.
O resumo da pesquisa está neste vídeo.
Quem quiser baixar o estudo completo, encontra nesse site
Seguimos assim no nosso compromisso de democratizar o acesso a alta performance.
Agora com um conteúdo inédito, que vai ajudar muita gente que vive esse mundo.
Orgulho fazer parte.
Parabéns a todos os envolvidos.
Para assistir ao vídeo, clica AQUI!
Cerimônia do Prêmio iBest será realizada em Porto Alegre
O maior encontro de influenciadores e criadores de conteúdo digital do país reunirá centenas dos maiores expoentes nacionaisA cerimônia de entrega dos prêmios iBest, a maior premiação do Brasil, será realizada pela primeira vez no Rio Grande do Sul, em Porto Alegre, nos dias 13 e 14 de fevereiro. Reconhecido por premiar em 109 categorias os melhores canais, criadores de conteúdo e influenciadores, o iBest é considerado como um “Oscar do Brasil”. Durante o processo de votação, mais de 30 milhões acessaram as plataformas digitais do iBest.Entre os mais de 200 finalistas com presença confirmada, destacam-se Peter Jordan, Flávio Augusto e Joel Jota, e entre os influenciadores gaúchos que também disputam o título de melhor do país estarão presentes Ana Hickmann, Juliano Cazarré e Carmo Dalla Vecchia.Para o CEO do iBest, Marcos Wettreich, o Prêmio é a principal ferramenta para a identificação dos influenciadores e conteúdos que mais atraem os brasileiros. E complementa: “Estamos orgulhosos de realizar a maior premiação do Brasil aqui no Rio Grande do Sul, em um momento tão importante para o Estado, valorizando a força e o impacto do RS para toda a comunidade digital no país”, salienta.Serão dois dias de programação. No primeiro, o governador Eduardo Leite receberá os finalistas no Palácio Piratini, em evento dedicado a discussões sobre sustentabilidade e os aprendizados pós-enchente. No segundo dia, acontecerá a cerimônia de premiação das 109 categorias, no Teatro Bourbon Country.Conforme o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, a realização do Prêmio iBest no estado representa o momento de retomada: “É uma grande satisfação sediar esta cerimônia que reúne os grandes nomes da internet. É também uma oportunidade do nosso Rio Grande mostrar seu progresso e resiliência após um ano de superação”, destaca.O Prêmio iBest 2024 é uma realização da iBest Global e conta com o apoio do Governo do Estado do Rio Grande do Sul como Estado Anfitrião e da Prefeitura de Porto Alegre como Cidade-sede, além do patrocínio do Banrisul e da Caixa.
Planilha dos influenciadores: o papel das agências na profissionalização do setor
Por Priscilla Oliveira
Na última semana, a internet foi tomada pela polêmica sobre a “planilha dos influenciadores”, um documento anônimo que avaliou mais de 80 personalidades populares no Instagram com base na experiência de quem já trabalhou com elas. O material viralizou, gerou críticas, elogios e levantou várias questões sobre o profissionalismo no universo digital e a forma como os influencers lidam com as marcas.
Entre os nomes citados estão Gil do Vigor, Sabrina Sato, Eliezer, Carla Diaz, Larissa Manoela, Álvaro e Malu Borges, entre outros. As avaliações, que atribuíam notas de 1 a 10, dividiam os influenciadores entre aqueles elogiados por sua conduta e outros criticados por falta de comprometimento ou comportamentos inadequados.
Carla Diaz, uma das mencionadas, levou a situação com bom humor. Após ser apontada como alguém que teria exagerado no pedido de sorvetes durante uma campanha publicitária, ela respondeu com uma postagem divertida: “Se a vida te der uma planilha, faça uma publi”.
Jennifer de Paula, especialista em Marketing e Negócios Interativos, destaca que o episódio serve como alerta para influenciadores e aspirantes escolherem assessorias realmente preparadas para trabalhar a imagem. “Ter uma grande audiência é importante, mas o mercado está valorizando cada vez mais aspectos como pontualidade, respeito ao cliente, clareza nas negociações e cumprimento de acordos. A imagem profissional é um ativo tão valioso quanto os números de seguidores”.
Jennifer pontua que o que se vê na planilha é que não foi apenas o comportamento dos influencers que causou a má impressão, mas também a má gestão das suas assessorias. “É fundamental cultivar uma boa relação com as marcas, entender os contratos, entregáveis, etc. Assessoria não é só agendamento, é ter uma visão 360° da área do cliente”, acrescenta.
A executiva lembra o case da Adriana Galisteu. “É preciso analisar o contratante para alinhar com a personalidade do influencer e criar algo bom para todos, como no caso da Galisteu, que realizou uma campanha com a Fiat se alinhando perfeitamente com seu tom humorístico. Esse sim é um bom exemplo de trabalho 360° de uma assessoria”, ressalta Jennifer.
Desafios e impactos do Marketing de influência
O caso expôs não apenas a falta de transparência em algumas parcerias, mas também a necessidade de maior profissionalização no Marketing de influência, um setor em rápida expansão, porém ainda carente de processos bem estruturados.
Para Adriano Santos, sócio da Tamer Comunicação, a repercussão do caso demonstra a importância de um alinhamento rigoroso entre as partes envolvidas. “O trabalho dos influenciadores transcende a simples criação de conteúdo. Eles operam dentro de um ecossistema altamente competitivo, onde a valorização da própria imagem e a construção de autoridade são fatores essenciais para a continuidade da carreira. Ao mesmo tempo, as marcas buscam retorno sobre o investimento feito nessas parcerias, o que pode gerar conflitos caso expectativas não estejam bem ajustadas desde o início”, explica.
O especialista também destaca que o mercado de influência digital ainda enfrenta dificuldades para estabelecer padrões e processos mais estruturados. “A velocidade com que novas plataformas surgem e tendências mudam torna o setor volátil. Muitos influenciadores começaram suas carreiras sem um planejamento formal, crescendo de forma orgânica. Isso faz com que questões fundamentais, como cumprimento de prazos, entregas de briefing e ajustes necessários em campanhas, sejam frequentemente negligenciadas”, afirma.
Outro ponto crítico levantado por ele é o impacto psicológico da profissão. Segundo Adriano, existe um imaginário coletivo de que ser influenciador é sinônimo de uma vida repleta de benefícios e glamour. A exposição constante, a necessidade de se manter relevante e a pressão por engajamento, no entanto, fazem com que muitos enfrentem desafios emocionais intensos, como ansiedade e depressão. “Quando a fama chega antes da estruturação profissional, esses problemas se agravam ainda mais”, alerta.
A solução passa pela formalização da relação entre marcas, agências e criadores. “Ter contratos bem definidos, estabelecer expectativas realistas e manter uma comunicação contínua são passos essenciais para evitar mal-entendidos e garantir entregas eficazes. Além disso, as agências e profissionais da área desempenham um papel crucial na mediação dessas parcerias, ajudando a criar um ambiente mais profissional e sustentável para todos os envolvidos”, ressalta.
O olhar da Mynd
Com atuais influenciadores da agência e outros que já fizeram parte do casting na planilha, tanto com elogios ou reclamações, a Mynd ressalta que problemas na relação entre marca e creator podem existir. “Como estamos falando de pessoas, existe sempre uma série de contratempos que podem acontecer e, sim, muitas vezes é difícil o cliente entender e o influenciador saber que pode causar problemas, mas que muitas vezes são inerentes ao dia a dia e suas escolhas. Ficamos atentos e muito felizes com todos que foram elogiados”, contou Fátima Pissarra, CEO da Mynd, em entrevista ao Mundo do Marketing.
Sobre as queixas que alguns influenciadores queriam opinar em cima do briefing, a executiva explica que a marca precisa entender que quando um influenciador “dá pitaco” o que ele quer é o sucesso da publicidade. “Normalmente o influenciador sabe a melhor forma de falar com seu público, a forma mais orgânica e que dá melhor resultado. Então realmente é importante o influenciador falar para a marca o que ele acha que não dará certo e principalmente falar o que ele acha que dará certo”, comenta.
Fátima afirma que muitos briefings vêm com palavras que o influenciador nunca falou na vida e é muito importante essa sinalização porque senão a propaganda deixa de ser orgânica, afetando diretamente a performance da marca.
“A marca também precisa entender que ela não está contratando um comercial de 30 segundos que passa nos canais de propaganda tradicionais. Ela está contratando um merchan no canal de uma pessoa e deve adaptar à linguagem usual do influenciador. Quanto mais “pitaco”, mais demonstra o interesse do influenciador em fazer dar certo. Por isso, quando o influenciador opinar é importante a marca e a agência prestarem atenção, ouvirem e tentarem adaptar. Com certeza o resultado da campanha será muito mais efetivo”, pontuou.
Pissara não vê o caso como polêmica, pois analisa que são opiniões sem identificação com percepções de uma pessoa. “Temos outras tantas que contratam os talentos, renovam e gostam de trabalhar com vários ali com análise negativa. Então estamos tratando como opinião pessoal de um dia de trabalho (em vários), o que é normal a pessoa um dia não estar bem. Acontece em todos os lugares e trabalhos. Por isso, analisamos e trabalhamos em constante melhorias dos processos e feedbacks”, afirmou.
Assim como os demais executivos, a CEO da Mynd afirma que essa planilha só reforça a importância que as agências de talentos exercem intermediando as conversas e tentando balizar as melhores ações entre talentos e marcas. “Estamos sempre abertos a levar o feedback aos nossos artistas, melhorando sempre seus desempenhos de serviços e excelência de entrega. Ficamos atentos e muito felizes com todos que foram elogiados”, concluiu.
Falta de mão de obra qualificada no Brasil é principal ameaça para importante setor, diz pesquisa
Por Alisson Fischer
A falta de mão de obra qualificada é a principal preocupação de 41% dos CEOs do setor de consumo no Brasil. Enquanto empresas investem em tecnologia e capacitação, desafios como segurança cibernética e sustentabilidade também preocupam.
Enquanto empresas correm para se adaptar às novas tecnologias e desafios econômicos, um obstáculo silencioso se impõe: a escassez de profissionais qualificados.
O impacto dessa deficiência pode ser maior do que se imagina, comprometendo a produtividade, os investimentos e até mesmo a sobrevivência de muitos negócios.
De acordo com a 28ª edição da Global CEO Survey, realizada pela PwC, 41% dos líderes empresariais do setor de consumo no Brasil apontam a falta de mão de obra qualificada como o principal risco para os negócios em 2024.
Perspectivas econômicas dividem opiniões
O otimismo moderado marca as previsões econômicas para 2024. No Brasil, 62% dos CEOs do setor de consumo esperam crescimento econômico local, um percentual inferior à média nacional de 73%.
No cenário global, 59% projetam avanço, um índice próximo à média mundial de 58%, mas bem abaixo dos 68% da percepção geral do país.
Além da mão de obra: outras ameaças no radar
Se a falta de qualificação preocupa, a segurança cibernética também não passa despercebida. Ameaças digitais foram citadas por 31% dos CEOs entrevistados, destacando os riscos de ataques hackers e vazamento de dados.
Segundo Luciana Medeiros, sócia da PwC Brasil, “a escassez de mão de obra qualificada domina as preocupações, reduzindo o foco em desafios igualmente críticos, como as disrupções tecnológicas”.
Empresas precisam se reinventar para sobreviver
O estudo também revelou um dado preocupante: 33% dos CEOs do setor acreditam que suas empresas não sobreviverão por mais 10 anos sem mudanças significativas.
Embora abaixo da média nacional de 45%, o percentual reforça a urgência da adaptação.
Para lidar com isso, 59% das empresas planejam expandir suas equipes em 2024, apostando na capacitação de funcionários e na adoção de novas estratégias.
Inteligência artificial: aliada ou desafio?
A tecnologia surge como um caminho para otimizar processos e preencher lacunas de qualificação.
63% dos CEOs afirmam que a IA generativa tem aumentado a eficiência da equipe, enquanto 82% planejam investir na tecnologia para capacitar seus colaboradores.
No entanto, o impacto financeiro ainda é discreto: apenas 34% dos entrevistados relatam aumento na receita e 31% em lucratividade, embora 57% esperem uma melhora na rentabilidade ainda em 2024.
Para Medeiros, “a IA já faz parte da gestão de estoques e da experiência do cliente, mas a integração plena ainda é um desafio”. Atualmente, 51% dos CEOs estão confiantes na implementação da tecnologia em processos-chave.
Pouca diversificação de mercado
Apesar dos desafios, a diversificação dos negócios ainda é limitada.
Nos últimos cinco anos, apenas 33% das empresas do setor de consumo no Brasil entraram em novos mercados, um percentual inferior à média nacional de 45%.
As principais apostas estão em setores como serviços financeiros, bem-estar e e-commerce. No entanto, a concorrência segue acirrada.
“Empresas de outras áreas podem facilmente ingressar no setor de consumo, pressionando os players tradicionais”, explica Medeiros.
Sustentabilidade e remuneração de executivos
Cada vez mais, a sustentabilidade está no centro das decisões corporativas. 62% dos CEOs brasileiros do setor de consumo afirmam que parte da remuneração variável dos executivos está atrelada a metas ambientais.
Embora relevante, o índice ainda é inferior à média nacional de 69%.
Além disso, 51% das empresas relataram redução de custos devido a iniciativas sustentáveis, apontando oportunidades para avanço.
O futuro do setor está ameaçado?
A falta de mão de obra qualificada, os desafios tecnológicos e a necessidade de reinvenção colocam em xeque o futuro do setor de consumo no Brasil.
As empresas estão investindo em capacitação e tecnologia, mas será o suficiente? O mercado conseguirá acompanhar a demanda crescente por profissionais especializados antes que o problema se torne irreversível?
Como a tecnologia está transformando a forma de aprender em todo o mundo
Por Carlos Santos
Nos últimos anos, o avanço tecnológico tem transformado profundamente o cenário educacional. As inovações em inteligência artificial e outras áreas estão revolucionando a forma como o conhecimento é transmitido e adquirido. Este artigo explora os principais avanços e os desafios que surgem à medida que essas tecnologias se entrelaçam com a educação moderna.
À medida que a inteligência artificial avança, sua integração no setor educacional se torna cada vez mais evidente. A IA generativa, por exemplo, é um dos componentes que mais têm impactado o ensino e a aprendizagem, oferecendo novas possibilidades e, ao mesmo tempo, levantando questões éticas significativas.
A inteligência artificial tem evoluído rapidamente, com avanços que vão além de simples automações. Tecnologias como o machine learning e o deep learning têm permitido o desenvolvimento de sistemas inteligentes capazes de realizar tarefas complexas.
IA generativa: Como está revolucionando diferentes setores?
A IA generativa está na vanguarda das tecnologias emergentes, sendo aplicada em diversos setores, incluindo a educação. Ela é responsável pela criação de conteúdo novo e original, desde textos a imagens, com base em dados existentes.
A capacidade de gerar material educativo personalizado permite uma experiência de aprendizado mais rica e eficaz para cada estudante, quebrando barreiras tradicionais do ensino massivo. Isso também é visto na criação de simulações e aplicações interativas que tornam o aprendizado mais envolvente.
Impacto da inteligência artificial na saúde e no trabalho
A influência da inteligência artificial vai além da educação, sendo crucial em áreas como saúde e trabalho. Na medicina, a IA auxilia no diagnóstico precoce de doenças, bem como no desenvolvimento de tratamentos personalizados, otimizando os resultados dos pacientes.
Enquanto a inteligência artificial oferece inúmeras oportunidades, também levanta questões éticas significativas. O uso responsável dessas tecnologias deve ser considerado para evitar discriminação e garantir a privacidade dos dados dos usuários.
Outros desafios incluem a necessidade de transparência nos algoritmos usados pela IA e o impacto que a automação pode ter no mercado de trabalho, onde muitas funções podem ser substituídas por sistemas inteligentes.
Tendências futuras para a inteligência artificial em 2025
Especula-se que até 2025 a inteligência artificial continuará a evoluir e influenciar diversos aspectos da vida humana. Previsões indicam avanços significativos em interfaces de treino por inteligência artificial, além de melhorias em sistemas de tradução automática, que facilitarão a comunicação global.
As tecnologias de IA prometem não só automatizar tarefas, mas também aumentar a capacidade humana de solucionar problemas complexos por meio de modelos preditivos altamente precisos. Porém, cabe a sociedade e governos criar diretrizes que regulem seu uso para garantir que tais inovações sejam benéficas para todos.
Sob medida digital: o futuro do e-commerce e as lições da NRF 2025
Por Fernanda Nascimento
O bom e velho “sob medida” está de roupa nova. Não, caro leitor, não vou falar de alfaiataria neste artigo. Nem de armários planejados. Mas, sim, esses dois nichos de negócio podem também se encaixar perfeitamente na reflexão que quero propor. O tema é amplo, rende pano pra manga, como se diz – e cada leitor pode vesti-lo à sua maneira. Afinal, foram muitos os insights colhidos na NRF 2025 que se aplicam a evoluções no e-commerce brasileiro, em todos os seus segmentos e variantes.
A influência da geração z no e-commerce
Está na moda falar em personalização, por exemplo. Mas precisamos ir além da estamparia dos lugares-comuns para costurar melhor os avanços e desafios relacionados ao tópico. Nesse sentido, saí da NRF, realizada em Nova Iorque, plena de ideias e com algumas constatações.
Em meio a muitas experimentações e outras tantas dúvidas, uma grande certeza é a de que a relação entre consumidores e marcas está sendo redefinida pela geração Z. Os debates no renomado evento de varejo reiteraram que as exigências, agora, chegam a novos patamares, para os quais convergem conceitos de tecnologia, omnicanalidade, cocriação, transparência e responsabilidade socioambiental, entre outras prerrogativas para conquistar clientes no mercado atual.
A IA generativa entra como catalisadora para acelerar a combinação entre tantos elementos. Seu uso percorre verticais distintas nos negócios. A GAP levou à NRF seus cases de uso da Inteligência artificial nas frentes de avatares virtuais e previsões de estoque.
De outro lado, fazendo-se valer do poder das redes sociais e dos algoritmos, programas como o Sephora Squad, que reúne influenciadores e embaixadores de beleza da marca, mostram-se excelentes ferramentas de engajamento da clientela. Pesquisa da Forbes Adviser e da Talk Research aponta que 46% da geração Z e 35% dos millennials preferem as mídias sociais a mecanismos mais tradicionais de pesquisa na hora de buscar referências de produtos ou serviços.
Seamless commerce: a nova tendência
Um ponto muito sensível dessa jornada é a necessidade de equilibrar as tantas variáveis da equação. O tecido do e-commerce precisa ser fluido, suave, e não uma colcha de retalhos. Precisa de conexões sutis e rapidamente ajustáveis em todas as etapas, da escolha ao pagamento, independentemente do canal utilizado. É o que passou a ser chamado de seamless commerce, ou comércio sem costura.
O conceito pressupõe a união do melhor dos dois mundos, o da expertise humana e o da inteligência das máquinas, para suprir os anseios despertados pela digitalização, os quais transitam também por dois universos diferentes e complementares – o virtual e o físico. Integrá-los por meio de estratégias como recomendações baseadas em dados e plataformas interativas foi outro dos assuntos debatidos na NFR 2025; nesse sentido, Claire´s e Roblox surgiram com soluções inspiradoras.
Esse tipo de integração não é mais diferencial, e sim expectativa. A ponto de, se for necessário desenhar aquilo de que necessita, o novo consumidor tomará a caneta, ou o mouse, das mãos do profissional da marca e ele mesmo, cliente, inventará o produto que saciará a sua demanda. Alguém aí falou em cocriação?
O consumidor já fez a revolução e tomou de vez o poder. Cabe às marcas aceitarem essa condição e jogar o jogo de acordo com as novas regras. Consumir, mais do que nunca, é uma experiência de parque de diversões, mas sem sustos fora de hora.
Proporcionar esse tour com eficiência e excelência requer a conciliação de comodidade, soluções de problemas, propósito e encantamento em jornadas únicas, feitas ao mesmo tempo em escala e sob medida, colocando a individualidade de cada cliente no centro de todo o processo.
O tratamento de dados precisa se equilibrar para entregar personalização sem ser invasivo na prospecção de informações. Físico e digital devem se complementar em harmonia, de acordo com as preferências de cada usuário e eliminando as fronteiras entre um e o outro ambiente.
A lista de to-dos é grande. Percorrê-la envolve investimentos na qualificação de profissionais para desempenhar funções mais complexas em cenários de integrações tecnológicas também mais avançadas. Todo esse arcabouço mira “Vossa Majestade, o cliente”. Ele está ansioso à espera. Você está pronto para atendê-lo?
Redes sociais: a possível diáspora
Por Outras Palavras
Após adesão das Big Techs à ultradireita, surge uma saída: redes federadas como Mastodom ou Bluesky, onde usuários do mundo todo usam a mesma plataforma, mas as regras de moderação são definidas por comunidades autônomas
Como chegamos aqui? O sistema centralizado de moderação de conteúdo, que começou a se fragmentar, foi moldado por uma combinação de valores políticos norte-americanos, normas sociais e realidades econômicas, como argumentou a pesquisadora e professora Kate Klonick na Revista de Direito de Harvard, em 2018.
O ensaio de Klonick, The New Governors, detalha como as políticas de governança das plataformas foram amplamente elaboradas por advogados dos EUA, cuja formação estava voltada para a Primeira Emenda à Constituição do país [– a que protege a “liberdade de expressão”].
Essas plataformas eram de propriedade privada e operadas por empresas, mas sua governança seguia o espírito da legislação norte-americana. No entanto, a maioria delas também considerava seu dever moderar conteúdos “obscenos, violentos ou de ódio”.
Isso se devia, em parte, ao desejo de serem vistas como ligadas a “boas práticas corporativas”, mas também era uma questão puramente pragmática: “A viabilidade econômica depende de atender às normas de discurso e comunidade dos usuários”, escreveu Klonick. Quando as plataformas criavam ambientes que atendiam às expectativas dos usuários, estes passavam mais tempo no site, e a receita poderia aumentar. Economia simples.
No entanto, enquanto as plataformas buscavam equilibrar responsabilidade corporativa, segurança dos usuários e viabilidade econômica, as regras tornaram-se cada vez mais pontos de conflito. As decisões de moderação de conteúdo passaram a ser vistas não como governança neutra, mas como julgamentos carregados de valores — declarações implícitas sobre quais vozes eram bem-vindas e quais não eram.
A remoção pelo Facebook da icônica foto Garota do Napal, em 2016 — devido à aplicação automatizada de regras contra nudez — provocou uma reação global, forçando a plataforma a reverter sua decisão e reconhecer as complexidades da moderação em larga escala.
Na mesma época, o Twitter enfrentou críticas por não responder adequadamente ao crescimento de propagandistas do Estado Islâmico e a campanhas de assédio como o Gamergate (um movimento online de 2014, supostamente sobre ética no jornalismo de games, mas amplamente visto como uma campanha de trolls contra mulheres do setor).
Esses incidentes ressaltaram as tensões entre a aplicação de padrões comunitários e a proteção da liberdade de expressão. Para muitos usuários, especialmente aqueles cujo discurso beirava o controverso ou ofensivo, os árbitros das grandes plataformas de tecnologia pareciam exercer um poder desproporcional, o que alimentava um sentimento de alienação e desconfiança.
À medida que essas forças convergiam e se consolidavam como o status quo da governança, aqueles que se sentiam insatisfeitos com esse modelo enfrentavam uma escolha clássica: sair ou protestar. Deveriam abandonar um produto ou uma comunidade em busca de opções melhores ou permanecer e expressar sua frustração, transformando-a em reivindicações por mudanças?
O economista alemão Albert Hirschman argumentou que a decisão entre sair ou se manifestar, para consumidores insatisfeitos, era mediada por um terceiro fator: a lealdade. A lealdade, esteja enraizada no patriotismo ou na afinidade com uma marca, pode manter os indivíduos ligados a uma instituição ou produto, tornando-os mais propensos a exigir mudanças do que simplesmente abandonar o espaço.
Durante anos, a lealdade às grandes plataformas tinha menos a ver com afeto e mais com realidades estruturais; o domínio monopolista e os poderosos efeitos de rede deixavam os usuários das redes sociais com poucas alternativas viáveis.
Havia poucos aplicativos com os recursos, a massa crítica ou o alcance necessários para atender às necessidades dos usuários em termos de entretenimento, conexão ou influência. Políticos e ideólogos também dependiam da escala das plataformas para propagar suas mensagens. As pessoas permaneciam, embora sua insatisfação crescesse.
A resposta foi a manifestação ativa. Políticos e grupos de defesa pressionaram as empresas para alterar suas políticas de forma a atender aos interesses de seus respectivos lados — um processo conhecido entre os estudiosos da moderação de conteúdo como “trabalhar os árbitros” (working the refs).
Em 2016, por exemplo, o “Trending Topicsgate” levou influenciadores de direita e veículos de mídia partidários a acusar o Facebook de supostamente rebaixar manchetes conservadoras em sua seção de tópicos em alta. Funcionou: o Facebook demitiu seus curadores humanos de notícias e reformulou o sistema. (O substituto, um algoritmo, rapidamente passou a espalhar manchetes sensacionalistas e falsas, incluindo algumas vindas de fábricas de trolls da Macedônia, até que a empresa finalmente decidiu eliminar o recurso.)
Organizações de inclinação progressista também “trabalharam os árbitros” ao longo dos anos, exercendo pressão para maximizar seus próprios interesses. Multidões partidárias online passaram a enxergar até mesmo decisões isoladas como evidência de um viés sistemático.
Decisões de moderação de conteúdo envolvendo disputas interpessoais aparentemente insignificantes eram ampliadas em controvérsias fabricadas — provas de que as plataformas estariam cedendo à política identitária ou perpetuando algum tipo de supremacia.
Havia um fundo de verdade: os moderadores realmente cometiam erros, ignoravam contextos e tomavam decisões equivocadas ao lidar com milhões de casos a cada trimestre. No entanto, à medida que a discordância se transformava em um esporte conflitivo, as plataformas se viram arbitrando uma guerra cultural cada vez mais intensa.
Esforços para impor ordem — para impedir que pessoas reais fossem vítimas de doxxing1, perseguição ou mesmo simples assédio — eram rotineiramente transformados em combustível para um novo ciclo de ressentimento tribal. Na direita, em particular, disputas sobre moderação foram reformuladas como batalhas existenciais sobre identidade política e liberdade de expressão.
O então presidente Donald Trump, em particular, irritado por ver seus tweets enganosos rotulados como tal, não foi sutil: passou a deslegitimar a própria moderação de conteúdo e a ameaçar ações regulatórias.
Intervenções básicas, como rótulos de verificação de fatos em declarações contestadas — e, às vezes, até a mera suspeita de intervenção (por exemplo, se um tweet não recebesse o engajamento esperado) — foram reformuladas como atos tirânicos de elites tecnológicas conspirando contra populistas de direita. Os árbitros deixaram de ser mediadores na guerra cultural; passaram a ser vistos como a oposição. À medida que essa narrativa se incorporava à identidade política da direita, o mercado respondeu oferecendo oportunidades de saída.
Plataformas como o Parler, que surgiu em 2018, foram criadas com o objetivo explícito de atender apoiadores de Trump, que agora acreditavam que as convencionais eram irremediavelmente tendenciosas. O Gettr e o Truth Social vieram em seguida, surgindo a partir de ressentimentos em torno da eleição de 2020 e dos distúrbios de 6 de janeiro. As novas plataformas alternativas de direita tinham árbitros do mesmo time, mas permaneceram pequenas — porque o preço a pagar era que havia poucos “liberais” para serem confrontados. Havia poucas oportunidades para brigas partidárias ou trolling. Havia poucos espectadores a serem potencialmente recrutados para uma causa preferida.
E assim, influenciadores políticos, figuras da mídia e políticos de todo o espectro continuaram a “trabalhar os árbitros” nas principais plataformas, onde as apostas — e as audiências — permaneciam muito maiores.
Então, em 2022, ocorreu uma mudança sísmica: Elon Musk, um verdadeiro crente na teoria dos árbitros corruptos, comprou o Twitter — e se autoproclamou o árbitro principal. A plataforma que ele passou a chamar de X sempre foi relativamente pequena, mas desproporcionalmente influente: sua concentração de pessoas obcecadas por mídia e política lhe rendeu o apelido de “praça pública”.
Mais precisamente, ela costumava funcionar como uma arena de gladiadores — um espaço caótico onde o consenso era moldado e indivíduos desavisados se tornavam os “personagens principais” de linchamentos virtuais.
Após a aquisição, Musk ofereceu uma “anistia” para aqueles que haviam caído em desgraça com os antigos árbitros — incluindo neonazistas declarados. Influenciadores de direita na plataforma aproveitaram a oportunidade para influenciar o novo árbitro com fervor, e Musk respondeu reformulando a governança de forma rápida e significativa a seu favor. Postagens que antes eram moderadas, como rumores infundados sobre eleições fraudadas ou o uso proposital de pronomes errados para pessoas transgênero, agora eram consideradas aceitáveis.
A insatisfação com o novo árbitro, as novas políticas e o ambiente geral do X levaram, assim, a um êxodo da esquerda política americana da plataforma. Inicialmente, as pessoas migraram para o Mastodon, que tinha a vantagem de já existir. Outra nova plataforma que entrou no mercado, o Bluesky, lançou sua versão beta com um modelo baseado apenas em convites, impulsionado por redes de indicação. A comunidade progressista rapidamente se estabeleceu na plataforma.
Em novembro de 2023, o Bluesky já contava com 2 milhões de usuários e reputação de ser um espaço fortemente alinhado à esquerda. Em julho de 2023, o “gorila de 800 quilos” entrou na competição pelos usuários insatisfeitos do Twitter: o Threads, da Meta.
Posicionado como um concorrente direto do X, o Threads se promoveu como uma plataforma “gerida de forma racional”, nas palavras do diretor de produtos Chris Cox. No entanto, a promessa de sanidade não protegeu o Threads das dinâmicas de “trabalhar os árbitros”. A decisão da liderança de restringir notícias políticas e bloquear algumas pesquisas relacionadas à pandemia gerou uma reação negativa de sua base de usuários, majoritariamente liberal (alguns dos quais passaram a promover o Bluesky como um lugar melhor para estar). Apesar dessas tensões, o Threads cresceu rapidamente, relatando 275 milhões de usuários ativos mensais até o final de outubro de 2024; era, como muitos usuários insatisfeitos suspiravam, melhor do que o X.
No entanto, em novembro de 2024, foi o crescimento do Bluesky que se acelerou dramaticamente, impulsionado pela reeleição de Trump e pelo alinhamento cada vez mais explícito de Musk com a extrema-direita. Musk, o usuário mais visível do X, bem como seu árbitro-chefe, tornou-se um defensor vocal de Trump e um propagador da teoria do roubo eleitoral, e os algoritmos de sua plataforma pareciam favorecê-lo, assim como seus aliados ideológicos.
A lealdade ao antigo Twitter diminuiu gradativamente entre os usuários mais influentes e ativos da plataforma. E assim, muitos optaram por sair: nas semanas seguintes à eleição, o Bluesky ultrapassou a marca de 25 milhões de usuários, impulsionado não tanto por seus recursos, mas pela insatisfação ideológica e pelo apelo de uma plataforma cuja governança parecia se alinhar mais de perto às normas progressistas.
Mas será que realmente se alinha?
Nova Governança, Novos Desafios
A Grande Descentralização — a migração das grandes plataformas centralizadas e padronizadas para espaços menores e ideologicamente distintos — é impulsionada por identidade política e insatisfação. No entanto, o mais interessante nessa última onda de migração é a tecnologia que sustenta o Bluesky, o Mastodon e o Threads — o que ela possibilita e o que ela limita inerentemente.
Essas plataformas priorizam algo fundamentalmente distinto de seus antecessores: a federação. Diferentemente das plataformas centralizadas, onde a curadoria e a moderação são controladas de cima para baixo, a federação se baseia em protocolos descentralizados — o ActivityPub para o Mastodon (que também é compatível com o Threads) e o AT Protocol para o Bluesky — que permitem abrigar os dados em servidores controlados pelos próprios usuários e transferem a moderação (e, em alguns casos, a curadoria) para o nível comunitário. Essa abordagem não apenas redefine a moderação; ela reestrutura a governança online em si. E isso porque, em grande escala, não há árbitros a serem influenciados.
É importante entender os ganhos e perdas. Se as plataformas centralizadas, com suas regras e algoritmos controlados de cima para baixo, são “jardins murados”, as redes sociais federadas podem ser melhor descritas como “jardins comunitários”, moldados por membros conectados por laços sociais ou geográficos frouxos e um interesse compartilhado em manter um espaço comunitário agradável.
Neste ambiente, conhecido tambem como “fediverso”, os usuários podem ingressar em servidores alinhados com seus interesses ou comunidades — ou criar os seus próprios. Geralmente, esses servidores são administrados por voluntários, que gerenciam os custos e estabelecem regras localmente.
A governança também é federada: embora todos os servidores do ActivityPub, por exemplo, compartilhem um protocolo tecnológico comum, cada um define suas próprias regras e normas e decide se deseja interagir com a rede mais ampla ou se isolar dela. Por exemplo, quando a plataforma Gab, declaradamente favorável a neonazistas, adotou o protocolo do Mastodon em 2019, outros servidores se desfederaram dela em massa, cortando laços e impedindo que o conteúdo do Gab chegasse a seus usuários. No entanto, o Gab persistiu e continuou a crescer, destacando uma das limitações importantes da federação: a desfederação pode isolar atores problemáticos, mas não os elimina.
As plataformas baseadas em protocolos oferecem um futuro potencial significativo para as redes sociais: um federalismo digital, onde a governança local se alinha a normas comunitárias específicas, mas permanece vagamente conectada a um todo maior. Para alguns usuários, a escala menor e o maior controle possível nas plataformas federadas são atrativos. No Bluesky — que, por enquanto, ainda é gerenciado por uma única instância, controlada pela equipe de desenvolvimento — os usuários mais experientes estão criando ferramentas para personalizar a experiência.
Há listas de bloqueio compartilháveis, feeds curados (visualizações que permitem aos usuários ver as postagens mais recentes sobre um tópico definido por um criador, como notícias, jardinagem ou esportes) e ferramentas de moderação gerenciadas pela comunidade, que permitem a aplicação de rótulos de categorização para postagens ou contas (“Conteúdo Adulto”, “Discurso de Ódio”, etc.). Esses recursos permitem que os usuários adaptem seu ambiente a seus valores e interesses, dando-lhes mais controle sobre quais postagens veem — desde discursos inflamados até nudez e política — e quais são ocultadas por um aviso ou completamente invisibilizadas. E embora, atualmente, haja um rotulador de conteúdo centralizado controlado pela equipe de moderação do Bluesky, os usuários também podem simplesmente desativá-lo.
Para alguns, esse nível de autonomia é atraente. No entanto, a maioria dos usuários nunca altera as configurações padrão de um aplicativo: o que eles realmente buscam é alívio do drama, do caos e do desalinhamento ideológico percebido em outros espaços. Eles não são atraídos por conceitos como “moderação componível” ou “governança federada” — muitos, na verdade, parecem nem compreender totalmente o que isso implica — mas sim pelo clima da instância.
O Bluesky, em sua missão de construir um protocolo que, no fim das contas, tornaria a moderação centralizada amplamente irrelevante, teve, no entanto, que quadruplicar rapidamente o tamanho de sua equipe de moderação à medida que os usuários inundaram a plataforma. E é por isso que é importante entender que a migração para longe dos árbitros centralizados traz compensações muito reais.
Sem uma governança centralizada, não há uma única autoridade para mediar questões sistêmicas ou aplicar regras de forma consistente. A descentralização impõe uma grande carga sobre os administradores das instâncias individuais, em sua maioria voluntários, que podem não ter as ferramentas, o tempo ou a capacidade para lidar com problemas complexos de forma eficaz.
Parte do meu próprio trabalho, por exemplo, tem se concentrado no grande desafio de lidar até mesmo com conteúdos explicitamente ilegais — como imagens de exploração infantil — no fediverso. A maioria dos servidores administrados por voluntários não está equipada para lidar com essas questões, o que expõe os administradores a responsabilidades legais e deixa os usuários vulneráveis.
A aplicação fragmentada das regras deixa brechas que atores mal-intencionados, incluindo manipuladores patrocinados por Estados e spammers, podem agir com relativa impunidade. A verificação de identidade é outro ponto fraco, levando a riscos de falsificação de identidade que as plataformas centralizadas normalmente gerenciam de maneira mais eficaz. Práticas de segurança inconsistentes entre servidores podem permitir que agentes mal-intencionados explorem os elos mais fracos.
Embora a federação ofereça mais autonomia aos usuários e promova diversidade, ela torna significativamente mais difícil combater danos sistêmicos ou coordenar respostas a ameaças como desinformação, assédio ou exploração. Além disso, como os administradores de servidores só podem moderar localmente — ou seja, só podem ocultar conteúdo no servidor que operam — postagens de um servidor podem se espalhar por toda a rede para outros servidores, havendo poucos recursos para sua contenção. Postagens promovendo pseudociências prejudiciais (“beber água sanitária cura o autismo”) ou doxxing podem persistir sem controle em alguns servidores, mesmo que outros rejeitem ou bloqueiem o conteúdo.
Além dos desafios de lidar com conteúdos ilegais ou prejudiciais, a Grande Descentralização levanta questões mais profundas sobre a coesão social. A fragmentação das plataformas agravará os silos ideológicos e corroerá ainda mais os espaços compartilhados necessários para o consenso e o compromisso?
Nossos espaços de comunicação moldam nossas normas e nossa política. As próprias ferramentas que agora permitem aos usuários fazer a curadoria de seus feeds e bloquear conteúdos indesejados podem também amplificar divisões ou reduzir a exposição a perspectivas divergentes. Listas de bloqueio criadas por comunidades, embora úteis para grupos específicos que buscam evitar trolls, são instrumentos brutos. Pessoas com visões mais nuançadas sobre questões polêmicas, como a política de aborto, podem acabar se autocensurando para evitar serem “rotuladas erroneamente” e excluídas. Eventos recentes no Bluesky ilustram esses desafios. O desafio do consenso não é mais apenas difícil — ele está sendo estruturalmente reforçado.
O que vem pela frente
Gostando ou não delas, as políticas centralizadas e a aplicação de regras de cima para baixo definiram a experiência das redes sociais em grandes plataformas como Facebook, Twitter e YouTube por duas décadas. Como Nilay Patel, do The Verge, disse, a moderação de conteúdo é “o produto” dessas plataformas. As decisões tomadas pelas equipes de moderação moldam não apenas o que os usuários veem, mas também o quão seguros ou ameaçados eles se sentem. Essas políticas tiveram efeitos profundos, não apenas em fenômenos sociais como a democracia e a coesão comunitária, mas também no bem-estar dos usuários individuais.
Se a Grande Descentralização continuar, essa experiência mudará.
A moderação centralizada, apesar de imperfeita, cara e opaca, ainda assim oferecia regras bem definidas, tecnologia sofisticada e equipes de aplicação profissionalizadas. As críticas a esses sistemas frequentemente surgiam de sua falta de transparência ou de erros ocasionais de grande repercussão, que alimentavam percepções de viés e insatisfação. Essa crise de legitimidade acabou inclinando a balança da manifestação ativa para a saída — e agora, a construção de um novo espaço público digital representa tanto um desafio quanto uma oportunidade.
Sim, existe o potencial para espaços online verdadeiramente democráticos, livres das relações desiguais que, até agora, definiram a relação entre plataformas e usuários. Mas a concretização desses espaços exigirá um trabalho significativo.
Também há a questão iminente da economia. As alternativas federadas precisam ser financeiramente sustentáveis se quiserem persistir. Atualmente, o Bluesky é financiado principalmente por capital de risco; já se falou na possibilidade de assinaturas pagas e recursos premium no futuro. Mas, se as últimas duas décadas de experimentação com redes sociais nos ensinaram algo, é que os incentivos econômicos inevitavelmente exercem um impacto desproporcional sobre a governança e a experiência do usuário
Tecnólogos (eu incluída) adoram falar sobre inovação mais rápida, melhor privacidade e controle mais granular do usuário como o futuro das redes sociais. Mas isso não é o que a maioria das pessoas pensa. A maioria dos usuários quer apenas bons serviços, riscos mínimos para seu bem-estar e um ambiente geralmente positivo e envolvente. Ironia: esses são precisamente os resultados que a moderação tentou oferecer.
O argumento de que os aspectos negativos da participação nas redes sociais — desinformação, doxxing e assédio — são emblemáticos do triunfo da “liberdade de expressão” foi amplamente rejeitado; muito poucos usuários realmente passam tempo em comunidades “absolutistas” onde vale tudo; o 8chan, por exemplo, nunca foi amplamente popular. E, no entanto, nossa incapacidade de concordar sobre normas e valores compartilhados, tanto online quanto offline, está nos empurrando para espaços online cada vez mais distintos.
Os usuários que estão migrando para o Bluesky estão sendo atraídos pela cultura de sua instância principal, que lembra um pouco o velho Twitter de 2014 — uma época mais simples e menos tóxica. Eles anseiam por um retorno a uma sociedade menos divisiva e hostil. Esse anseio reflete uma verdade mais profunda: as plataformas online não apenas refletem nossos valores offline; elas os influenciam ativamente.
As plataformas federadas nos darão a liberdade de curar nossa experiência online e criar comunidades onde nos sentimos confortáveis. Elas representam mais do que uma mudança tecnológica — são uma oportunidade de renovação democrática na esfera pública digital. Ao devolver a governança aos usuários e às comunidades, elas têm o potencial de reconstruir a confiança e a legitimidade de maneiras que as plataformas centralizadas já não conseguem mais.
No entanto, também correm o risco de fragmentar ainda mais nossa sociedade, à medida que os usuários abandonam os espaços compartilhados onde a coesão social mais ampla poderia ser construída.
A Grande Descentralização é um reflexo digitalizado de nossa política polarizada que, daqui para frente, também continuará a moldá-la.
Preço do comercial no Super Bowl ultrapassa US$ 8 milhões
Por Parker Herren, do AdAge
O preço do espaço publicitário no Super Bowl ultrapassou US$ 8 milhões por 30 segundos de exibição, segundo uma fonte com conhecimento das negociações. Isso acontece após uma demanda recorde pelo evento, que será transmitido em 9 de fevereiro pela Fox e Tubi, levando a emissora a criar uma lista de espera para marcas que disputam os espaços comerciais.
“Já vi mercados médios, mercados desafiadores e mercados fortes”, diz Mark Evans, chefe de vendas de publicidade da Fox Sports. “Este é, de longe, em todas as métricas mensuráveis, o melhor que já tivemos”, complementa. Evans não quis comentar preços específicos dos espaços publicitários.
Desde que anunciou a venda total dos espaços publicitários em novembro, a Fox revendeu cerca de 10 inserções durante o jogo, segundo Evans. A rotatividade desses anúncios é atribuída a fatores diversos, como a perspectiva econômica de algumas marcas e a desistência da State Farm, que liberou dois espaços.
Fox diz ter vendido todos os anúncios para o Super Bowl de 2025
Em um ano comum, esses cancelamentos tardios seriam difíceis de revender devido ao alto custo da publicidade no Super Bowl, mas as vagas abertas este ano foram revendidas instantaneamente, segundo Evans.
Os preços iniciais de um comercial de 30 segundos no Super Bowl deste ano começaram na faixa de US$ 7 milhões, segundo a Ad Age. Com o aumento da demanda, a Fox elevou os valores, primeiro para US$ 7,5 milhões e depois atingiu a marca inédita de US$ 8 milhões, tornando-se a primeira emissora a chegar a esse valor, de acordo com uma fonte com conhecimento das negociações. Considerando as vendas recentes na lista de espera, a Fox vendeu mais de 10 espaços por US$ 8 milhões ou mais, segundo a fonte.
Os setores que mais cresceram foram tecnologia — especialmente anúncios promovendo novos produtos de inteligência artificial — e o setor farmacêutico, que tradicionalmente tinha uma participação menor no evento, mas ganhou espaço este ano.
A Novartis fará sua estreia no Super Bowl com um anúncio de conscientização sobre o câncer de mama, enquanto a marca Hims & Hers promoverá medicamentos para perda de peso em sua primeira inserção no Big Game. Evans também destacou o crescimento da publicidade do setor de turismo no pós-pandemia.
A única categoria que diminuiu sua participação foi entretenimento. Evans afirmou que haverá menos investimentos de estúdios de cinema e serviços de streaming, algo que ele atribui à recuperação instável do setor cinematográfico após a pandemia e aos impactos das greves de Hollywood em 2023.
O Super Bowl LIX será o primeiro a ser transmitido simultaneamente no Tubi, o serviço de streaming gratuito da Fox com suporte publicitário. Evans afirmou que ainda não está claro como isso impactará a audiência do jogo, especialmente porque mais da metade dos usuários do Tubi são da Geração Z ou millennials, e 77% deles não têm acesso à TV a cabo. Por isso, ele acredita que a plataforma ajudará a aumentar a audiência geral, em vez de dividi-la.
De maneira geral, Evans atribui a força do mercado publicitário do Super Bowl deste ano à “migração natural dos dólares de redes a cabo e canais lineares, que ficaram disponíveis e ainda não foram realocados para um orçamento fixo”. Embora parte desse investimento esteja indo para o streaming e o digital, Evans ressalta que ambos têm um “ponto de saturação”, enquanto os esportes ao vivo continuam sendo a melhor opção para alcançar grandes audiências rapidamente.
Farpas entre Elon Musk e Sam Altman destaca tensão subjacente às disputas por recursos de IA
Por Gustavo Fleming Martins
O mercado global de inteligência artificial (IA) está vivenciando uma era de expansão sem precedentes, caracterizada pelo aumento contínuo de investimentos e pelo crescente interesse em soluções tecnológicas avançadas. A recente divulgação do projeto Stargate, anunciado pelo ex-presidente Donald Trump, exemplifica esta tendência. Com um orçamento proclamado de US$ 500 bilhões, envolvendo contribuições significativas de gigantes como SoftBank e o fundo de IA MGX do Oriente Médio, o projeto promete estabelecer infraestruturas robustas para suportar as demandas crescentes de processamento de IA.
Localizado em Abilene, Texas, o primeiro data center em construção, financiado inicialmente com US$ 100 bilhões, ilustra o comprometimento dos investidores com o desenvolvimento da IA nos Estados Unidos. Este investimento inicial não apenas fortalece a infraestrutura necessária para suportar cargas de trabalho complexas mas também sinaliza uma nova fase de maturidade econômica para a indústria de IA, onde a competição entre as principais empresas do setor, como a OpenAI e a xAI de Elon Musk, está se intensificando.
Essa competição foi recentemente evidenciada pela troca de farpas entre Elon Musk e Sam Altman, CEO da OpenAI, que destaca a tensão subjacente às disputas por recursos e influência. Enquanto Musk questiona a veracidade dos fundos anunciados para o Stargate, Altman defende o projeto como um avanço significativo para os interesses nacionais. Este diálogo entre dois líderes do setor não apenas realça o aspecto competitivo mas também sublinha a importância estratégica da IA para o desenvolvimento econômico e tecnológico futuro.
Além disso, a resposta de figuras proeminentes como Satya Nadella, CEO da Microsoft, que se comprometeu a investir US$ 80 bilhões em data centers de IA este ano, reforça a confiança no potencial de crescimento e na estabilidade do mercado de IA. Essa onda de investimentos massivos é indicativa do tamanho de mercado que a IA representa atualmente e das expectativas otimistas para o seu futuro.
A análise do crescimento do mercado de IA e os investimentos associados a ele oferecem uma visão clara do potencial econômico que a tecnologia mantém para transformar setores e impulsionar inovações. Com empresas e governos investindo bilhões em infraestrutura e desenvolvimento, o setor de IA não apenas promete revolucionar a maneira como vivemos e trabalhamos mas também estabelece um campo fértil para investidores e empresários.
Geração Alfa tem exatamente 5 anos para quebrar o ciclo que transformou Millenials e Geração Z em “nem-nem”
Por Vika Rosa
Desde tempos imemoriais, os mais velhos olham para os mais jovens com desconfiança. A ideia de que “a nova geração é pior que a anterior” é um ciclo que se repete desde a Grécia Antiga, passando pelo Império Romano e chegando até os dias de hoje. Agora, com a Geração Z já estabelecida no mercado de trabalho, a próxima na linha de fogo é a Geração Alfa.
Os Millennials foram chamados de nem-nem (jovens que não estudam nem trabalham), a Geração Z foi acusada de passividade e, em cinco até dez anos, veremos a Geração Alfa sendo alvo das mesmas críticas. Mas por que isso acontece? E, mais importante, por que insistimos em tratar as mudanças geracionais como um problema, e não como parte natural da evolução da sociedade?
A ilusão da ruptura tecnológica
Muito se fala sobre como a tecnologia impacta a forma como as gerações se comportam. No entanto, ao analisarmos a história, percebemos que esse argumento é superficial.
O verdadeiro ponto de virada acontece quando uma nova geração entra no mercado de trabalho e começa a transformar a dinâmica da sociedade. Esse momento marca o início dos conflitos intergeracionais.
Se olharmos para trás, veremos que essa resistência sempre existiu.
Sócrates (embora a frase não tenha comprovação histórica) teria dito que “os jovens de hoje amam o luxo, têm maus modos e não respeitam os mais velhos”. Cícero, no Império Romano, já reclamava que “os tempos são maus, as crianças não obedecem aos pais e todos escrevem livros”. Na Idade Média, bispos descreviam os jovens como “desrespeitosos, rebeldes e desenfreados”. O padrão se repete ao longo dos séculos.
O futuro da Geração Alfa
A Geração Alfa cresce em um contexto socioeconômico e tecnológico diferente do de suas antecessoras. O que era aceitável antes pode não ser mais. As prioridades mudam, os desafios se transformam e, com isso, a forma como os jovens se relacionam com o mundo também. Quando começarem a moldar o mercado de trabalho e a cultura, inevitavelmente surgirão críticas.
O verdadeiro problema não está nas novas gerações, mas na resistência das anteriores em aceitar que o mundo muda constantemente.
Em vez de enxergar essa evolução como uma ameaça, talvez seja hora de reconhecer que cada geração traz sua própria contribuição e que a transformação é inevitável.
Infância e Divórcio: em Livro de Memórias, Bill Gates Escreve sobre Sua Trajetória
Por FORBES
Bill Gates compartilhou detalhes sobre a sua infância “sortuda”, os anos em que “ficou viciado em programação” e sua crença de que, se crescesse nos dias de hoje, provavelmente seria diagnosticado “dentro do espectro autista”. As revelações do bilionário fundador da Microsoft fazem parte da divulgação de seu livro de memórias, que será lançado nos Estados Unidos em fevereiro.
“Source Code: My Beginnings” (“Código Fonte: Meu Começo”, em tradução livre) é o primeiro de três livros de memórias pessoais planejados por Gates. Nesta edição, o bilionário abordará momentos de sua infância e da fundação da Microsoft, até o final da década de 1970, quando a empresa assinou seu primeiro contrato com a Apple.
O The Wall Street Journal publicou um extenso trecho do livro, no qual Gates descreve sua adolescência, incluindo “expedições” pelas montanhas ao redor de Seattle com seus amigos, a escrita de códigos para um computador PDP-8 emprestado e o “timing sortudo” de ter nascido na época e nas circunstâncias certas para alcançar o sucesso.
Ele também reflete sobre como era obcecado por certos projetos, não percebia sinais sociais e “podia ser rude e inadequado, sem notar o impacto que causava nos outros” — características que ele associa ao que hoje é chamado de neurodiversidade. Gates afirma que, se estivesse crescendo atualmente, “provavelmente seria diagnosticado dentro do espectro do autismo”.
Em entrevista ao The Times de Londres, Gates mencionou que, nos primeiros anos escolares, sofreu ameaças de que precisaria repetir de ano. No entanto, ele acredita que ser “neurodivergente” foi essencial para desenvolver o software que mais tarde daria origem à Microsoft.
Ao promover o livro, Gates fez uma reflexão ampla sobre sua vida, falando sobre seus anos em Harvard, seu casamento e os princípios fundamentais que aprendeu em sua família.
Ele descreve a morte de seu melhor amigo e primeiro parceiro de negócios, Kent Evans, aos 17 anos, como “a única coisa negativa que aconteceu” em sua vida. Além disso, atribui sua determinação para o sucesso às fortes influências femininas em sua vida, como sua mãe e sua avó materna.
Fortuna segundo a Forbes
Gates tem uma fortuna estimada em US$ 107,8 bilhões, o que o coloca como a 13ª pessoa mais rica do mundo. Melinda French Gates tem um patrimônio estimado em US$ 30,4 bilhões, ocupando a 60ª posição no ranking de bilionários em tempo real.
O que esperar
Os próximos dois volumes do livro abordarão seus anos na Microsoft e sua atuação filantrópica, respectivamente, mas ainda não têm datas de lançamento definidas.
Citação essencial
“No livro, compartilho algumas das partes mais difíceis da minha juventude. Mas, ao longo dele, você também encontrará as histórias de muitas pessoas que acreditaram em mim, me desafiaram a crescer e me ajudaram a transformar minhas peculiaridades em forças”, afirmou Gates sobre Source Code: My Beginnings.
O que Bill Gates disse sobre seu divórcio com Melinda French Gates?
Na entrevista ao The Times, Gates classificou o fim de seu casamento de 27 anos com Melinda Gates como “o erro que mais me arrependo”. Source Code não deve abordar seu relacionamento ou o divórcio de 2021, mas ele falou ao jornal britânico sobre sua estrutura familiar, afirmando que seu casamento foi o que “me manteve com os pés no chão”.
Ele disse que sempre tentou replicar o casamento de 45 anos de seus pais e que ele e Melinda foram um bom par. Também mencionou que ela costumava incentivá-lo a se conectar mais com a família quando ele estava distante ou distraído. Gates considera o divórcio seu maior fracasso e afirmou que “há outros, mas nenhum que realmente importe”.
O que Bill Gates disse sobre Elon Musk?
Na mesma entrevista, Gates afirmou que não gosta das comparações feitas entre ele e o bilionário da Tesla, Elon Musk, que hoje é o homem mais rico do mundo e investe tempo e dinheiro influenciando a política global.
Musk, dono da rede social X (antigo Twitter), gastou cerca de US$ 250 milhões para ajudar a eleger Donald Trump e frequentemente opina sobre questões políticas internacionais, especialmente no Reino Unido. Gates classificou os embates online de Musk com líderes estrangeiros como “uma loucura” e chamou seu comportamento de “agitação populista”.
“É difícil entender por que alguém que tem uma fábrica de carros na China e outra na Alemanha, cujo negócio de foguetes depende fortemente de relações internacionais e administra cinco empresas, está obcecado com essa história de grooming no Reino Unido”, disse Gates sobre Musk. “Eu fico tipo: o quê?”
O que Bill Gates disse sobre Donald Trump?
Gates também falou sobre um jantar de três horas que teve com Trump em Mar-a-Lago, em dezembro, durante sua entrevista ao The Times. Embora os dois já tenham discordado no passado, Gates chamou Trump de “o homem mais poderoso do mundo” e disse que discutiram financiamento para a cura do HIV e da pólio, além de energia verde e energia nuclear.
“Preciso me manter próximo”, disse Gates. “Quem quer que consiga entusiasmar o presidente Trump com as coisas certas, isso é um trabalho divino.”
Contexto importante
Aos 69 anos, Gates é amplamente conhecido por cofundar a Microsoft em 1975. Ele atuou como presidente do conselho, CEO e presidente da empresa e, até 2014, era seu maior acionista individual. Durante grande parte das décadas de 2000 e 2010, foi o homem mais rico do mundo.
Gates é um defensor das energias renováveis e do combate às mudanças climáticas. Em 2000, ele e sua ex-esposa, Melinda, fundaram a Fundação Bill & Melinda Gates, por meio da qual já doaram mais de US$ 59 bilhões.
A fundação é uma das maiores organizações filantrópicas do mundo e financia projetos de saúde pública, além de promover a educação de mulheres e meninas em países em desenvolvimento, entre outras causas.
Bill e Melinda Gates foram dois dos três membros fundadores do The Giving Pledge, iniciativa que incentiva bilionários a doarem a maior parte de suas fortunas para a filantropia.
Gates tem três filhos com Melinda e dois netos. Atualmente, ele namora Paula Hurd, viúva do ex-CEO da Oracle e da Hewlett-Packard, Mark Hurd.
Snyder: DeepSeek é mesmo uma inovação?
Por Alexandre Borges
O jornalista Jason Snyder publicou na Forbes em que analisa o impacto da startup DeepSeek, que refinou tecnologias abertas criadas por gigantes como Google, OpenAI, Nvidia e Meta, levantando o debate sobre o papel da adaptação e da invenção na corrida pela liderança da inteligência artificial.
Embora o sucesso da DeepSeek tenha gerado comparações exageradas, como as que situam a China no topo da corrida tecnológica global, Snyder explica que o real significado da história está na crescente democratização da IA e em como a inovação aberta está moldando o setor.
A DeepSeek obteve destaque ao otimizar tecnologias existentes, como o modelo transformer do Google e o LLaMA da Meta, e aplicá-las de forma eficiente e acessível. Entre seus avanços, estão o treinamento em baixa precisão FP8 e a criação de modelos que facilitam tarefas como programação e cálculos científicos, tudo a custos reduzidos.
“A estratégia da DeepSeek não é reinventar a roda, mas torná-la mais acessível e eficiente”, escreve Snyder, ressaltando como a empresa se beneficiou de ecossistemas abertos. Ele aponta que a democratização promovida por tecnologias como o LLaMA abre espaço para que startups desafiem o domínio de gigantes tecnológicos.
Snyder questiona até que ponto os avanços da DeepSeek podem ser chamados de inovação. “Melhorar arquiteturas existentes sem criar algo disruptivo é suficiente para avançar a tecnologia?” Ele lembra que os bilhões investidos por Google, OpenAI, Meta e Nvidia são a base de grande parte das inovações atuais e alerta para o risco de o setor estagnar caso a ênfase permaneça em refinamentos incrementais.
As comparações com a corrida espacial e o momento Sputnik têm ecoado no Vale do Silício, onde figuras como Marc Andreessen destacam que o domínio de tecnologias abertas é estratégico para manter a competitividade global. No entanto, Snyder argumenta que essas narrativas precisam ser contextualizadas: “O impacto de iniciativas como a da DeepSeek está menos relacionado a disputas geopolíticas e mais à evolução do modelo colaborativo no setor de tecnologia.”
A história da DeepSeek ilustra como pequenas empresas podem competir utilizando o poder da inovação aberta, mas também levanta preocupações sobre o crédito dado aos criadores originais das tecnologias. “A verdadeira inovação vem não apenas da adaptação, mas da reinvenção, da criação de novos paradigmas e da coragem de ir além do conhecido”, conclui Snyder.
Em um cenário onde a IA é vista como o próximo campo de batalha econômico e estratégico, a trajetória da DeepSeek é um lembrete de que o futuro não será decidido apenas por quem inventa, mas por quem transforma invenções em algo amplamente acessível.
Quem é Jason Snyder
Jason Snyder é um jornalista americano especializado em tecnologia e inovação, com contribuições frequentes à Forbes. Seus artigos se destacam pela análise crítica e detalhada das tendências tecnológicas e suas implicações para a economia global e as disputas de liderança no setor.
O paradoxo da inovação: quando os inovadores se tornam obsoletos
Por Fernando Seabra
Todos os dias são criadas empresas no mundo todo. No Brasil, não é diferente, aliás, nosso país se destaca nesse quesito, pois é uma nação considerada empreendedora. Para se ter uma ideia, só em 2023 foram abertas 3,8 milhões de novas empresas por aqui que, juntas às demais abertas em anos anteriores, soma um contingente de 42 milhões de empreendedores.
Se os números são tão animadores por um lado, por outro sobra preocupação quando analisamos a quantidade de empresas que fecharam no mesmo período: 2,1 milhões. Esses dados mostram o quanto as empresas estão perdendo mercado e deixando de existir porque não criaram no seu dia a dia a cultura da Inovação ou de uma mentalidade inovadora. E o mundo dos negócios não costuma ser bonzinho com organizações desse tipo. Enquanto elas sucumbem à Inovação, outras empresas surgem com novos negócios para substitui-las.
Há exemplos históricos de empresas que até foram consideradas inovadoras ou disruptivas em algum momento, mas que se perderam por ficarem presas aos seus modelos de sucesso e caminharam rumo ao fracasso e à falência. A Kodak, gigante que chegou a dominar 90% do setor de câmeras e filmes fotográficos e que foi sinônimo de fotografia em todo o mundo, foi uma delas. Enquanto o mundo se encantava e se equipava com as máquinas fotográficas digitais, a empresa resistiu o quanto pôde a mudar a sua linha de produção.
Quando resolveu tomar uma atitude, era tarde demais. Seu nome já não era mais ligado à qualidade e tradição nesse tipo de equipamento. Anos depois, a divisão de filmes fotográficos fechou. Qual grande erro a Kodak cometeu? Acreditar que estava no mercado de produzir e vender filmes fotográficos e não entender que estava no mercado de eternizar memórias, não importava qual fosse a mídia.
Algo parecido aconteceu com a Blackberry, que chegou a dominar 50% do mercado de celulares estadunidenses. Na década de 2000, ter um aparelho desses era sinônimo de status pessoal e profissional, pois ele ia além de um mero telefone. Por meio dele, era possível consultar e-mails de qualquer lugar que você estivesse e abrir sites, entre outras funcionalidades. Mas o surgimento do iPhone mudou, mais uma vez, a relação do consumidor com o celular, e a Blackberry ignorou as novas tecnologias trazidas pela Apple. Em pouco tempo, a Blackberry perdeu a sua participação no mercado, ou seja, o seu market share e fechou as portas.
Outros exemplos foram a Blockbuster, que perdeu o timing e a oportunidade para o streaming, recusando uma proposta para a compra da Netflix, em 2000, e a Nokia, que já foi a maior fabricante de aparelhos móveis do mundo, mas não conseguiu se adaptar às mudanças trazidas pelos smartphones.
Por aqui, grandes empresas brasileiras também sofreram com esse efeito. A Varig, primeira companhia aérea do Brasil e que foi durante muitos anos a principal do país, começou a enfrentar na década de 1990 sérios problemas financeiros e operacionais. A companhia trabalhava com aviões muito antigos – que não agradavam aos clientes que viam outras empresas com frotas mais modernas – e que tinham um consumo de combustível maior se comparado com aviões mais novos.
Além disso, a empresa não modernizou seu modelo de gestão e continuou usando os antigos e ineficientes sistemas de gerenciamento de voos e manutenção. Com isso, não conseguiu competir com outras companhias aéreas, como a Gol e Tam (que depois virou a Latam), que já operavam com uma gestão mais eficaz, e assim em 2006 decretou falência.
Todas essas empresas passaram por um movimento natural no mundo dos negócios: a evolução. Esse cenário exige um esforço gigantesco por parte delas, um em que a Inovação deixa de ser um diferencial e passa a ser questão de sobrevivência e, consequentemente, de sucesso ou morte. É preciso enxergar a evolução para seguir em frente; do contrário, o risco de fechar as portas se torna iminente, como vimos nos casos citados.
Inovar, portanto, vai além de introduzir novidades, pois inclui ter diferencial estratégico, criar valor, explorar novas ideias, atender às necessidades do mercado e aumentar a competitividade. Quando eu coloco todos esses conceitos juntos, chego à conclusão de que inovar é transformar novas ideias em resultados. Afinal, não adianta ter uma ideia sensacional se ela não dá resultado ao ser implementada.
A Inovação impulsiona a evolução dos negócios e exige que as empresas estejam dispostas a se adaptar e encontrar novas abordagens para atender às necessidades dos consumidores. Assim, a capacidade de reinvenção é muito importante para se manter no mercado em um mundo em que a única certeza é a mudança.
E por não entender o que é a Inovação e como ela é importante para que empresas prosperem, muitos empreendedores continuam mantendo modelos de negócio ultrapassados ou até mesmo saem implementando qualquer coisa na sua empresa, copiando o que a concorrência está fazendo e acabam se dando mal. O que eles estão fazendo é só replicar modelos e não inovar.
Dessa maneira, a raiz do sofrimento e da falta de resultados de muitas empresas pode ser rastreada pela incapacidade de inovar, pela falta de conhecimento adequado ou até mesmo pela relutância em inovar. Isso mesmo! Há empreendedores que acreditam que não é preciso inovar, pois a evolução nunca vai atingir o seu negócio. Ele repete para si mesmo: “Meu negócio é muito sólido, tem muita estrutura e experiência, e estou há muito tempo neste ramo. Não preciso mudar”. Só isso já indica o início da derrota (o que claramente ocorreu com os exemplos citados ao longo deste artigo).
A incerteza quanto à como abordar a Inovação dentro das empresas cria uma barreira invisível que dificulta o avanço. E aí vem aquela sensação de desânimo, como se estivesse assistindo a uma corrida frenética, sem saber como entrar nela nem se manter com o próprio negócio, enquanto olha para o lado e vê outras empresas crescendo. Mas isso só acontece porque o conceito de Inovação é entendido de maneira errada. Afinal, como sempre digo, “Ninguém precisa inovar o tempo inteiro, mas deve-se pensar o tempo sobre a Inovação”.