IDADE NÃO É DOCUMENTO – 26.08.2022

Healthy group of mature people jogging on track at park. Happy senior couple running at park with african friends. Multiethnic middle aged friends exercising together outdoor.

Nos últimos anos temos visto o envelhecimento sendo tratado como um problema tanto econômico quanto social no mundo todo. Quando olhamos para países desenvolvidos, isso fica evidente ao analisarmos o déficit de população economicamente ativa e a grande necessidade de assistência às pessoas de mais idade.

Entretanto, segundo um estudo recente divulgado pelo IBGE, a população economicamente ativa — entre 17 e 70 anos — vem apresentando aumento constante desde a década de 90. Mesmo que encarar o envelhecimento como um problema seja estrutural, pois não estamos adaptados a flexibilizar o ganho de idade como algo normal e parte da sociedade, é possível notar um grande avanço quando falamos de valorização da experiência, longevidade e aumento da expectativa de vida.
O mercado de trabalho talvez tenha sido um dia o grande vilão dessa história. Até pouco tempo atrás, a experiência era facilmente descartada para a jovialidade nos recrutamentos. O preconceito e a descriminação tomavam conta dos departamentos responsáveis pelas contratações e afastava cada vez mais as pessoas com mais idade do mercado de trabalho. Mas isso tem mudado. Segundo o IBGE, em 2012, a porcentagem de indivíduos 60+ ativos era de 5,9%. Já em 2018, o índice aumentou para 7,2%, o que representa 7,5 milhões de idosos atuando como força de trabalho no Brasil. Em 2022 estes dados cresceram mais ainda em percentual de 8,5% e em trabalho de quase 10 milhões.
A atuação dos profissionais seniores está em crescimento graças ao entendimento da própria capacidade e da força de trabalho experiente. O preconceito é movido pela desinformação e ainda que o fator etário esteja associado à experiência e à sabedoria, por muito tempo o “envelhecimento” foi tratado como fragilidade e falta de autonomia.
Movimentos de empresas abrindo vagas afirmativas para pessoas com mais de 50 anos representam um chamado e uma necessidade de mudança de pensamento do mercado focado na inclusão de pessoas com mais idade, valorizando a experiência e oferecendo novas oportunidades para que essas pessoas se sintam úteis e continuem no mercado de trabalho,perfomando com muita competência.
A questão da juventude está atrelada à criatividade e ao desejo de conhecer, o tamanho do nosso desejo de aprender é a vitalidade da juventude que a gente tem. Tornou-se comum vermos pessoas com mais idade começando novos cursos, mudando de área de atuação, aprendendo coisas diferentes e ficando economicamente ativas por muito mais tempo.
Tempos atrás era comum encontrarmos profissionais com mais de 30 anos na mesma empresa ou, até mesmo, aqueles que tiveram apenas um emprego a vida toda, marca registrada a geração que ganhou o nome de Baby Boomer (nascidos de 1940 a 1960). Porém, com o aumento da expectativa de vida relacionado ao Índice de Desenvolvimento Humano, foi permitido ao ser humano se reinventar, mudar e recomeçar quantas vezes for necessário. Afinal, a nova juventude não tem idade, não tem validade e não tem preconceito. O grande X da questão está em abrir espaço para que todos possam se sentir pertencentes, úteis e capazes. Idade não é documento.

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