Nos artigos que publicamos hoje você vai ler uma curadoria especial sobre SXSW 2025: Tendências em Tecnologia e Inovação, SXSW 2025, um guia de sobrevivência: IA, psicodelia e a deep tech além do hype, Mastercard no SXSW: futuro dos pagamentos e experiência, como fica o SXSW sem o Austin Convention Center, SXSW 2025: os sete segredos de Rohit Bhargava e a essência do marketing e lá se vai o SXSW 2025.
SXSW 2025: Tendências em Tecnologia e Inovação
Por Caroline Jurdi
O South by Southwest (SXSW) é um dos maiores e mais influentes eventos globais, reunindo pensadores, criadores e líderes de diversas áreas para discutir tendências que moldam a cultura, a tecnologia e os negócios. Este ano, o SXSW enfatizou que o futuro não está apenas na tecnologia, mas na capacidade das marcas de integrá-la às necessidades humanas. Adaptar-se rapidamente às inovações tecnológicas se tornou essencial, destacando a importância da conexão humana.
Realizado em Austin (EUA), o SXSW destacou a importância de equilibrar avanços tecnológicos com conexões humanas. Durante os dias de imersão, Caroline Jurdi – CEO da CJ Hub, agência de comunicação focada em marketing como serviço – acompanhou discussões sobre temas como transformação digital no ambiente de trabalho, autenticidade de marca e expectativas da Geração Z.
O SXSW 2025 trouxe debates essenciais sobre as transformações que estão moldando o futuro do trabalho, das marcas e da sociedade, com foco especial nas interações das gerações com as novas tecnologias. Uma das tendências mais discutidas foi a transformação digital no ambiente de trabalho, com a Inteligência Artificial (IA) sendo vista como uma aliada para a criatividade e colaboração. A tecnologia, antes considerada apenas uma ferramenta para eficiência, agora é reconhecida como uma ponte que oferece mais tempo para o que realmente importa: conectar pessoas.
Outro tema central do evento foi a crescente importância da autenticidade nas marcas. As gerações mais jovens estão procurando empresas que causem um impacto genuíno nas comunidades que atendem, com foco em questões como sustentabilidade e responsabilidade social. A pressão para criar experiências verdadeiramente imersivas também se intensificou, com as marcas precisando ir além do discurso e entregar mudanças reais.
O comportamento de diferentes gerações também foi um tema recorrente, com a Geração Z se destacando como um dos grupos mais discutidos. As expectativas dessa geração de estabilidade, aprendizado contínuo e benefícios estão moldando a maneira como as marcas recrutam e se conectam com seus públicos. Em vez de comunicação superficial, a Geração Z exige autenticidade, transparência e empatia das marcas. O futuro das experiências de marca também foi destacado, com ênfase crescente na criação de momentos memoráveis que toquem não apenas a mente, mas também o coração dos consumidores. O SXSW 2025 deixou claro que a memória, seja explícita, implícita ou sensorial, desempenha um papel crucial em como as pessoas se conectam com as marcas, e que as empresas mais bem-sucedidas serão aquelas que conseguirem ir além da transação comercial, criando experiências inesquecíveis.
O evento também destacou a importância da construção de comunidades como o verdadeiro centro de conexões. As marcas estão aprendendo que a verdadeira revolução não vem de mudanças radicais, mas da forma como nos conectamos uns com os outros. O foco agora é fortalecer relacionamentos autênticos e profundos com os públicos, atendendo às suas reais necessidades e criando lealdade e fidelidade não apenas por meio de produtos ou serviços, mas sendo uma parte autêntica da jornada das pessoas. As marcas que se destacarão nesse novo cenário serão aquelas que entenderem que, mais do que inovações tecnológicas, o que realmente importa é construir comunidades fortes e conectadas.
O SXSW 2025 foi um lembrete claro de que o futuro não está apenas nas inovações tecnológicas, mas na maneira como as pessoas se conectam entre si e com as marcas que escolhem apoiar. As marcas precisam evoluir tão rápido quanto a tecnologia, mas manter o foco no que realmente importa: as pessoas e suas necessidades.
Sobre a marca CJ HUB
A CJ Hub é uma boutique de marketing especializada em conectar marcas com a Geração Z e transformar ideias em experiências. Com uma abordagem estratégica e criativa, é especialista em construir marcas que se destacam, gerando conexão e relevância em um mercado em constante evolução. O diferencial da agência está em unir autenticidade, inovação e resultados, ajudando as marcas a falarem mais alto e causarem impacto com personalidade. Com o lema “Be Extraordinary”, entregam estratégias personalizadas que transformam o ordinário em extraordinário, sempre com foco em criar fãs e fortalecer a presença dos clientes.
SXSW 2025, um guia de sobrevivência: IA, psicodelia e a deep tech além do hype
Por Diego Aristides
Deep tech sobre inteligência artificial (IA), robôs-humanoides, psicodelia, biotecnologia e computação quântica. Em primeiro momento, uma série de buzzwords e palavrões, mas que conversam com o que gosto de acreditar que seja um momento em que estamos vivendo.
Gosto muito de dizer que neste momento a tecnologia vai impulsionar as capacidades humanas. Estamos explorando, entendendo e expandindo o que significa ser inteligente, seja no nível biológico, artificial ou híbrido.
Essa conexão, que já é uma realidade, com certeza deverá aparecer com força no SXSW 2025, que começa nesta sexta-feira (7). A caminho de Austin, no estado americano do Texas, recebi o convite do Seu Dinheiro para levantar os principais temas e debates em discussão neste, que é positivamente um dos encontros mais importantes de criatividade e tendências do mundo.
Embora muitos ainda confundam deep tech com “tecnologia futurista”, a verdade é que essas inovações já estão resolvendo problemas profundos e impactando setores como saúde e a crise climática.
No SXSW 2025, vamos ver como essas tecnologias vão além de uma promessa distante e representam soluções reais, fundamentadas em pesquisa científica avançada, que já estão moldando o presente. A grande sacada é separar o que é buzzword do que é tecnologia de base, com pesquisa científica por trás.
Se 2024 já foi um ano de extremos (clima, IA, política, guerras, saúde global), 2025 promete consolidar o deep tech como peça-chave para resolver essas crises. Ou seja, não é mais sobre criar tecnologias incríveis, é sobre resolver problemas existenciais. Inovação com resultado real.
Minhas dicas para quem vai ao evento são: procure keynotes de futurologistas e trend forecasters, pois eles costumam lançar as apostas de inovação do ano. Mas também reserve tempo de qualidade para buscar palestras que você só encontraria por lá. Em 2024, tive a oportunidade de ouvir um PhD da Universidade do Texas falando sobre computação quântica, além de uma cientista incrível discutindo o impacto dos alimentos ultraprocessados no organismo e na tomada de decisões.
O SXSW 2025 estará repleto de palestras inspiradoras e inovadoras com personalidades como Rohit Bhargava, Amy Weeb, Ian Beacraft e Neil Redding. No campo da computação quântica, vale ficar de olho em sessões como “Preparing for a Quantum Leap” e a “Featured Session: Quantum Computing—The What, Why, and When”.
No primeiro, “Preparando-se para um Salto Quântico”, será discutido como a tecnologia quântica, ainda em grande parte em fase experimental, detém um potencial transformador em diversos setores. O foco principal, no entanto, permanece em tornar os sistemas quânticos operacionais e práticos.
Já na “Sessão em Destaque: Computação Quântica — O Quê, Por Que e Quando”, os participantes serão convidados a um bate-papo sobre as questões sobre essa tecnologia frequentemente mal compreendida. Desde como avaliar verdadeiras inovações até aplicações práticas, preocupações com criptografia e até reflexões sobre o multiverso, a sessão promete uma conversa real e envolvente sobre o presente e o futuro da computação quântica.
Outro ponto importante é conectar o seu negócio ao ecossistema e fugir um pouco dos temas tradicionais. A minha aposta é sempre olhar para o que pode agregar ou transformar o negócio em que estou inserido, pensando em escala conjunta e inovações em jornadas.
Aproveite para se conectar com as pessoas. Lá, todos estarão com tempo protegido. Uma agenda que talvez demoraria 3 semanas para ser agendada aqui no Brasil pode acontecer de forma mais leve e muito mais produtiva por lá.
Abaixo listo outros temas três temas que devem movimentar o SXSW 2025:
Conexão humana no centro da inovação
No painel “Harmonious AI: Bridging Human Intuition and AI”, Leonardo Giusti, cofundador e chefe de design da Archetype AI, vai explorar uma das questões que mais me cativam: como a IA pode se integrar de forma natural e relevante ao nosso cotidiano.
Essa sessão promete desafiar o status quo das interações com a inteligência artificial. Em vez de chatbots tradicionais, a proposta é integrar a inteligência artificial aos objetos que usamos no dia a dia para ampliar nossa própria inteligência e tornar a experiência humana o elemento central da tecnologia.
Não se trata apenas de criar ferramentas úteis, mas de redesenhar nossa relação com os recursos disponíveis.
A conexão humana também será o ponto de partida da sessão “Emotive Futures: A Dive Into the UX of Emotional AI”. À medida que a tecnologia avança, as fronteiras entre público, criador e máquina se tornam cada vez mais fluidas.
Este debate abordará como a IA, sistemas de feedback emocional e narrativas generativas transformam experiências interativas, desde assistentes virtuais que amplificam vozes diversas até histórias moldadas por dados emocionais em tempo real. Sairei de lá, espero, com um roteiro prático para criar experiências que ressoam emocionalmente e reforçam a conexão humana.
Psicodelia e tecnologia vão além do imaginário cultural
Quando penso em psicodelia, não a vejo apenas como um movimento cultural ou um estilo de vida. Para mim, é a neurociência avançada investigando como substâncias alteram a percepção e reconfiguram circuitos cerebrais. É a biotecnologia criando novas moléculas e psicofármacos de última geração, e a conexão direta entre química cerebral e tecnologias de interface cérebro-máquina. A psicodelia não faz parte apenas de deep tech, ela expande os limites do que chamamos de inovação profunda.
No painel “Psychedelics, Design & Innovating for Regenerative Futures”, especialistas discutirão como os psicodélicos podem apoiar o design sustentável e contribuir para futuros regenerativos.
As experiências psicodélicas podem ampliar a criatividade e as habilidades de resolução de problemas. Essa discussão vai além da ciência e do design, ela conecta a pesquisa psicodélica com a inovação de uma forma que pode nos ajudar a enfrentar questões globais urgentes.
Para mim, o potencial transformador dos psicodélicos está no repensar como criamos, como inovamos e como nos relacionamos com o planeta e uns com os outros.
Esse painel promete ser um daqueles momentos que nos fazem questionar e imaginar um futuro onde a tecnologia, a natureza e a experiência humana coexistem de forma mais harmoniosa. E não vejo hora melhor para essa conversa do que agora.
Convergência da deep tech: IA, neurociência e além
Todas as áreas de deep tech lidam com a mesma essência: a mente e a inteligência — seja humana ou artificial. E o futuro é a convergência. IA, neurociência, psicodelia e robótica não são trilhas separadas, elas formam um novo ecossistema de inovação profunda. O SXSW, com sua capacidade de reunir diversas tribos, se destaca por ser o evento ideal para conectar essas diferentes vertentes e explorar as possibilidades que surgem da interseção entre elas.
E é cada vez mais necessário conectar deep tech a outras áreas, como o design. Em Austin, será possível capturar uma infinidade de conteúdos que ilustram como essas áreas se entrelaçam e se complementam.
No painel “Beyond Human-Centered: A New Experience Design Framework”, Malcolm Che discutirá como o Human-Centered Design (HCD) se mostra insuficiente em uma era dominada por IA, realidade estendida (XR) e agentes autônomos.
O design de experiência, tanto no mundo físico (IRL) quanto no digital (URL), é inerentemente participativo, mas hierarquias estabelecidas ainda impõem relações de poder, como no caso de chatbots frequentemente vistos como mais “úteis” do que “humanos medianos”.
A ideia é propor uma abordagem de design mais inclusiva e sustentável. Essa estrutura considera todas as “coisas” — humanas e não humanas — para remodelar o pensamento de design e criar um futuro mais interconectado e equilibrado.
Mastercard no SXSW: futuro dos pagamentos e experiência
Por Taís Farias
O SXSW chega ao seu penúltimo dia de evento com uma programação que já apresentou mais de 1590 sessões. Em sua primeira passagem pelo festival, Taciana Lopes, vice-presidente de marketing e comunicações para o Brasil da Mastercard descreve sua experiência como intensa e repleta de provocações.
A executiva assumiu a liderança do marketing da empresa de meios de pagamento em abril do ano passado, após cinco anos e meio como head de marketing para o WhatsApp na América Latina. Em entrevista ao Meio & Mensagem, ela divide os desafios e oportunidades do mercado de pagamentos no Brasil e como Mastercard está se preparando para as transformações promovidas pela inteligência artificial. Confira:
Meio & Mensagem — Essa é a sua primeira vez no evento. Qual sua análise até agora? Quais foram os destaques da programação para você?
Taciana Lopes — A palavra que eu tenho usado para descrever como tem sido a minha experiência é avassaladora. É uma avalanche de informação, de provocações, de reflexões e também de vida social, de conteúdo artístico. São vários festivais diferentes, várias possibilidades dentro dos festivais e isso é bastante intenso. Certamente muito positivo, mas também bastante intenso. Se eu tivesse que destacar duas sessões, que foram marcantes para mim, eu adoro o Scott Galloway. A primeira sessão dele, de previsões, foi maravilhosa. Eu admiro a habilidade dele em fazer as pessoas ficarem desconfortáveis. É desconfortável não de um jeito desrespeitoso, mas provocador. Isso tem muito valor. A outra sessão que eu destacaria, foi uma daquelas coisas de SXSW que você acaba não se planejando, mas quase por acaso entra em uma sessão e ela é maravilhosa. Eu tive uma nesse estilo, com uma empresa chamada The Taboo Group. Era “Boas razões para quebrar regras ruins” e ele questionava muito alguns dogmas da publicidade. A apresentação, em si, foi bastante engajadora. Mas foram várias provocações que me fizeram refletir bastante. Uma delas dizia: se ninguém odiou sua campanha, provavelmente, ninguém amou. A chance de ninguém ter amado é bastante grande também. E, como temos tanto medo de alguma coisa dar errado ou de desagradar com as nossas campanhas, a maioria das marcas acaba caindo no que eles chamaram de Vanilla Valley, o vale da baunilha, que fica ali todo mundo meio com gosto insosso.
M&M — Hoje, quais são os principais desafios do mercado de pagamentos no Brasil e como eles se conectam com o que tem sido discutido no SXSW?
Taciana — O mercado de pagamentos no Brasil tem avançado muito rapidamente, com a digitalização, o crescimento do e-commerce e a ascensão de novas formas de pagamento como carteiras digitais e pagamentos por aproximação. Essa transformação foi acontecendo ao longo dos últimos anos e a Mastercard se posicionou de maneira bastante positiva. Há oito anos, a Mastercard lidera com uma certa folga o mercado brasileiro de pagamentos, mas, claro, por mais que tenhamos feito um bom trabalho em capitanear essa transformação da indústria, ela segue sendo um desafio, especialmente porque a velocidade dessa transformação é cada vez maior. Se eu tivesse que apontar um desafio, que é inerente à nossa indústria, é como trazemos uma experiência de usuário melhor para o cliente. Nesse mundo tão digital, tão rápido, de one click shop, essas experiências digitais que trazem cada vez menos fricção, como os pagamentos, também acompanham e puxam a transformação, mas mantendo a segurança de sempre. Quando pensamos em experiência do usuário, tem sempre essa dicotomia entre querer que a experiência seja a mais segura possível, mas que ela tenha a menor fricção possível.
M&M — Com tantas tendências emergentes em marketing e tecnologia discutidas no SXSW, como a Mastercard está se preparando para as mudanças no comportamento do consumidor e no marketing?
Taciana — Quando pensamos nos principais temas discutidos no SXSW, é inevitável falar de inteligência artificial. Este vem sendo o principal tema já há alguns anos, ainda que com diferentes abordagens. A Mastercard já usa a inteligência artificial, na verdade, há mais de duas décadas pensando em garantir a segurança. Quantos o sistema da Mastercard tem que cruzar para garantir a segurança e a autenticidade dessas transações, então, isso já é feito e vem sendo constantemente aprimorado. Temos sempre que controlar, garantir que experiência do usuário e segurança caminhem de mãos dadas. Mas quando pensamos especificamente no marketing isso reflete muito em personalização. Essa melhor experiência tem muito a ver com menos fricção. Mas tem a ver também com uma maior personalização que traz, por consequência, mais relevância. Já é uma realidade. Algo que a gente vem usando e acho que, depois de ver as possibilidades aqui no SXSW, estou muito animada para acelerarmos ainda mais essa transformação.
M&M — Mastercard vem investindo em universos como o dos games e do entretenimento. Temas populares no SXSW. Quais os aprendizados? Como essas discussões podem somar na estratégia de Mastercard?
Taciana — A maneira que a marca Mastercard é construída é com o que chamamos de Passion-Led Marketing. Seria algo como um marketing liderado por paixões ou baseado em paixões. Isso significa que somos obcecados em entender quais são as paixões, os temas de interesse dos nossos consumidores e, a partir disso, oferecer para eles mais desse universo. Aproximá-los dos universos que eles tanto amam. Entretenimento, esportes, games, música, Fórmula 1, futebol. São temas extremamente relevantes e territórios que exploramos de maneira bastante profunda com a nossa marca. E algumas discussões que eu ouvi bastante aqui, no SXSW, que acho que estão bastante alinhadas com a maneira com que pensamos é fazendo com que a própria comunicação ou todos os esforços da marca melhorem a sua experiência com esses territórios, em vez de só ser uma interrupção ou só uma informação. Então, como usamos a nossa marca para não só aproximar as pessoas desses territórios e desses temas que elas amam, mas para trazer uma experiência superior. Como a gente agrega a essa experiência que a pessoa já vive dentro dos seus pontos de paixão, como a marca consegue catalisar e fazer essa experiência ser ainda melhor? Acho que, se eu pudesse sumarizar, é em vez de a marca estar no entretenimento, é a marca ser parte do entretenimento.
M&M — Como a participação de Mastercard no SXSW ajuda a fortalecer sua marca e sua relação com os consumidores, especialmente os mais jovens e conectados?
Taciana — Vejo duas frentes importantes aqui. Uma delas é a discussão sobre creators. Inclusive, desde o ano passado, o SXSW tem uma trilha específica para creators. E algumas das palestras que eu assisti esse ano reforçavam muito esse tema de que creator não pode ser só veículo. Essa não é a maneira certa ou, pelo menos, não a mais eficiente de se fazer parceria com creators. De fato, você tem que trazer ele para dentro da marca. Tem que ser, de fato, uma parceria que as duas partes constroem juntos. Acho que isso é o que já começamos a fazer, mas ouvir esse tema de maneira tão clara aqui me deu mais confiança de que a estamos no caminho certo e um impulso para fazer isso de maneira ainda mais elevada. O segundo ponto, pensando nas gerações mais jovens e conectadas, é sobre como o avanço da tecnologia e a inteligência artificial também estão criando uma epidemia de solidão. E como as pessoas estão cada vez mais ligadas na tela, mas não necessariamente ligadas às outras pessoas. Isso se conecta muito com a essência da marca Mastercard, que é ser sobre experiências. Então a gente preza muito por oferecer experiências únicas para os nossos consumidores. Já criamos algumas delas digitais. Eu acho que o digital sempre tem o seu lugar. Mas, cada vez mais, a gente vem retornando e focando nas experiências. As experiências na vida real, de uma pessoa interagindo com a outra, de ter um momento também ali para sair das telas e se comunicar, se conectar como indivíduos.
Como fica o SXSW sem o Austin Convention Center?
Por Thaís Monteiro
A partir de 2026, as trocas e encontros inusitados proporcionados pelo South by Southwest vão sofrer uma mudança drástica. Logo após a edição deste ano, em abril, o Austin Convention Center, espaço que sedia os principais painéis, exposições e premiações, entrará em reforma pelos próximos quatro anos.
O centro de convenções será demolido para criar um local quase duas vezes maior que o original, mais acessível, flexível, sustentável e mais conectado aos bairros circundantes. O projeto é um investimento de US$ 1,6 bilhões. Os demais hotéis que acolhem o evento ficam em torno do centro de convenções. Já os demais centros de convenções da cidade ficam distantes do local original.
O presidente e chief programming officer do SXSW, Hugh Forrest, não abre os detalhes da preparação, apenas confirma que o evento será muito diferente do usual sem o espaço, mas que sua “ausência” dará à organização mais formas de reinventar a experiência. “A reinvenção massiva é algo que somos muito bons em fazer e porque a reinvenção massiva é o que nossa comunidade ama no SXSW”, diz.
SXSW 2026 terá um dia a menos, informa Hugh Forrest
Com informações dos bastidores, o futurista e CEO da Signal and Cipher, Ian Beacraft prevê que a organização vai tentar criar bolsões de programação que estejam próximos uns aos outros, para que a comunidade ainda possa interagir sem ter que se deslocar pela cidade para que assista o tema que deseja. “Muitas pessoas acham que vai ser um caos total. O South by é sempre um caos. Não há como ser diferente”, brinca.
“Vai ser uma oportunidade para o South by, que já é um evento bem sucedido e incrível, pensar sobre seu futuro”, avalia a também futurista e CEO do Future Today Insitute, Amy Webb.
O futuro do SXSW já se desenha em uma espécie de globalização. Em outubro de 2023, a organização sediou sua primeira edição em Sydney, que reuniu 287 mil visitantes de 41 países. Este ano, o evento realiza a primeira edição do SXSW em Londres, em junho. As ramificações levam para diferentes continentes os mesmos temas e formatos do SXSW em Austin, mas enfatiza aspectos únicos das comunidades criativas locais, diz Hugh Forrest.
O executivo confirma a intenção de expandir ainda mais a quantidade de eventos em diferentes locais. E, embora não confirme, não descarta a vinda ao Brasil: “SXSW ama o Brasil e estamos animados sobre as possibilidades a longo prazo de nossa marca em seu incrível País”.
Para a especialista em relações de trabalho, Amy Gallo, e Ian Beacraft, cada uma dessas edições ainda deve encontrar sua identidade e diferencial em relação ao evento em Austin. Os painelistas e frequentadores imaginam um futuro em que o South by Southwest tenha uma edição em cada continente, criando uma comunidade ativa o ano todo, conforme descreve Amy Webb.
“Deve seguir um modelo distribuído, expandindo sua presença global e tornando-se um ecossistema contínuo de inovação, não apenas um evento anual. O risco é perder um pouco da identidade original e se tornar uma grande feira corporativa. Se a curadoria for bem feita, o evento pode manter sua relevância”, acrescenta o professor e conselheiro de tecnologia Edney Souza, que frequenta o evento desde 2011.
“Se quisermos permanecer relevantes, o SXSW terá que continuar a evoluir no futuro de curto e longo prazo. E também temos que permanecer fiéis à Estrela do Norte, que guiou nosso caminho por mais de 35 anos. Essa Estrela do Norte é o poder da criatividade humana”, declara Forrest.
SXSW 2025: os sete segredos de Rohit Bhargava e a essência do marketing
Por Fábio Rios
Ouvir Rohit Bhargava é sempre uma oportunidade de aprender e pensar o mundo por outros ângulos. Fundador da Non-Obvious Company, ele defende que olhemos de outra forma para as questões da sociedade.
Não foi diferente no palco do SXSW, quando apresentou uma perspectiva inovadora sobre como entender as pessoas e prever o futuro. Fugindo das tendências óbvias, ele compartilhou sete segredos que desafiam o pensamento convencional:
Being uniquely human is the advantage: a vantagem está em ser unicamente humano.
Identity always shapes beliefs: a identidade sempre molda as crenças.
Winners aren’t the same as champions: vencedores não são o mesmo que campeões.
Easy, obvious answers are a distraction: respostas fáceis e óbvias são uma distração.
People & experience should surprise you: pessoas e experiências devem te surpreender.
Meaning comes from intersections: o significado vem das interseções.
Undiscovery can be better than discovery: des-descobrir pode ser melhor que descobrir.
Esses princípios, mais do que simples observações, são um convite para profissionais de marketing relembrarem a sua essência: identificar e satisfazer desejos e necessidades dos seus consumidores melhor do que a concorrência. E, como bem afirmou Clayton Christensen em sua teoria de Jobs to be done, clientes “contratam” produtos e serviços para realizar “trabalhos” específicos em suas vidas.
Em vez de se concentrar em dados demográficos, essa teoria busca entender as motivações profundas por trás das escolhas dos clientes. Ao se perguntar “qual trabalho meu cliente está tentando realizar?”, as marcas podem desenvolver soluções que atendam a necessidades reais e, muitas vezes, não articuladas. Essa abordagem leva a produtos mais inovadores e relevantes, aumentando as chances de sucesso no mercado.
Em outras palavras, a essência do marketing é olhar de fora pra dentro. Cada vez mais, o setor precisa desafiar as empresas a não necessariamente desenhar estratégias para “desovar” aquilo que a organização produz. Ouvir o cliente, entender suas necessidades e então estabelecer um portfólio aderente com seus desejos vai ao encontro de construir uma verdadeira comunidade no entorno da marca. Isso resulta em não querermos clientes e, sim, uma comunidade fiel aos valores de quem os ouve.
É por tudo isto que os sete segredos, que não são óbvios, chamam tanta atenção. Não porque apenas resgata a essência de ouvir os clientes, mas relembra que o bom marketing é aquele que determina e concebe produtos e serviços, que define a distribuição, planeja a estratégia de preços e não apenas comunica seja lá o que for. E como esses sete segredos podem resgatar a essência de como os profissionais de marketing pensam e agem?
Abraçando a humanidade (Segredo 1):
Em um mundo digital, a conexão humana é mais valiosa do que nunca. Os profissionais de marketing devem priorizar a construção de relacionamentos autênticos com seus clientes, demonstrando empatia e compreensão. Isso significa ir além da simples transação e criar experiências que ressoem emocionalmente.
Compreendendo a identidade (Segredo 2):
A personalização vai além de dados demográficos. É preciso entender a identidade profunda de cada cliente, seus valores, paixões e crenças. Isso exige uma pesquisa mais profunda e uma escuta ativa, permitindo que as marcas criem mensagens e campanhas que realmente se conectem.
Valorizando os campeões (Segredo 3):
O marketing de propósito está em ascensão. As marcas que defendem causas sociais e ambientais relevantes, e que inspiram seus clientes a fazerem o mesmo, constroem uma reputação sólida e duradoura. Os profissionais de marketing devem buscar maneiras de transformar suas marcas em verdadeiros “campeões”.
Fugindo do óbvio (Segredo 4):
As soluções mais inovadoras muitas vezes surgem da capacidade de questionar o status quo. Os profissionais de marketing devem desafiar as convenções e buscar novas abordagens para alcançar seus objetivos. Isso significa experimentar, arriscar e estar aberto a novas ideias.
Surpreendendo e encantando (Segredo 5):
Em um mundo saturado de informações, a capacidade de surpreender e encantar é essencial. Os profissionais de marketing devem buscar maneiras de criar experiências memoráveis e inesperadas para seus clientes, seja por meio de conteúdo criativo, eventos inovadores ou interações personalizadas.
Explorando intersecções (Segredo 6):
A inovação floresce na intersecção de ideias e disciplinas diferentes. Os profissionais de marketing devem buscar inspiração em áreas além do marketing tradicional, como arte, ciência e tecnologia. Isso permite que eles criem campanhas e produtos mais inovadores e relevantes.
Des-descobrindo (Segredo 7):
Às vezes, é preciso desaprender para aprender. Os profissionais de marketing devem estar dispostos a questionar as verdades estabelecidas e explorar novas perspectivas. Isso significa repensar as estratégias tradicionais e estar aberto a novas abordagens.
Ao aplicar esses sete segredos, que na prática não têm nada de tão ocultos assim, os profissionais de marketing podem se reinventar, resgatar sua essência e prosperar em um mundo em constante mudança. Exercite essas lições e foque naquilo que foge do óbvio para inovar – seja em uma campanha ou em toda a sociedade.
E lá se vai o SXSW 2025
Por Wlamir Lino via Linkedin
Impressionante como o evento passa tão rápido e é tão intenso, podemos comparar a uma micareta ou um desfile na sapucai.
Acompanhei várias discussões nesses dias, e para mim, ficou claro que a transformação tecnológica não só está acelerando ainda mais, mas está revolucionando TUDO o que conhecemos sobre negócios, sociedade, relações humanas, saúde e o futuro do trabalho. E isso afeta diretamente nossas vidas seja nos negócios ou não. Aqui vão algumas das boas coisas que vi por lá:
➡️ IA e dados dominaram as conversas, com Scott Galloway alertando sobre o poder da Meta em treinar IAs com o maior volume de dados do mundo ocidental. O jogo da inovação já não se trata apenas de tecnologia, mas de quem controla a infraestrutura que a torna possível.
➡️As redes sociais estão em xeque. Ev Williams cofundador do Twitter, foi direto ao ponto: o maior erro das plataformas foi transformar todos em criadores de conteúdo. A nova tendência? Menos ruído, mais conexão real. Sua empresa a Mozi por exemplo, propõe um modelo sem anúncios, focado na interação presencial.
➡️Biotecnologia e realidades imersivas expandem fronteiras. Estamos falando de extinção de espécies, experiências sensoriais digitais e um novo mercado XR (Realidade Estendida) que promete remodelar o entretenimento e a educação – algo que pode ser muito interessante para o setor de publicidade também.
➡️Uma boa provocação foi do Michael C. Bush, CEO do Great Place To Work US: ambientes de trabalho fragmentados pela desconfiança são inimigos da inovação. Empresas que não entenderem isso correm o risco de perder seus melhores talentos.
➡️E diretamente do headquarter da Dell Technologies em Round Rock, Texas ( do ladinho de Austin) tivemos uma manhã toda de imersão sobre como a Dell está acelerando sua inovação através da IA. O que mais me marcou foi quando JuanCarlos (JC) Gama, VP de Marketing Americas disse que IA não uma opção ou uma ferramenta a ser utilizada, é sim uma absoluta necessidade de sobrevivência para qualquer tipo de negócio ( pequeno, médio ou grande), que aliás é mesmo posicionamento do Peter H. Diamandis da Singularity University que foi mais enfático ainda dizendo até o fim dessa década existirão apenas dois tipos de negócios o que usam IA e os que não existem mais.
Nos próximos dias e semanas (até porque é muita informação para digerir) vou trazendo outras impressões, mas já deixo aqui uma provocação: você está preparado para tantas mudanças e em altíssima velocidade?
Para nós, líderes, nossa missão será bancar a inovação necessária para os novos cenários, equilibrando a saúde mental e emocional dos nossos liderados, os motivando, construindo conexões e dando propósito para que possam se desenvolver no seu máximo.
Se você esteve por lá, deixe seu comentário sobre o que mais te chamou a atenção!