Nos artigos que publicamos hoje, você vai ler sobre:Summit Brazil chega a Porto Alegre pela quarta vez, Agência Protarget realiza evento para falar sobre tendências e comportamento, Carlos Toillier é o novo vice-presidente de Mercado da Matriz Comunicação, Não basta ser visto. É preciso ser reconhecido — e pelos motivos certos, O que era essencial agora é luxo: 6 itens que a classe média perdeu acesso, Globo tem Ebitda de R$ 1,55 bi e pagará por oferta da Eletromidia com caixa, Killing segue em expansão e anuncia compra de nova indústria química e A exaustão silenciosa (e sem respostas) de quem está procurando trabalho.
South Summit Brazil chega a Porto Alegre pela quarta vez; veja destaques e ingressos
Por Madu Brito
Pela quarta vez, Porto Alegre deve se transformar em um ecossistema vivo de ideias, negócios e conexões capazes de redesenhar o mundo. Entre os dias 9 e 11 de abril, a Capital recebe mais uma edição do South Summit Brazil, um dos maiores encontros de inovação da América Latina.
Durante os três dias de programação, o Cais Mauá vira casa desde startups nascendo à beira do Guaíba a líderes globais. Em mais de 38 mil metros quadrados de estrutura, distribuídos por quatro armazéns e sete palcos, a expectativa é de receber 24 mil participantes, mil investidores e 150 fundos de investimento.
O South Summit Brazil 2025 vai apresentar mais de 700 speakers e 250 painéis, reunindo especialistas de mais de 200 empresas e instituições do mundo. Tudo isso dividido em cinco eixos temáticos: Sustentabilidade, Digitalização, Ecossistema, Mudança Social e The Edge.
Além de mergulhar no conteúdo, os participantes contam com praças de alimentação gourmet, um restaurante buffet, 20 pontos de hidratação e o Night Summit, com DJs e música ao vivo no Cais Embarcadero, das 17h às 21h30. A regra é clara: trabalho de dia, conexões de noite.
Criado em Madrid há mais de uma década, o South Summit aterrissou em Porto Alegre em 2022 e, desde então, vem se firmando como um dos eventos mais relevantes do hemisfério sul quando o assunto é inovação e futuro dos negócios. Em 2024, movimentou 25 bilhões de dólares em investimento disponível para a América Latina. Em 2025, promete ir além.
Mulheres no comando
A força feminina terá ainda mais visibilidade com a segunda edição do Women @ South Summit, em parceria com a Lojas Renner. O destaque fica para o Women’s Boat Lounge, um espaço flutuante com atividades à beira do Guaíba, um brunch exclusivo com até 200 líderes e uma rodada de matchmaking entre empreendedoras e investidores. O evento é ampliado com o apoio do Grupo Mulheres do Brasil, liderado por Luiza Helena Trajano.
Apoio a fetados pelas enchentes
O projeto recém-lançado Impulsa RS procura dar voz e ferramentas a quem teve negócios impactados pelas enchentes de 2024. A programação inclui o Balcão de Apoio ao Empreendedor, na Usina do Gasômetro, com atendimento gratuito do SEBRAE, Banco do Brasil e UniRitter, e o painel Negócios em Luta, para compartilhar histórias de superação.
Corrida pela inovação
A edição de 2025 marca a estreia da South Summit Run, no dia 12 de abril. A largada será às 8h no Pontal Shopping, com percursos de 3, 5 e 10 km, e dois mil corredores previstos
Lixo zero e carbono compensado
O South Summit mantém a política de lixo zero, com gestão de resíduos pela cleantech Trashin e compensação de carbono em parceria com a ESG Now e a Greener. Tudo alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU.
Ingressos
Os ingressos estão à venda no site oficial nas categorias Attendee (R$ 1.090), Business (R$ 3.899) e Executive (R$ 5.499), com possibilidade de pacotes corporativos.
A entrada é pela Avenida Presidente João Goulart, 97. E para quem for de carro, o estacionamento oficial é no Claro Parking da Praia de Belas.
A Coluna do Nenê fará cobertura diária do evento. Fiquem ligados nas nossas redes e aqui no site.
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Agência Protarget realiza evento para falar sobre tendências e comportamento
Por Ana Bomerich de Melo
A publicitária Annie Müller, da agência Protarget, com sede em Novo Hamburgo, recebeu colaboradores, clientes e parceiros para um evento focado nas principais tendências do SXSW, o maior festival de criatividade e inovação do mundo, realizado em Austin, no Texas. Durante o encontro, Annie compartilhou os destaques do evento, com ênfase nos tópicos mais relevantes nas áreas de Comunicação, Tecnologia e Futuro. A apresentação trouxe uma visão das inovações discutidas no festival, com o objetivo de fornecer uma análise aprofundada sobre o impacto dessas tendências no mercado atual.
Segundo a publicitária, que também é diretora de Relacionamento e Novos Negócios da agência Protarget, a edição de 2025 reforçou o futuro como um ecossistema vivo em que inovação, tecnologia e cultura se entrelaçam em constante evolução. Annie também destacou impressões da futurista Amy Webb, que apresentou no SXSW 2025 o conceito de “Inteligência Viva”, uma revolução que integra inteligência artificial, biotecnologia e sensores avançados para criar sistemas capazes de aprender, evoluir e interagir de forma orgânica com o ambiente.
Outro destaque compartilhado foi as relações humanas e suas conexões, sendo a solidão um tema abordado com seriedade e considerado uma epidemia global. De acordo com a empresária, no ambiente corporativo, esse fenômeno se torna um desafio crescente. “A solidão no trabalho impacta diretamente a produtividade e o bem-estar dos colaboradores. Sentir-se desconectado pode levar à desmotivação e ao afastamento, prejudicando tanto o indivíduo quanto a empresa”, explica Annie. A criação de conexões autênticas por empresas não é apenas um diferencial, mas uma necessidade estratégica. “Investir em relacionamentos é essencial para engajamento, inovação e pertencimento”, afirma a publicitária. Para ela, mais do que ampliar o número de contatos, o segredo está em cultivar relações genuínas. “A chave não está em conhecer mais gente, mas em investir nas relações que realmente fazem sentido.”
Nesse contexto, a linguagem adotada pelas marcas é decisiva. “Uma comunicação empática e a construção de comunidades fortalecem o sentimento de pertencer. Assim, mais do que simplesmente transmitir mensagens, as empresas criam laços reais e constroem um ambiente onde as pessoas se sintam conectadas e pertencentes aos valores das empresas”, explica.
Por fim, Annie destacou a relevância dos influenciadores, que, na nova era da economia dos criadores, deixam de ser apenas promotores de marcas e se tornam verdadeiros veículos de mídia. Com audiências engajadas, eles rivalizam com empresas tradicionais na disputa por atenção e investimento. No entanto, a dependência de algoritmos e patrocínios instáveis desafia a sustentabilidade da atividade. Para contornar isso, muitos estão diversificando receitas com canais próprios e novas formas de monetização.
O recado do evento foi claro: marcas que não souberem se conectar a esse novo ecossistema ficarão para trás.
Carlos Toillier é o novo vice-presidente de Mercado da Matriz Comunicação
Por Redação coluna do Nenê
A Matriz Comunicação anunciou a chegada do publicitário Carlos Toillier como vice-presidente de Mercado. Mais um forte nome para a nova fase da agência que completa 25 anos. Toillier deixou a Band-RS no final do ano passado. Depois de ter passado por vários veículos tradicionais como RBS, Record, SBT e a própria Band, chega para um novo desafio em sua carreira de mais de 30 anos.
Ele será responsável por liderar a transformação da área de atendimento da Matriz, incorporando uma visão mais orientada a negócios, performance e entrega de valor estratégico aos clientes.
Nosso desejo de boa sorte ao amigo Carlão.
Não basta ser visto. É preciso ser reconhecido — e pelos motivos certos.
Por Arthur Bender via Linkedin
Em um mundo saturado por visibilidade, muitas marcas se perdem tentando chamar atenção a qualquer custo. Mas visibilidade sem propósito é apenas ruído. A verdadeira força de uma marca está no reconhecimento autêntico, aquele que vem da coerência entre discurso, valores e atitudes.
E aqui está a reflexão que poucos fazem:
O que sua marca comunica quando você não está falando nada?
As pessoas te reconhecem por seus valores ou apenas pelo alcance das suas postagens?
Enquanto muitos disputam atenção, líderes como Satya Nadella, Tim Cook e Ursula Burns optaram pela construção paciente, estratégica e fundamentada. Eles entenderam que branding não é sobre exposição momentânea, mas sobre consistência ao longo do tempo. Pesquisas do Journal of Marketing mostram que marcas percebidas como autênticas têm 2,4 vezes mais chance de fidelização emocional com o público. Ou seja, popularidade não garante relevância — mas propósito bem comunicado sim.
O branding essencial começa com um posicionamento sólido, enraizado em valores reais. O canal pode ser novo, a tecnologia pode evoluir, mas os fundamentos permanecem: ser reconhecido por aquilo que você representa.
A pergunta é: sua marca está sendo vista… ou verdadeiramente reconhecida?
O que era essencial agora é luxo: 6 itens que a classe média perdeu acesso
Por Luna Almeida
A classe média brasileira enfrenta um momento desafiador. O aumento do custo de vida, a estagnação salarial e a inflação fizeram com que itens antes considerados acessíveis passassem a ser vistos como verdadeiros luxos. Habitação, saúde, alimentação e lazer estão entre as áreas mais afetadas por essa nova realidade econômica.
Essa mudança no padrão de consumo tem levado muitas famílias a reverem suas prioridades, cortando despesas que antes faziam parte da rotina e buscando alternativas mais acessíveis para lidar com os desafios financeiros do dia a dia.
- Saúde básica se torna um desafio
Consultas médicas, exames e procedimentos preventivos ficaram mais caros, dificultando o acesso da classe média à saúde básica.
Além disso, os reajustes nos planos de saúde tornaram inviável para muitas famílias a manutenção desse serviço, levando a um aumento na procura pelo sistema público de saúde.
- O sonho da casa própria mais distante
Com os preços dos imóveis em alta e os salários sem reajustes significativos, a compra da casa própria se tornou um desafio maior.
Além disso, o aluguel compromete uma parcela expressiva da renda mensal, tornando ainda mais difícil a formação de uma reserva para aquisição de imóveis.
- Alimentos básicos mais caros
O aumento dos preços dos alimentos afetou diretamente o orçamento das famílias.
Produtos essenciais, como arroz e feijão, sofreram reajustes consideráveis, obrigando muitos brasileiros a buscarem alternativas mais acessíveis e reduzirem o consumo de certos itens.
- Educação privada pesa no bolso
Mensalidades escolares subiram e se tornaram um peso maior no orçamento das famílias que optam por escolas particulares.
Além disso, os custos com material escolar e atividades extracurriculares também aumentaram, fazendo com que muitos pais migrassem seus filhos para a rede pública.
- Viagens e turismo fora do planejamento
As viagens, que antes faziam parte da rotina de lazer da classe média, passaram a ser cada vez mais espaçadas.
O aumento dos custos de transporte e hospedagem tem levado muitas famílias a cancelarem ou postergarem planos de turismo, priorizando gastos essenciais.
- Lazer e cultura restritos
Ir a shows, teatros e cinemas também se tornou menos acessível. O preço elevado dos ingressos e os custos de deslocamento fizeram com que eventos culturais fossem deixados de lado na lista de prioridades da classe média.
Adaptação ao novo cenário
Com a perda de acesso a esses itens, muitas famílias têm buscado alternativas para se adaptar à nova realidade.
Cortes em despesas supérfluas, compras de segunda mão e a priorização de serviços essenciais são algumas das estratégias adotadas.
A mudança de consumo da classe média reflete os desafios econômicos enfrentados pelo país e levanta questionamentos sobre a necessidade de medidas que auxiliem essa parcela da população a manter sua qualidade de vida.
Globo tem Ebitda de R$ 1,55 bi e pagará por oferta da Eletromidia com caixa, diz CFO
A Globo Comunicação e Participações vai usar caixa próprio para financiar a OPA (oferta pública de ações) da Eletromidia, líder em mídia externa, marcada para 28 de abril. Segundo o CFO Manuel Luis Belmar, a empresa tem dívida líquida negativa e encerrou 2024 com R$ 13,6 bi em caixa, mais que o dobro da dívida bruta. A operação pode movimentar R$ 981,8 mi e elevar a fatia da Globo de 74,10% para até 95,06%. A geração de caixa operacional da Globo, medida pelo Ebitda, cresceu 26% em 12 meses, chegando a R$ 1,55 bi em 2024.
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Killing segue em expansão e anuncia compra de nova indústria química; veja detalhes
Por Juliana Nunes
O Grupo Killing, um dos mais tradicionais da indústria química do Brasil, com sede em Novo Hamburgo (RS), anunciou nesta quinta-feira (3) que concluiu o processo da sua mais nova aquisição. A empresa oficializou a compra do Grupo LRB, fabricante de adesivos com unidades em Estância Velha e Novo Hamburgo.
O momento reforça a expansão da indústria de tintas e adesivos. Em 2024, a Killing adquiriu a Superlack Indústria Brasileira de Tintas Ltda., fabricante de tintas em pó para a indústria metalmecânica, com sede em Caxias do Sul (RS).
“A compra do Grupo LRB está dentro do nosso propósito de fazer a Killing crescer e se fortalecer. É uma aquisição estratégica, pois complementa o portfólio e traz uma tecnologia adicional. A LRB tem uma excelente reputação no mercado e atende não só o Brasil como a América Latina”, destaca o CEO Milton Killing.
A empresa recém adquirida é especializada no desenvolvimento de adesivos que atendem às necessidades dos setores moveleiro, calçadista, embalagens e tissue (que é o segmento da indústria de papel).
“Com a aquisição, estamos agregando maior capacidade produtiva em algumas linhas que já temos e incluindo novas, por exemplo, a de adesivos para o segmento tissue”, explica Milton. A estimativa é de que a capacidade de produção aumente em até 80% em algumas linhas de adesivos.
Sobre a equipe da empresa, a Killing informou que planeja manter os 90 funcionários que hoje fazem parte da LRB e, dessa forma, deve chegar a 670 colaboradores totais, somando as unidades no Rio Grande do Sul, na Bahia, na Argentina e no México.
A negociação
A negociação entre Killing e LRB levou cerca de seis meses, com aquisição de 100% da empresa. A maioria do capital investido (70%) vem do caixa da própria Killing e o restante foi financiado junto ao mercado. O valor da negociação não é revelado por sigilo do contrato, mas está dentro de um plano de investimentos de R$ 150 milhões, que iniciou em 2023, com a inauguração do Centro de Distribuição em Sapucaia do Sul (RS), seguiu em 2024, com a incorporação da Superlack, ganhou novo passo agora, com a LRB, e vai continuar até 2026, com ampliação da capacidade e modernização em suas próprias unidades e possíveis novas aquisições.
“Continuamos com o radar ligado tanto para oportunidades na área de tintas, quanto na de adesivos”” confirma o CEO. A Killing S.A. registrou faturamento de R$ 850 milhões em 2024 e projeta alcançar R$ 950 milhões este ano.
A exaustão silenciosa (e sem respostas) de quem está procurando trabalho
Por Camila de Lira
Procurar trabalho dá muito trabalho. E cansa. Na era das redes sociais, da hiperprodutividade e dos recursos humanos automatizados, esse cansaço ganha contornos de exaustão. No Brasil, 83% dos que estão buscando emprego dizem ter pouca energia e 71% têm perda de interesse em prazer na vida, de acordo com o Índice Instituto Cactus-Atlas de Saúde Mental (Icasm).
Entre enviar centenas de currículos por dia, participar de processos seletivos online em muitas etapas, alta concorrência por vaga, não receber resposta e ainda se manter ativo nas redes sociais profissionais, quem busca a recolocação no mercado de trabalho está à beira do burnout.
Ou quase: embora esse tipo de esgotamento não possa ser chamado de burnout oficialmente (já que acontece fora do ambiente de trabalho), ele leva a um estado de desânimo que pode fazer com que a pessoa desista de procurar emprego. .
De acordo com o IBGE, 3,26 milhões de brasileiros desistiram de procurar trabalho em 2025, pois não acreditam que conseguiriam uma vaga. Os chamados “desalentados” representam 2,9% da força de trabalho do país. Um número que permanece praticamente estável nos últimos 12 meses, mesmo com a queda da taxa geral de desemprego de 7,9% para 6,8%.
A psicóloga do trabalho e professora da PUC-GO Ariana Fidelis, que estuda a relação de saúde mental e desemprego, diz que, em parte, o esgotamento se explica pela incerteza financeira. Em outra parte, pelo próprio “trabalho” que é procurar emprego.
De acordo com levantamento da Resume Genius, 72% dos desempregados dizem que a saúde mental foi negativamente impactada pela busca de vagas.
A estafa aumenta a cada processo seletivo ou seleção no qual o candidato não é chamado ou que não resulta em emprego. “A pessoa entra num ciclo de tentativas frustradas que colocam em dúvida tudo o que ela já conquistou”, diz Ariana.
GHOSTING DO RH
Essa sensação de desorientação cresce em um cenário no qual as companhias se valem dos Applicant Tracking Systems (ATS), ou sistemas de gestão digital de recrutamento para avaliar candidatos. Tais sistemas usam inteligência artificial para selecionar currículos e são capazes de analisar milhares de perfis profissionais de uma vez só.
Na visão de Rui Brandão, psiquiatra do trabalho e cofundador da Zenklub, embora sejam necessários, os sistemas estão tomando lugar de processos humanizados. Isso não é bom para os humanos que querem, de fato, achar um emprego.
“Processos longos e impessoais, que muitas vezes não têm retorno, aumentam a sensação de invisibilidade e de insignificância para quem já está em uma situação vulnerável, que é o desemprego”, diz. Levantamento feito pelo LinkedIn mostra que 62% dos que buscam emprego não receberam resposta de processos seletivos.
Para Brandão, o “ghosting corporativo” não é apenas uma falha de comunicação, é uma forma de desumanização que afeta diretamente a saúde mental. “É como se a pessoa não tivesse existido. Isso corrói a autoestima e alimenta uma espiral de autocrítica.”
Mas a tecnologia não pode ser culpada, argumenta Paula Esteves, CEO da Cia de Talentos, maior consultoria de educação para a carreira na América Latina. “Quando o processo é bem estruturado o suficiente para aplicar diversos testes e entrevistas, também deveria ser capaz de devolver algo ao candidato. Mesmo um ‘não’ pode ser mais saudável do que o silêncio”, afirma.
Não receber resposta depois de tantas etapas não é apenas frustrante. É desrespeitoso. “A pessoa investe tempo, energia, expectativa. Muitas vezes não tem nem um ‘obrigado por participar’”, diz Paula. É a receita para o esgotamento: muita energia para pouco retorno.
CURRÍCULO NO ESCURO
A recolocação no mercado de trabalho leva de oito meses a um ano e meio, estima a CEO da Cia de Talentos. Um tempo nada desprezível para manter a sanidade emocional. “A seleção já é um processo difícil e desconfortável para todos os lados. Se o processo é menos humanizado, menos robusto, causa desgaste”, diz Paula.
A concorrência também preocupa. Plataformas de recrutamento online recebem, em média, 790 candidaturas por vaga em empresas com mais de cinco mil funcionários. Em empresas menores, a média é de cerca de 280 candidatos por vaga.
Segundo levantamento do LinkedIn, 72% dos profissionais de RH percebem que o mercado está mais desafiador e competitivo. O que se reflete em vagas mais criteriosas e cria um ruído: 40% dos profissionais acreditam que os requisitos anunciados pelas empresas costumam ser “irreais” para as vagas oferecidas.
A complexidade só aumenta quando as ATSs entram no cálculo. Aqueles que procuram emprego não precisam se preocupar só com a boa impressão que precisam causar nos gestores ou na empresa. Também se preocupam com o algoritmo.
“Você deve usar as palavras certas para que o robozinho te ache”, diz Deives Rezende Filho, CEO da Conduru Consultoria, especializada em implementação de programas de ética, diversidade e governança corporativa.
Não é para menos: três em cada cinco profissionais em busca de recolocação estão usando inteligência artificial para mudar o currículo, de acordo com levantamento da Capterra. Cerca de 80% admitem que a IA, inclusive, melhora atributos e qualidades descritas. Em quase 20% dos casos, a razão é para tornar o currículo atraente para as plataformas de recrutamento.
Assuntos como search engine optimization (SEO) – sistema de otimização de mecanismos de buscas usado por quem cria conteúdo – entraram nos conhecimentos necessários para enviar o currículo.
Há discussões sobre quais palavras chamam mais atenção. Nas redes sociais, multiplicam-se os conselhos de como se dar bem nas plataformas. “A pessoa se prepara para o robô, não para a vaga”, diz Rezende Filho.
VAZIO POR DENTRO
A pressão para quem está desempregado também vem das redes sociais. No ano passado, houve uma discussão sobre o selo “open to work” no perfil do LinkedIn. Há aqueles que acreditam que o selo é um aviso para recrutadores. Outros que o veem como uma fraqueza, uma admissão de derrota.
Há múltiplos relatos no LinkedIn que contam experiências devastadoras de pessoas que estão se sentido vazias por dentro e sem propósito devido à procura incessante por uma vaga que nunca chega.
O desemprego prolongado não afeta apenas a rotina ou o bolso. Ele desestrutura o modo como a pessoa se percebe e se posiciona no mundo. “Quando a gente perde o crachá, perde também o pertencimento”, diz Ariana Fidelis. A quebra de vínculo com o ambiente profissional pode gerar não só angústia, mas uma sensação real de desconfiguração da identidade.
Muita gente enfrenta esse período sem suporte emocional A rede de apoio se afasta, os convites diminuem, o ciclo de relações encolhe. “É comum que amigos parem de chamar para sair ou interagir com medo de constranger, ou por não saber o que dizer. O problema é que esse afastamento aprofunda ainda mais o sentimento de exclusão e de fracasso”, explica Ariana.
Tudo isso fragiliza ainda mais, tornando a angústia e a exaustão gigantes. De acordo com o Icasm, quase um terço dos trabalhadores desempregados afirmaram pensar em se ferir ou morrer. Está na hora de incluir escuta nos processos seletivos – mesmo os automatizados.