Você vai ler na coluna de hoje: Na era das certezas, criatividade ainda precisa do erro, Crianças e tecnologia: os efeitos do excesso de telas no corpo e no movimento, Como as marcas podem avaliar potenciais riscos de imagem e retornos por formatos de patrocínio e investimento, A evolução do OOH e o futuro que bate à porta, Por que 99% das empresas não atingiram suas metas esse ano?, Protestos da Geração Z na Ásia inspiram América do Sul, A IA pode ser uma aliada e Não, eu não sou filho da Irene Ravache.
Quer receber diariamente a Coluna do Nenê no seu WhatsApp?
Salve o número (51) 9440-7275 na sua agenda, nos dê um “OI” e receba, todos os dias, os artigos selecionados direto no seu celular.
Na era das certezas, criatividade ainda precisa do erro
Por Caio Fulgêncio
Tentar dar tiros certeiros, a partir de uma quantidade crescente de métricas, se tornou característica central nas estratégias de comunicação de agências e anunciantes. No entanto, apesar dessa busca constante por tomar as decisões mais corretas, a possibilidade de cometer erros continua sendo um ingrediente primordial para a fluidez da criatividade. O tema foi debatido nesta terça-feira, 30, no primeiro dia de Maximídia 2025.
Bruno Brux, CCO da Gut São Paulo, defendeu que construir um ambiente propício para fomentar ideias está diretamente relacionado a combate ao medo – inclusive o de errar. “Medo se espalha mais que gripe”, disse o executivo, ao explicar que decisões tomadas a partir desse lugar são as piores que podem ser tomadas.
Logo, conforme a opinião de Brux, é necessária a preocupação de que as agências sejam locais em que qualquer criativo se sinta confortável para expor suas ideias, mesmo que elas não sejam boas. Para isso, os líderes precisam também abrir espaços para conversas sem hierarquias. “É preciso se permitir estar nesse campo, batendo bola no nível de ideias, se expondo. É o melhor jeito de fazer”.
A vice-presidente de criação da BETC Havas, Sophie Schonburg, concorda: “As grandes ideias podem nascer da beleza do erro”. Porém, ela entende que, de fato, as métricas podem ser, muitas vezes, limitadoras, porque trata-se de uma ciência exata, o que, na teoria, é algo oposto ao cerne da criatividade.
“Sabemos que é preciso haver toda uma métrica que funcione e acho que o fator surpresa está sujeito a desaparecer. As certezas cortam muito o trabalho criativo. Se temos que ter certeza de que algo vai funcionar, teremos que começar a nos basear pela média e isso pode ser perigoso”, analisou Sophie.
Nesse sentido, para a vice-presidente, o bom cliente é o que tem coragem. Ou seja, é aquele que, de fato, dá o voto de confiança para a agência. “É uma relação de confiança, mas, para mim, ter uma pontinha de insegurança é importante. Ao querer estar totalmente seguro, me parece que você pode entrar, de novo, em um lugar mediano”, acrescentou.
A capacidade de errar inerente ao humano é, para o coCCO da Africa Creative Angerson Vieira, fator que ganha ainda mais destaque no contexto da inteligência artificial (IA). De acordo com o executivo, diante das mudanças que a tecnologia tem causado no cotidiano da criação, o momento é de se apegar ao que não muda.
“Temos que valorizar o que só a gente tem: nossa intuição. Em um trabalho, sempre gosto de olhar para o que está estranho, o que poderia parecer errado, porque o erro, às vezes, é o próprio acerto”, disse.
IA e a criatividade
Mesmo com toda a luz colocada sobre o tema da IA generativa, Sophie considerou que existe certa confusão quanto ao poder de transformação dessas tecnologias, muitas vezes vistas além do que são: ferramentas. O poder “criativo” da inteligência artificial, afirmou, não deveria estar na essência da ideia ou da evolução do setor.
Moderação, na opinião da vice-presidente de criação da BETC Havas, é a palavra-chave do momento, “para que a ferramenta não se torne maior do que o negócio e da própria ideia. Assim, é preciso aprender a usar de maneira responsável”.
Brux definiu a IA como um tsunami inevitável que está transformando não apenas a profissão do criativo, mas a maioria dos mercados, no jeito que operam e pensam. O problema, para ele, está no que chama de “preguiça cognitiva”, ou seja, quando se extrapola o uso em tarefas que não precisaria da utilização da tecnologia.
“É inevitável. Você pode assistir sofrendo ou surfando. Eu vou surfar, quero aprender com consciência. Que saber como ela pode fazer meu trabalho como CCO melhor, sem perder a humanidade”, acrescentou.
Novo Ciclo
Orestes de Andrade é o novo Secretário de Comunicação da Prefeitura de Novo Hamburgo
Crianças e tecnologia: os efeitos do excesso de telas no corpo e no movimento
Nos últimos anos, a tecnologia passou a ocupar um espaço cada vez maior na rotina das crianças. Tablets, celulares e videogames ganharam protagonismo, muitas vezes substituindo as brincadeiras ao ar livre e os movimentos livres do corpo. Se por um lado as telas podem ser ferramentas de aprendizado e entretenimento, por outro, o uso excessivo traz impactos diretos na saúde física e no desenvolvimento motor.
O sedentarismo infantil já é uma preocupação global, e o tempo prolongado diante das telas agrava o problema. Crianças que passam longos períodos sentadas, olhando para baixo e em posições inadequadas podem apresentar alterações posturais, como ombros projetados para frente, encurtamentos musculares e até a chamada “síndrome do pescoço de texto”. Além disso, a falta de movimento reduz oportunidades importantes para fortalecer músculos, melhorar a coordenação e desenvolver habilidades motoras que serão fundamentais na vida adulta.
Segundo Dra. Lígia Conte, Fisioterapeuta Infantil, o corpo da criança precisa de movimento constante para crescer de forma saudável. “Quando ela passa horas no celular ou no tablet, deixa de explorar seu próprio corpo e o ambiente, o que pode trazer prejuízos não apenas para a postura, mas também para a coordenação, o equilíbrio e até para a socialização”, alerta.
Para equilibrar os efeitos do sedentarismo, pequenas pausas ativas podem ser inseridas na rotina. Exercícios simples e lúdicos fazem diferença: brincar de andar como caranguejo ou como urso fortalece a musculatura global e estimula a coordenação; circuitos improvisados com almofadas trabalham o equilíbrio e a agilidade; alongamentos para o pescoço e movimentos que ativam a região das costas, como o “super-herói”, ajudam a melhorar a postura.
Mais do que restringir totalmente o uso das telas, a recomendação é buscar equilíbrio. Cabe aos pais e cuidadores incentivar pausas frequentes, promover brincadeiras ativas e observar sinais de dificuldades motoras ou posturais. “Não se trata de demonizar o uso da tecnologia, mas de garantir que haja tempo e espaço para que a criança se movimente, explore e descubra o mundo com o corpo em ação”, reforça Dra. Lígia Conte.
O recado é claro: se houver mudanças na postura, na coordenação ou até na disposição da criança para brincar, é importante buscar orientação profissional. O desenvolvimento infantil é construído em cada movimento — e o corpo, quando estimulado, se torna a base para um crescimento pleno e saudável.
Como as marcas podem avaliar potenciais riscos de imagem e retornos por formatos de patrocínio e investimento
Por Marcos Bedendo, professor de branding da ESPM, e André Moragas, professor de Gestão de Crise, Reputação e Imagem na ESPM
Durante a mais recente edição do Spaten Fight Night, evento organizado pela marca para se aproximar do universo das lutas e esportes, uma briga entre a equipe dos lutadores Wanderlei Silva e Acelino “Popó” Freitas chamou a atenção e virou um dos assuntos mais comentados no fim de semana. A confusão levantou discussões sobre gestão de crise e reputação de imagem para as marcas.
Para André Moragas, professor de Gestão de Crise, Reputação e Imagem na ESPM, a rápida reação da marca foi essencial para que ela não ficasse no centro da polêmica. Ainda na noite do evento, a Spaten soltou uma nota lamentando o ocorrido e reforçando que não tinha relação com os valores da marca. “O fato da marca reagir rapidamente, criticando e repudiando o acontecimento, ajuda a se distanciar dessa quebra de promessa – que era propor um espetáculo de alto nível – ao dizer que aquilo estava totalmente fora dos padrões”, diz. Para o professor, a imagem da marca não foi afetada.
Para além deste episódio, Marcos Bedendo, professor de branding da ESPM, comenta que existe uma dualidade nos investimentos de marketing, alguns controláveis, outros não tanto. Seja por meio de patrocínios tradicionais e eventos próprios a patrocínio de celebridades. O impacto de um patrocínio controlável, de acordo com o professor, tem menor risco de polêmica ou distorção da mensagem, mas gera uma menor participação potencial nas discussões das pessoas. “Atualmente, existe uma disputa muito grande por uma série de assuntos e elementos que chamam a atenção: influenciadores, discussões diversas, questões políticas, econômicas, um volume muito grande de informações no mercado – tudo com um alto potencial de impacto.”
Bedendo destaca que o impacto em patrocínio a celebridades e eventos é incerto e incontrolável. “Sempre coisas diferentes podem acontecer, mas é claro que tem um potencial maior em alguns eventos e em algumas celebridades do que em outras. Então isso tem que ser levado em consideração também.”
“Tudo passa para a questão do que a marca promete. Quando a marca faz um patrocínio, ela tem que estar muito atenta se aquele evento/pessoa que ela está patrocinando tem aderência aos valores da marca, ou seja, se ele vai ajudar a entregar essa promessa que a marca fez”, pontua André Moragas.
Os especialistas estão à disposição para comentar o assunto.
Sobre a ESPM
A ESPM – The Marketing Powerhouse – é uma escola de negócios com mais de 70 anos de excelência acadêmica na formação de profissionais preparados para transformar o mercado e a sociedade. É referência no ensino superior nas áreas de Comunicação, Marketing, Consumo, Administração, Economia Criativa,Tecnologia e Inovação. Oferece nove cursos de graduação – bacharelado: Administração, Ciência de Dados e Negócios, Ciências Sociais e do Consumo, Cinema e Audiovisual, Comunicação e Publicidade, Design, Direito, Jornalismo e Relações Internacionais, e quatro cursos de graduação – tecnólogos: Gestão Comercial, Gestão de Qualidade, Gestão de Recursos Humanos e Logística. Além disso, oferece pós-graduação lato e stricto sensu (mestrados e doutorados), cursos de curta duração em extensão acadêmica e programas de educação executiva voltado para empresas. Com cinco campi – dois em São Paulo, dois no Rio de Janeiro e um em Porto Alegre – e unidades regionais em Curitiba, Goiânia e Salvador, a ESPM reúne cerca de 12.600 alunos e mais de 1.100 colaboradores.
A evolução do OOH e o futuro que bate à porta
Por Bruno Biondo, diretor comercial da Eletromidia
“A comunicação vive um dos períodos mais dinâmicos da sua história. Se, por um lado, a chegada da TV 3.0 promete redefinir a experiência audiovisual dentro de casa, por outro, o Out of Home (OOH) consolida-se como um dos meios mais versáteis e potentes para acompanhar a jornada do consumidor em tempo real – na rua, no transporte, em espaços públicos e privados.
Esse cenário abre caminho para um modelo de comunicação que não se limita mais à simples exposição de mensagens, mas, sim, à construção de uma rede integrada de dados, métricas e formatos capazes de se conectar a outros meios, sobretudo os digitais. A lógica é pensar o OOH como parte de um ecossistema mais amplo, multitelas, em que cada ponto de contato – seja na rua, no celular ou na TV – contribui para uma experiência ampla e contínua de marca.
Nos últimos anos, o OOH passou por uma fase de transformação, profissionalização e expansão estrutural. O aumento da capacidade tecnológica, a conquista de novos ativos e o investimento de grandes players têm impulsionado a consolidação do setor. O resultado é um mercado mais robusto, competitivo e preparado para explorar novos modelos de negócio – inclusive, que conta com agências especializadas em OOH – que vão além da venda tradicional de espaço publicitário e se abrem a oportunidades ligadas a dados, serviços e parcerias estratégicas.
Com a evolução tecnológica, o OOH ganha corpo como um meio com capacidade de mensuração em tempo real, segmentação precisa e comprovação de resultados. Esses atributos elevam o setor a um patamar de inteligência comparável a de outros meios, tornando-o pilar estratégico em campanhas omnichannel. Além de potencializar a interação com o público, a possibilidade de contextualização das mensagens em diferentes ambientes amplia as oportunidades de integração e engajamento.
É nesse ponto que a TV 3.0 entra como fator disruptivo: o poder de conexão de dados, personalização e segmentação das smart TVs combinando com a TV aberta, historicamente uma das principais mídias do país, e permitindo assim uma maior personalização, interatividade e integração das plataformas e campanhas; ela amplia a capacidade de cruzar informações e alinhar narrativas entre os diferentes ambientes de mídia. A combinação entre a força massiva da televisão brasileira e a capilaridade do OOH representa um diferencial estratégico raro no mercado global, capaz de acompanhar o consumidor em todos os momentos do seu dia.
Na prática, a adoção da DTV+ aplicada ao OOH abre novas possibilidades:
Precisão geográfica e contextualização: mensagens adaptadas por microrregiões, de acordo com a comunicação planejada para cada território.
Sincronização de sinais: campanhas que podem ser espelhadas na TV aberta e nas telas do OOH simultaneamente, ampliando engajamento, cobertura e repercussão em um ecossistema integrado de mídia digital.
Conteúdos adaptados em tempo real: do espelhamento de programetes e sinopses até iniciativas interativas – como no caso de votações de reality shows, em que as telas da Eletromidia podem exibir chamadas com QR Code para participação imediata.
Estratégias combinadas: TV aberta reforça a mensagem de forma massiva, em escala nacional, enquanto o OOH combina hipersegmentação e desdobramentos locais e engajamentos específicos para a campanha.
Essas aplicações já vêm sendo testadas e ensaiadas pelo mercado, mas é a escala e o grau de automação trazidos pelo DTV+ que prometem consolidar um novo nível de integração entre TV e OOH.
Mais do que competir entre si, esses meios se complementam e podem se fortalecer mutuamente. A TV 3.0 projeta-se como um avanço tecnológico que renova a relevância e dinâmica do conteúdo audiovisual. O OOH, por sua vez, consolida sua presença no cotidiano das pessoas e expande seu papel como ponte entre o físico e o digital.
O futuro que bate à porta da comunicação passa, portanto, pela integração. Marcas que compreenderem essa complementaridade terão a oportunidade de construir narrativas mais consistentes, mensuráveis e eficazes, atingindo o consumidor onde quer que ele esteja, da tela da rua à da sala de estar.”
SALVE O NÚMERO 51 994407275, DANDO UM OI, PARA RECEBER TODOS OS DIAS A COLUNA DO NENÊ.
Por que 99% das empresas não atingiram suas metas esse ano?
Por Fabio Neto
Imagine que você precisa aumentar as vendas da sua empresa em 40%. Não é “desejo”, é necessidade. Você tem clareza do objetivo, mas nenhuma ideia concreta de como chegar lá.
Esse é o drama silencioso de milhares de líderes todos os dias:
Sabem o que querem alcançar;
Mas não sabem onde exatamente devem agir;
Não controle o futuro. Controle os inputs.
Como as grandes estratégias nascem de pequenas decisões diárias.
Num mundo corporativo obcecado por metas de longo prazo: aumentar o valor de mercado, dobrar o faturamento, escalar a operação. É fácil esquecer uma verdade incômoda:
Você não controla o resultado final. Mas pode controlar os insumos que o constroem.
Essa lógica, celebrada por Jeff Bezos ao explicar como se constrói valor na Amazon, ecoa na mente de outros grandes nomes da estratégia:
Peter Drucker: “O que pode ser medido, pode ser gerenciado.”
Andy Grove (Intel): “Você não pode gerenciar o que não entende e só entende o que acompanha de perto.”
Clayton Christensen: A obsessão por outputs tira o foco da criação de capacidades internas que geram vantagem.
James Clear: “Você não sobe ao nível das suas metas, você cai ao nível dos seus sistemas.”
A arte de “trabalhar ao contrário”
Jeff Bezos chama isso de “trabalhar de trás para frente”.
Primeiro, define-se o output desejado. Depois, pergunta-se:
Quais são os fatores que mais influenciam esse resultado?
E então: Quais desses fatores eu consigo controlar e melhorar todos os dias?
Esse processo cria uma cadeia de inputs controláveis, que, se otimizados com consistência, geram resultados exponenciais.
Na Amazon, isso significava:
Obsessão por eficiência logística;
Obsessão por UX e tempo de carregamento;
Obsessão por atendimento impecável;
Na sua empresa, pode ser:
O tempo de onboarding de novos colaboradores;
A taxa de resposta a clientes;
O volume de testes semanais no produto;
A qualidade das reuniões de decisão;
A nova métrica de sucesso
Empresas que constroem vantagem não são as que “batem metas”.
São aquelas que dominam os mecanismos que criam essas metas.
A estratégia, no fim, não é um plano bonito no PowerPoint.
É a escolha consciente de quais inputs controlar e como melhorá-los sistematicamente.
A lógica reversa do resultado
Toda meta precisa de uma cadeia de inputs mensuráveis e gerenciáveis.
É isso que muitos líderes esquecem:
Resultado não se gerencia. O que se gerencia são os insumos que geram resultado.
Se você não consegue decompor sua meta em ações diárias, você não tem uma meta.
Você tem um desejo.
A pergunta matadora a fazer é simples:
“Esse objetivo que eu quero alcançar…
“Qual é o primeiro ponto da cadeia onde eu tenho controle direto?”
Encontre essa alavanca.
Comece ali.
Melhore esse pequeno ponto.
Depois vá para o próximo elo.
E siga a cadeia inteira: input por input.
O que parece impossível hoje, deixa de ser mágico quando se torna mensurável.
Deixe o PowerPoint. Volte para o quadro branco.
Você não precisa de mais um slide de metas.
Precisa de uma lista de inputs críticos.
E um time engajado em melhorá-los diariamente.
A obsessão deve estar no processo, não no pódio.
Metas inspiram.
Mas só os sistemas entregam.
A ilusão da retrovisão
O que derruba empresas não é a falta de objetivos.
É o excesso de foco em indicadores de sucesso passados: margem, lucro, ROI.
Esses números são só sintomas. Eles vêm depois.
O que deveria ser medido:
Nível de aprendizado com clientes por semana;
Número de hipóteses testadas por ciclo;
Velocidade de iteração;
Adoção de novas práticas internas;
Número de problemas identificados antes do cliente reclamar;
Você não precisa prever o futuro. Só precisa melhorar o presente.
Empresas se perdem tentando controlar o que está longe demais.
Mas vencem as que dominam o que está bem na frente: o que fazem hoje.
Futuro não se controla.
Futuro se constrói com inputs bem gerenciados.
Plano de 5 Ações para dominar os Inputs e parar de fantasiar com o Futuro
- Faça engenharia reversa da sua meta
A primeira ação é parar de olhar para a montanha e começar a estudar a trilha. Toda meta precisa ser destrinchada em seus elementos concretos. Isso exige uma prática simples, mas poderosa: engenharia reversa. Comece com o número que você quer atingir e pergunte: “quais comportamentos, entregas ou rotinas diárias sustentariam esse resultado?”
Por exemplo: você quer aumentar as vendas em 40%. Isso não se resolve com motivação ou com o famoso “foco no número”. A pergunta certa é: quantas ligações comerciais estão sendo feitas hoje? Quantas propostas são geradas por semana? Quantos leads qualificados estão chegando por canal? Essa decomposição torna o abstrato em algo operacional; e, portanto, gerenciável.
Foi isso que a equipe do Nubank fez no início: em vez de mirar apenas na meta de expansão, quebraram o crescimento em variáveis sob controle; velocidade de onboarding, tempo de aprovação de cartão, resposta do suporte. Ao dominar essas microetapas, o crescimento se tornou consequência. O erro de muitas empresas é o oposto: perseguir o gráfico de crescimento sem dominar os mecanismos que o constroem.
- Escolha 3 inputs críticos e torne-os visíveis
Muitas empresas coletam dezenas de indicadores; e com isso se perdem no excesso de dados. O segredo está em selecionar poucos inputs, mas essenciais. Os 3 que realmente movem a alavanca principal da sua operação. São eles que precisam estar no centro da conversa, visíveis para toda a equipe, revisados diariamente ou semanalmente.
Por exemplo, um e-commerce pode escolher: (1) taxa de recompra, (2) tempo de resposta no atendimento e (3) taxa de abandono no checkout. Se esses três indicadores melhorarem semana após semana, dificilmente a empresa não crescerá. Eles são o “batimento cardíaco” do negócio; e precisam ser tratados como tal.
- Treine seu time para fazer perguntas sobre processos, não só metas
A cultura de metas cria uma lógica perigosa: as pessoas esperam o “milagre do final do mês” e deixam de focar na qualidade do processo. Por isso, os líderes precisam treinar suas equipes a trocarem perguntas genéricas por perguntas operacionais. Em vez de “vamos bater a meta?”, a pergunta deve ser: “o que fizemos ontem para melhorar os fatores que influenciam a meta?”
Isso muda completamente o tipo de conversa. Um time de vendas, por exemplo, pode parar de perguntar “quantos fechamentos tivemos?” e passar a discutir: “quantos follow-ups efetivos foram feitos?” ou “em quantas oportunidades pedimos indicação?”, perguntas que apontam para alavancas sob controle. Resultado é consequência. Processo é escolha.
Na Spotify, equipes de produto são treinadas a se basear em “problemas a resolver” em vez de features a entregar. Isso muda o foco de uma discussão vaidosa sobre roadmap para uma discussão real sobre como os inputs (comportamento do usuário, fricções de navegação, ciclos de iteração) estão sendo gerenciados. O que precisa ser treinado não é só o time. É o pensamento.
- Institua ciclos curtos de revisão
A obsessão com metas anuais faz com que as empresas esqueçam de gerenciar o presente. O que muda o jogo são os ciclos curtos: revisões semanais, quinzenais, com foco nos inputs, não só nos resultados. É preciso institucionalizar rituais onde os times revejam o que foi aprendido, o que foi testado, o que melhorou; e não apenas o que foi alcançado.
Um bom exemplo vem da Zappos, onde a cultura de melhoria contínua é reforçada por reuniões frequentes em pequenos times, sempre com um olhar no que está sob o controle imediato. O que funcionou nesta semana? O que pode ser ajustado até sexta? Essas perguntas transformam o “ano fiscal” em uma série de micro-vitórias semanais. E é aí que mora a consistência.
Quer ver um exemplo prático? Se um time de CS revisa semanalmente os inputs de qualidade de atendimento, ele consegue agir antes do NPS despencar. É isso que separa times que aprendem enquanto operam, de times que só diagnosticam os erros depois que o estrago está feito. A estratégia não mora na apresentação de slides: ela mora na cadência.
- Abandone metas inalcançáveis e transforme-as em microcompromissos
Um erro clássico: definir metas inalcançáveis esperando que isso “motive” o time. O efeito é o oposto: desânimo, paralisia, cinismo. O segredo está em transformar metas grandes em micro-compromissos realistas, com prazos curtos e resultados tangíveis. Isso gera tração, confiança e aprendizado.
Por exemplo, em vez de “aumentar em 50% a taxa de conversão em 3 meses”, o micro-compromisso da semana pode ser: “testar 2 novos formatos de landing page até sexta-feira.” Isso é concreto, mensurável e gera insight. Quando a equipe vê progresso imediato, ela se engaja. Micro-vitórias são o combustível da construção estratégica.
A Apple, sob Steve Jobs, era obcecada por metas simples e claras para cada ciclo de produto. Cada micro-compromisso era religiosamente acompanhado. Era assim que produtos brilhantes nasciam: não de um plano anual, mas de sprints curtos, consistentes e alinhados com a visão. Líderes estratégicos precisam entender que a visão inspira, mas o ritmo operacional é que realiza.
Liderar é cuidar do agora. O futuro responde a isso.
Empresas que se perdem no “onde querem chegar” esquecem de fazer bem o “onde estão”.
No fundo, o trabalho estratégico de um líder é simples:
Descobrir o que importa hoje. E melhorar isso todos os dias.
Protestos da Geração Z na Ásia inspiram América do Sul
Por María Santacecilia | Sofia Fernandes
Uma fúria juvenil tem percorrido diversos lugares do mundo. Do Nepal à Indonésia, passando pelas Filipinas, Bangladesh e Sri Lanka, vários países asiáticos viram seus jovens irem às ruas manifestar seu descontentamento com a corrupção e a desigualdade – e serem reprimidos com violência. Nas últimas semanas, os protestos chegaram também à América Latina.
No Peru, os jovens estão no centro das recentes mobilizações de repúdio à presidente Dina Boluarte, seu governo e o Congresso, sob o lema “O povo se levanta, dia do despertar peruano”.
Os protestos eclodiram em 20 de setembro, após reformas no sistema de pensões do país que exigem que todos os peruanos com mais de 18 anos se filiem a um fundo de pensão. No último sábado, mais manifestações ocorreram, acompanhadas de forte reação policial, que deixou dezenas de feridos.
O movimento também foi insuflado pela raiva de longa data contra Boluarte e o Congresso, alimentada por escândalos de corrupção, instabilidade econômica e aumento da criminalidade.
Pesa ainda a impunidade em relação às dezenas de manifestantes mortos pelas forças de segurança peruanas quando a presidente assumiu o poder, no fim de 2022, após o ex-presidente Pedro Castillo ter sido destituído do cargo e preso preventivamente. Ele é acusado de ter organizado um golpe de Estado, ao tentar dissolver o Congresso e governar por decreto.
Alvo de uma dezena de investigações – por repressão policial e omissão em declarar joias e relógios de luxo que ganhou de presente, para citar dois exemplos –, Boluarte está entre os governantes mais impopulares do mundo. Sua taxa de aprovação é de apenas 2,5%, segundo relatório de julho do Instituto de Estudos Peruanos. O Congresso conta com 3% de aprovação.
Juventude ativa no Paraguai
No domingo (28/09) foi a vez do Paraguai, um dos países mais corruptos da América Latina, de acordo com o Índice de Percepção da Corrupção 2024 elaborado pela Transparência Internacional.
Os manifestantes tomaram o centro de Assunção em resposta a um chamado divulgado nas redes sociais. A concentração aconteceu em frente ao Congresso, e uma marcha seguiu pelas ruas da capital. O lema do protesto foi “Somos 99,9%. Não queremos corrupção”.
“Há muito cansaço por parte dos jovens diante da corrupção estatal, da má gestão do Estado, do nepotismo descarado. Todos os dias vemos que parentes e pessoas relacionadas a políticos entram no setor público. Isso causa muita frustração e muita raiva, assim como a ausência de políticas adequadas. Enquanto o partido do governo se dedica à sobrevivência partidária, não há suprimentos nos hospitais. Há uma raiva muito grande diante da cooptação da política do Estado por parte do narcotráfico”, disse à DW Lilian Soto, médica, política e ativista feminista.
“One Piece”
Um símbolo está presente em toda essa leva de manifestações: uma caveira com um chapéu de palha, do popular mangá japonês “One Piece”, sobre piratas caçadores de tesouros.
No anime de 1997, a bandeira é carregada por um bando de piratas de chapéu de palha que enfrentam governantes corruptos e repressivos. A imagem acabou se tornando um emblema de rebeldia e esperança para os manifestantes da geração Z em toda a Ásia, e além.
Na Indonésia, a bandeira é vista pendurada do lado de fora de casas e carros. No Nepal, foi colocada nos portões dourados do palácio que abriga o parlamento – em chamas –, enquanto os jovens derrubavam o governo. Agora ela tem sido vista no Peru e no Paraguai.
Leonardo Munoz é um dos manifestantes em Lima que abraçou o símbolo.
“O personagem principal, Luffy, viaja de cidade em cidade libertando pessoas de governantes tirânicos e corruptos em cidades de escravos”, disse Munoz à agência de notícias Reuters. “Isso representa o que está acontecendo em vários países. É o que está acontecendo agora no Peru.”
Os protestos estão ocorrendo em um contexto mais amplo, no qual as democracias em todo o mundo estão sob pressão, e seguem os esforços do governo para enfraquecer tribunais, órgãos de fiscalização e promotores, aponta Jo-Marie Burt, professora visitante do programa de estudos latino-americanos da Universidade de Princeton, para a Reuters.
“Isso lembra muito o que aconteceu na década de 1990, durante o governo Fujimori, quando o sistema judiciário foi essencialmente capturado para consolidar o controle autoritário.”
Os protestos anteriores no Peru ajudaram a “impedir que as instituições fossem tomadas” e até derrubaram presidentes, aponta.
Redes e repressão
“Há informação e comunicação sobre o que acontece em outros lugares. O que é novo neste protesto dos jovens no Paraguai é a forma de se organizar”, ressalta Lilian Soto.
As redes sociais fervilharam após os protestos em Assunção, denunciando uma repressão violenta por parte das forças de segurança, com mais de 30 prisões. “Entre 500 e 1.000 pessoas participaram e houve um destacamento de mais de 3.000 policiais, que perseguiram as pessoas uma a uma quando elas já estavam voltando para casa”, denuncia Soto.
“Houve operações policiais de perseguição em batidas nas quais as forças públicas saíram à caça de manifestantes sem ordem judicial, sem autos, sem o devido processo legal, deixando as pessoas detidas por mais de doze horas, sem a presença de um promotor, com claros exemplos de abuso de força”, avalia Leonardo Berniga.
A polícia, por sua vez, defendeu sua atuação, dizendo que as detenções foram por “desordens” ou por “agressões contra agentes”.
A IA pode ser uma aliada
Por Marcos Amazonas
A IA tem méritos inquestionáveis: acelera processos, reduz custos, melhora diagnósticos, amplia possibilidades.
Ela pode complementar talentos humanos e liberar o tempo das equipes para funções mais criativas e estratégicas.
Relatórios recentes mostram ganhos reais de produtividade e impacto positivo na requalificação de funções complexas.
Porém, enquanto celebramos ganhos de eficiência, precisamos considerar o risco de ampliar o desemprego, aprofundar desigualdades, reforçar vieses, acelerar a exclusão de quem não tem acesso ou preparo.
O impacto não é igual para todos:
Os mais qualificados tendem a ser complementados pela IA.
Os menos qualificados correm maior risco de substituição.
As desigualdades sociais e educacionais podem se aprofundar.
A transição ocorre sem políticas públicas robustas.
Segundo a Brookings Institution, mais de 30% dos trabalhadores nos EUA terão metade de suas tarefas impactadas pela IA generativa.
No Brasil, o ITS Rio estima que 37 milhões de pessoas poderão ser afetadas, e 2 milhões de empregos correm risco de automação completa.
E não se trata apenas de números. Trata-se de gente. De vidas que podem ser substituídas por algoritmos.
A IA pode esvaziar o trabalho — torná-lo automático, vigiado, desprovido de autonomia e afeto.
A pergunta não é se devemos usar IA — mas como, para quê e com quem.
No olhar maximalista, a IA não substitui.
Ela amplia o que já somos capazes de fazer juntos.
Não resolve — provoca.
Não lidera — colabora.
E jamais poderá criar sozinha o que só o humano sabe gerar: presença, afeto, escuta e improviso.
Liderar em tempos de IA, que gera listas prontas e soluções genéricas, exige coragem.
Coragem para abandonar os manuais, para desconfiar dos atalhos, para construir com as pessoas — e não apenas para elas.
Porque a verdadeira liderança não se aprende em 10 passos.
Ela nasce da presença.
Da escuta.
Da travessia coletiva num mundo cada vez mais incerto — mas ainda profundamente humano.
A IA pode ser uma aliada — mas jamais à custa da dignidade humana.
Não, eu não sou filho da Irene Ravache.
Por Guilherme Ravache
Mas se você perguntar na busca do Google quem é a mãe de Guilherme Ravache, receberá como resposta que minha mãe é a atriz Irene Ravache.
Pode parecer um erro bobo, mas não é. É mais uma demonstração de como o Google se tornou a maior máquina de desinformação e fake news da internet.
A combinação entre algoritmos que privilegiam cliques, ferramentas de inteligência artificial lançadas às pressas e a redução da presença de veículos jornalísticos tradicionais nas plataformas da empresa criou um ambiente perfeito para a proliferação de mentiras e fraudes digitais, usualmente amplificadas e monetizadas pela própria gigante de buscas.
Erros da IA do Google, como o caso em que afirma erroneamente que Irene Ravache é minha mãe, ilustram um problema estrutural: as respostas do IA Overview e do Modo IA são dadas com convicção, mesmo quando falsas.
Paralelamente, sites caça-cliques e produtores de conteúdo duvidoso se beneficiam dessa lógica de priorização do engajamento, abastecendo plataformas como Discover e YouTube com desinformação.
Exemplo recente foi a falsa notícia de que “adultos que moram na casa dos pais seriam notificados pela Receita”, publicada por dezenas de veículos e amplificada pelo Google. Um único link relacionado ao tema foi exibido mais de 24 milhões de vezes no Discover, forçando até mesmo a Receita Federal a emitir uma nota de esclarecimento.
Casos como esse se multiplicam porque cliques geram dinheiro, e boa parte dessa monetização vem justamente do Google.
Estudos reforçam a gravidade do problema: 51% dos resumos de IA analisados pela BBC continham erros significativos. Mais de 60% falharam em recuperar citações corretas, segundo o Tow Center. Mesmo assim, os resumos de IA alcançam 2 bilhões de usuários mensais em mais de 200 países, ampliando o impacto da desinformação.
O Google está destruindo o jornalismo em múltiplas frentes, incluindo sua capacidade de monetização. Os resumos de IA do Google fizeram o tráfego de maior parte dos sites de notícias despencar nos últimos meses. A Penske Media (dona de Rolling Stone e Billboard) está processando o Google, acusando-o de usar conteúdo sem autorização em seus resumos de IA, derrubando o tráfego das publicações.
Os problemas causados pelo Google também se estendem à publicidade. Segundo Nina Santos, secretária-adjunta de políticas digitais da Secretaria de Comunicação da Presidência da República, em entrevista ao podcast Deu Tilt, as fraudes digitais se sofisticam com uso de “deepfakes” e roubo de dados.
Detalhe: o Google lucra tanto com os fraudadores, que anunciam em suas plataformas, quanto com as empresas que pagam para que seus anúncios oficiais apareçam melhor posicionados que os anúncios de fraude.
Infelizmente, a solução não será fácil no atual clima político. Basta ver o que aconteceu semanas atrás com o Google que, apesar de condenado por monopólio nos Estados Unidos, levou da Justiça americana apenas um tapinha na mão como punição. O argumento do Juíz foi de que uma punição mais dura, como obrigar o Google a vender o navegador Chrome, poderia ser muito ruim para o Google em um ambiente competitivo como o da IA.
A verdade é que o Google e outras big techs se tornaram grandes demais para falharem e o governo Trump sabe disso. Nos últimos seis meses, o investimento em infraestrutura de IA contribuiu mais para o PIB americano do que todo o consumo das famílias nos Estados Unidos. O setor de IA “parece estar carregando a economia nas costas agora”, disse Callie Cox, da Ritholtz Wealth Management.
Gigantes como o Google estão cada vez mais pressionados para mostrarem resultados financeiros que demonstrem sua capacidade de seguir investindo alto em IA.
Mas a conta da IA não está fechando, e isso ajuda a entender por que o Google está desesperado, apelando até para a desinformação e “fake news” em suas plataformas. Também explica por que a empresa, assustada com o crescimento do ChatGPT, lança produtos mal acabados e danosos para seus usuários.