ESPECIAL INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL – 30.07.2025

Share on facebook
Share on linkedin
Share on whatsapp

Na coluna de hoje você vai ler artigos sobre IA que selecionamos para o nosso leitor, como: Como a Inteligência Artificial Está Mudando o Jogo no YouTube , Mulheres são mais pessimistas em relação à IA que homens, Relatório Especial sobre IA da Opinion Box, A revolução da inteligência artificial no setor financeiro e A ideologia da Inteligência Artificial.

 

Como a Inteligência Artificial Está Mudando o Jogo no YouTube

*Por Fernando Puhlmann

 

Crescimento mais rápido, decisões mais inteligentes e resultados reais — desde que você tenha a estratégia certa

Nos últimos anos, o YouTube se transformou no principal palco digital para quem deseja comunicar, vender, educar ou influenciar. Mas, com bilhões de vídeos disputando atenção, crescer de forma consistente se tornou um desafio real — mesmo para quem tem conteúdo de qualidade.

Nesse cenário, a inteligência artificial (IA) surge como uma aliada poderosa. E quando aplicada por profissionais com conhecimento profundo da plataforma, pode levar canais a outro patamar de performance.

 

O papel da IA no crescimento de canais

A inteligência artificial não apenas automatiza processos — ela revela padrões que antes passavam despercebidos. Com o uso de IA, é possível:

Analisar comportamento da audiência em tempo real

Identificar os melhores temas e formatos para cada canal

Melhorar títulos, thumbnails e roteiros com base em dados

Detectar pontos de queda na retenção e sugerir ajustes

Otimizar o tempo de publicação e frequência de vídeos

Ou seja, a IA permite decisões mais certeiras, economiza tempo e aumenta as chances de entregar o conteúdo certo para o público certo, na hora certa.

 

Mas só tecnologia não basta

Mesmo com toda essa inteligência disponível, ela só gera resultado real quando combinada a uma estratégia editorial bem definida, planejamento de longo prazo e domínio das regras do jogo do YouTube.

Por isso, ter uma agência especializada é o que separa o uso genérico da IA de um crescimento estruturado.

 

O que fazemos na Cuentos Y Circo

Na Cuentos Y Circo, somos especialistas em YouTube desde 2012. Integramos inteligência artificial aos nossos processos criativos e estratégicos para aumentar a performance dos canais que estão sob nossa direção.

Unimos dados, criatividade e experiência prática para:

Escolher os temas certos

Estruturar roteiros com alta retenção

Criar thumbnails que realmente funcionam

Monitorar e ajustar cada vídeo com base em performance

Tudo isso com uma equipe que entende profundamente como o algoritmo funciona — e, mais importante, como as pessoas assistem.

 

Resultados que falam por si

Nos últimos meses, os canais que dirigimos têm apresentado crescimentos consistentes em número de inscritos, visualizações e tempo de exibição. Combinamos tecnologia e conteúdo humano para criar experiências que o público quer ver — e o algoritmo quer recomendar.

 

Pronto para crescer de verdade?

Se você tem um canal no YouTube e quer ir além de “tentar fazer dar certo”, fale com a gente. Na Cuentos Y Circo, transformamos canais em projetos estratégicos de crescimento real, com escala, inteligência e profissionalismo.

Afinal, YouTube não é para amadores!

 

*Fernando Puhlmann é especialista em YouTube há 12 anos e diretor da Cuentos Y Circo, primeira agência parceira do YouTube na América Latina. Atuando ao lado da Giovanna Alvarenga  no crescimento estratégico de canais com foco em dados, inteligência artificial e storytelling de alta performance.

 

Mulheres são mais pessimistas em relação à IA que homens, diz estudo

Por Fernanda Pinotti

 

Uma pesquisa indica que as mulheres são 2,2 vezes mais pessimistas em relação aos impactos da inteligência artificial do que os homens.

O estudo – feito pela organização sem fins lucrativos Seismic Foundation – ouviu 10.122 pessoas de cinco países (França, Alemanha, Polônia, Reino Unido e Estados Unidos) através de questionários on-line, entre 16 e 23 de junho de 2025. Os dados foram divididos entre as seguintes variáveis: gênero, idade, região, escolaridade, etnia e último voto.

As pessoas ouvidas tiveram que responder se acreditam que a IA mudaria alguns aspectos para melhor ou para pior nos próximos cinco anos. Em todos os tópicos, mais homens responderam de maneira positiva do que as mulheres.

Segundo os pesquisadores, essa diferença na percepção relacionada ao gênero provavelmente está ligada à experiência, já que as mulheres costumam ser as mais afetadas por problemas já existentes que podem piorar com o avanço da IA – como os deepnudes ou o aumento no desemprego.

Uma pesquisa recente da Organização Internacional do Trabalho aponta que os trabalhos majoritariamente ocupados por mulheres, como os administrativos, serão os mais afetados pela inteligência artificial no futuro.

 

Quanto menor a renda, maior o pessimismo

Outro fator que influencia a percepção sobre inteligência artificial é a renda. A pesquisa da Seismic Foundation também observou que as pessoas de classes mais baixas expressaram maior preocupação com o avanço da IA do que as pessoas de classes mais altas.

Enquanto as preocupações de classes mais altas em relação à IA estão relacionadas a temas específicos, como privacidade, vigilância e confiança eleitoral, as classes mais baixas se preocupam de maneira mais geral, como o impacto da tecnologia na sociedade e na economia global.

Ao serem perguntados sobre como acham que a inteligência artificial vai impactar a vida de seus filhos, o mundo, a vida de grupos minoritários e a saúde mental das pessoas, as pessoas com baixa renda foram mais pessimistas que as de alta renda em todas essas categorias. A maior diferença na percepção foi registrada na pergunta sobre o futuro de seus filhos.

Os resultados enfatizam o medo de que a IA pode acentuar as desigualdades sociais, impactando diferentes grupos sociais de maneira distinta.

 

 

Relatório Especial sobre IA da Opinion Box

Por Pedro D’Angelo

 

Uma coisa é fato: a Inteligência Artificial já faz parte da rotina de milhões de pessoas, inclusive no ambiente de trabalho.

Segundo nossa pesquisa, 76% dos profissionais que já utilizam a tecnologia acreditam que o uso de IA nas empresas em que trabalham aumentou no último ano.

Mas o que os brasileiros realmente pensam sobre a IA? Eles confiam na tecnologia? Têm medo do que vem pela frente?

Você com certeza vai conseguir responder todas essas perguntas depois de ler nosso relatório exclusivo sobre a Inteligência Artificial no Brasil, em parceria com a CX Brain. Nele, você confere dados sobre percepções, expectativas e desafios enfrentados por quem convive com essa tecnologia.

Com essas informações, você poderá compreender melhor os impactos da Inteligência Artificial no mercado, nas empresas e no cotidiano das pessoas. Baixe AQUI o material gratuitamente e fique à frente nessa transformação!

 

A revolução da inteligência artificial no setor financeiro

Por Marcello Marin

 

Especialista em governança corporativa comenta as mudanças reais que a IA já provoca em bancos e fintechs e aponta onde ainda há muito terreno a conquistar

Longe de ser apenas um recurso tecnológico, a inteligência artificial virou parte do dia a dia dos bancos e fintechs. Hoje, decisões que demoravam dias são tomadas em minutos; fraudes são barradas assim que surgem; e o atendimento ao cliente deixa de ser robotizado para se tornar mais humano.

Com investimento crescente em tecnologia, o setor financeiro brasileiro vive uma nova fase de inovação. De acordo com aFederação Brasileira de Bancos(Febraban), os investimentos em tecnologia do setor devem chegar a R$ 47,8 bilhões em 2025, sendo 61% destinados a soluções de IA, big data e analytics. Neste cenário,Marcello Marin, contador, administrador e Mestre em Governança Corporativa, avalia que a adoção da IA já está gerando impactos diretos em áreas como concessão de crédito, detecção de fraudes e relacionamento com o cliente.

“A inteligência artificial tem transformado o cenário ao automatizar processos e agilizar a análise de dados. Hoje, decisões que antes levavam dias são tomadas em poucos minutos, com base em informações muito mais completas. Isso gera ganhos que vão da concessão de crédito à gestão de investimentos. O impacto principal é claro: eficiência com inteligência – menos tempo com planilhas, mais foco em estratégia”, afirma o especialista.

 

E como isso afeta o consumidor?

No relacionamento com o consumidor, a IA também tem desempenhado papel fundamental. Ferramentas baseadas em linguagem natural, como os novos chatbots e assistentes inteligentes, já estão proporcionando interações mais rápidas, fluidas e personalizadas, com atuação 24 horas por dia e integração com sistemas bancários. “Os chatbots já não são apenas listas de perguntas e respostas. São canais de conversa fluidos, disponíveis o tempo todo. A análise preditiva consegue antecipar o que o cliente precisa antes mesmo que ele solicite. E tudo isso com escala. O resultado é mais personalização e menos filas de espera”, explica Marcello.

No campo da segurança, a tecnologia tem sido usada para identificar comportamentos atípicos e sinalizar fraudes em tempo real. Segundoestimativas da ClearSale, as fraudes digitais devem ultrapassar R$4,5 bilhões em prejuízos neste ano, impulsionadas principalmente por deepfakes e bots cada vez mais sofisticados. Para Marin, o uso de IA é fundamental para lidar com esse cenário. “A inteligência artificial é capaz de identificar padrões que escapam à percepção humana. Ela detecta comportamentos fora da curva em tempo real, como uma compra incomum ou um acesso de IP diferente – e imediatamente bloqueia ou sinaliza. E quanto mais interage com dados, melhor se torna. É um sistema que aprende continuamente, tornando a proteção cada vez mais eficiente”, diz.

Apesar do avanço, ele observa que algumas áreas ainda têm baixa maturidade tecnológica. “Setores como tesouraria, auditoria e planejamento de longo prazo ainda estão em estágios iniciais. Existe muito espaço para que a IA deixe os ambientes de teste e seja aplicada de forma prática e estratégica nessas frentes”, aponta.

Segundo ele, a adoção estratégica passa por um processo estruturado, que começa com organização de dados e avança com projetos-piloto bem definidos. “Aplicar IA sem uma base de dados bem estruturada é agir no escuro. O ideal é começar pequeno – escolher um processo com uma dor clara e impacto direto, testar e medir os resultados. E, claro, garantir desde o início a governança, com foco em segurança, ética e explicabilidade. Esses elementos não são complementares, mas sim fundamentais”, conclui Marcello.

 

*Marcello Marin é contador, administrador, Mestre em Governança Corporativa e especialista em Recuperação Judicial.

 

A Inteligência Artificial deve falar com crianças?

Por Marta Amaral

 

Há alguns anos, Elon Musk descreveu a Inteligência Artificial (IA) como “mais perigosa do que armas nucleares”. Agora, anunciou oficialmente o lançamento do “Baby Grok”.

O anúncio foi feito numa publicação no X, onde o homem mais rico do mundo revelou uma aplicação de IA “dedicada a conteúdos adequados para crianças”. Não adiantou muitos detalhes sobre a app nem uma data oficial de lançamento, mas referiu-se a ela como “Baby Grok”.

Espera-se que este modelo seja diferente do Grok original, ou seja, não será apenas uma versão limitada, mas sim um chatbot treinado e ajustado desde o início com foco na “segurança, educação e moderação de conteúdo” para crianças.

Entre as principais diferenças poderá estar um filtro de linguagem mais rigoroso, a proibição de temas violentos ou “politicamente polémicos” e a inclusão de ferramentas que permitam o controlo parental.

Atualmente, as regras da xAI, empresa de Musk por trás do Grok, indicam que a versão atual do chatbot não é apropriada para menores de 13 anos.

A versão mais recente da IA da startup, o Grok-4, foi apresentada no início de julho como “o modelo mais inteligente do mundo”. Esta atualização inclui habilidades de raciocínio mais avançadas e integração de pesquisa em tempo real.

A notícia do Baby Grok ganha especial relevância poucas semanas depois do Grok original ter gerado controvérsia ao usar retórica antissemita e elogiar o líder nazi Adolf Hitler. Musk admitiu que o chatbot era “demasiado obediente aos comandos dos utilizadores” e foi “manipulado” para proferir declarações “inapropriadas”. Desde então, afirmou que o Grok foi “significativamente melhorado”.

 

Estamos perante uma tendência global de IA orientada para públicos vulneráveis?

Quando aparecem novas tecnologias, é normal que exista uma preocupação com os grupos que possam ser mais afetados pelo seu uso. A população idosa e o público infantil são especialmente vulneráveis, não só pela menor familiaridade com as ferramentas digitais, mas também pelas suas necessidades específicas.

Nesta ótica, os desenvolvedores veem nestes públicos um desafio e uma oportunidade para criar assistentes personalizados. Com uma população que vive cada vez mais tempo e pais preocupados com os riscos da má utilização da internet e da IA pelas crianças, cresce a tendência para desenvolver soluções inclusivas, acessíveis e seguras para estes grupos.

Já foram dados passos importantes por várias organizações. Para a população sénior, existem soluções como a Catalia Health (desenvolve assistentes virtuais para apoiar o cuidado da saúde), a ElliQ um robô social que utiliza IA para manter os idosos mentalmente ativos), e a CarePredict (usa sensores e IA para identificar alterações no dia a dia que possam indicar problemas de saúde).

Para as crianças, destacam-se a Khan Academy Kids  (uma plataforma educativa com recursos adaptativos baseados em IA que personalizam o ensino)  e o YouTube Kids (usa IA para filtrar conteúdos inadequados).

Com o Baby Grok, Elon Musk entra agora neste mercado específico da inteligência artificial para crianças. Esta abordagem visa criar soluções que respondam às necessidades e limitações particulares destes públicos, promovendo segurança e acessibilidade.

Alguns especialistas alertam que, apesar da proposta ser promissora, será necessário um esforço contínuo em auditoria, testes rigorosos e parcerias com instituições educativas para garantir que o Baby Grok cumpra o que promete.

A confiança do público, sobretudo quando envolve menores, exige cuidados redobrados e total transparência. Numa altura em que se discute a proibição do acesso de crianças às redes sociais, fará sentido criar uma inteligência artificial que lhes fala diretamente?

 

A ideologia da Inteligência Artificial

Por João Camargo

 

No capitalismo, a principal promessa da AI que conta é a possibilidade abstrata de tornar uma série de empregos redundantes ou desnecessários. O que interessa não é sequer torná-los redundantes ou desnecessários, mas simplesmente criar a ilusão de que podem abrir a porta ao despedimento de milhões, sem sequer ser preciso provar como é que a AI substituiria essas pessoas. É o eterno regresso ao “aumento da produtividade”, substituindo na teoria trabalho por tecnologia

Há mais de oitenta anos que são desenvolvidos modelos de informatização e automatização. Um certo sentido do ridículo fez com que a maior parte das pessoas que se dedicavam a essa pesquisa evitasse chamar-lhe “Inteligência Artificial”, ou AI. Acompanhando o espírito dos nossos tempos, os novos tecnolordes Musk, Thiel, Zuckerberg ou Bezos despejaram centenas de milhões nas redes sociais, na academia e na imprensa para promover o “boom” da “Inteligência Artificial” e normalizar esta expressão. Mas o seu projeto ideológico não é inovador.

AI são principalmente máquinas de síntese de textos (e em menor escala, máquinas de análise e classificação de imagens e padrões para os carros “autónomos” e deepfakes). Estas máquinas são incapazes de produzir nova informação, não “pensam” no que estão a escrever, usando apenas a probabilidade do que é que estará escrito a seguir, de acordo com as bases de dados com que foram programadas. Como tal, não está iminente uma tomada de consciência por parte de uma nova entidade que nos quer destruir como um Exterminador Implacável à la James Cameron. O que temos é propaganda, cujo objetivo principal é acelerar despedimentos, alimentar especulação financeira e desviar investimento e recursos para uma nova fuga para a frente das elites económicas e políticas.

A principal ilusão da AI para o grande público nem são as probabilidades que constroem textos e listas em geral coerentes, mas sim a fase de aprimoramento da resposta, uma nova camada de tinta que produz uma linguagem quase humana. Chamam-lhe “Inteligência Artificial”, mas o seu nome verdadeiro é Modelo de Linguagem de Grande Escala. Os mais famosos modelos são o ChatGPT, o Claude, o Gemini, o DeepSeek ou o MechaHitler (Grok).

Considerando o estado desastroso da informação na internet hoje, os modelos de linguagem já começam a sofrer de uma espécie de doença das vacas loucas. Tal como as vacas nos anos 90 adoeciam ao serem alimentadas por farinhas de osso e de carne de outras vacas, também os modelos de linguagem estão a degenerar ao serem programados com base em dados da internet, onde já há tanta quantidade de dados produzidos por outros modelos de linguagem, em particular o ChatGPT, que os erros podem avolumar-se até à incompreensão. Tal como a doença das vacas loucas também contaminava humanos, a AI está definitivamente a contaminar-nos.

As promessas que os tecnolordes e os políticos que alinham no furor da AI têm para nós são em geral falsas – as boas como as más. Os modelos de linguagem não vão acabar com a Humanidade nem substituir tarefas essenciais das sociedades e acabar com trabalho inútil. Estão na verdade a criar trabalho precário, mal pago e escondido, entre outros, pelas pessoas que têm de verificar que as respostas dadas pelos modelos são em linguagem polida e não o MechaHitler de Elon Musk a fazer apelos a genocídios judaicos e violações em massa. Isto não significa de maneira alguma que não haja já milhões de pessoas a ser despedidas no furor de que o ChatGPT ou outro modelo de linguagem as substitua. Muitas são recontratadas por menos salário pouco tempo depois.

Os modelos de linguagem atuais não produzem conhecimento além do que já está dentro das bases de dados que os programaram. Assistimos a declarações de negacionistas climáticos de que os modelos de linguagem resolverão a crise climática, mas isso é redundante. Os modelos que tenham como base textos científicos e décadas de negociações climáticas sabem como resolver a crise climática, que é de conhecimento público há décadas – acabar com a indústria fóssil no muito curto prazo. Os modelos que tenham como base pseudociência e conteúdos avulsos extraídos da internet despejarão lixo como resposta. Se o que entra na programação dos modelos é mau, o que sai só pode ser mau. A questão não é uma AI ser demasiado inteligente e acabar connosco, a questão é que não há inteligência envolvida. No entanto, os modelos de linguagem estão a começar a ser utilizados de forma generalizada, com algoritmos desconhecidos e privados, gerindo enormes quantidades de dados. É garantido que haverá má interpretação de dados e de pedidos que causarão danos irreparáveis (na saúde, em dados criminais, em sistemas energéticos, na atribuição de apoios sociais, como já aconteceu em vários países). As consequências ficarão sem culpados, já que os bilionários que disseminam a AI externalizam a sua responsabilidade por tudo isto com o aval das elites políticas.

A disseminação dos modelos de linguagem em grande escala corresponde a um projeto ideológico dos tecnolordes, vendendo a ideia de que os humanos são apenas versões orgânicas de computadores, reduzidos estritamente àquilo que podem produzir. No capitalismo, a principal promessa da AI que conta é a possibilidade abstrata de tornar uma série de empregos redundantes ou desnecessários. O que interessa não é sequer torná-los redundantes ou desnecessários, mas simplesmente criar a ilusão de que podem abrir a porta ao despedimento de milhões, sem sequer ser preciso provar como é que a AI substituiria essas pessoas. É o eterno regresso ao “aumento da produtividade”, substituindo na teoria trabalho por tecnologia. Para instalar este projeto ideológico em grande escala teria de ser normalizado o roubo generalizado de dados e o fim da privacidade, com sistemas de vigilância e punição permanente para os mais pobres. Isto nada tem que ver com um grande avanço tecnológico ou com qualquer disparate de consciência global, a mesma proposta é a mesma de sempre: tornar os ricos mais ricos à custa de quem trabalha.

A escala do projeto ideológico com base em “Inteligência Artificial” é catastrófica: substituir centenas de milhões de pessoas que trabalham em saúde, educação, justiça, ciência, serviços públicos e imprensa com a promessa vaga da automatização que permite despedir em massa. Este projeto ideológico implicaria ainda uma expansão massiva de datacenters e infraestrutura de redes, disparando as necessidades energéticas e materiais em plena crise climática. Aos tecnolordes e iludidos políticos que os apoiam interessa pouco que os modelos de linguagem da AI não consigam substituir a maior parte dos empregos que pretendem destruir. Os médicos dos tecnolordes continuarão a ser pessoas, como os seus professores, advogados e serviços de informação. Para a maior parte da população do mundo o que se poderia esperar de tal projeto é mais pobreza e uma degradação incomparável de quaisquer serviços públicos e privados, entregues a papagaios automáticos construídos com bases de dados contaminadas por outros papagaios automáticos.

 

 

 

Share on facebook
Share on linkedin
Share on whatsapp
Rolar para cima

Utilizamos cookies para melhorar a sua experiência de acordo com a nossa
Política de Privacidade ao continuar navegando você concorda com estas condições.